Jogo entre candidatos ao título, expulsão, penálti, reviravolta, golos nos últimos minutos. Todos os materiais necessários para fazer um cocktail molotov futebolístico. Por acréscimo, o Palmeiras de Abel Ferreira praticamente colou-se ao Botafogo no primeiro lugar do Brasileirão e, a sete jornadas do fim do campeonato, as equipas estão separadas apenas por três pontos.
Ao intervalo do jogo contra o Botafogo, o Palmeiras, a perder por 3-0, estava praticamente fora da discussão pelo resultado. Na segunda parte, o verdão completou a cambalhota no marcador (3-4) e muito do desempenho épico que os campeões brasileiros realizaram foi da responsabilidade de Abel Ferreira. Pelo menos, é isso que dizem os jogadores.
“Às vezes, cansamo-nos de falar do Abel, mas vamos ter de falar de novo dele”, comentou no final Weverton, guarda-redes do Palmeiras. “Chegámos ao intervalo abatidos, porque não é normal sofrermos três golos numa primeira parte e ele disse-nos ‘tenho a certeza que pior do que isto vocês não vão fazer, por isso já perdemos a primeira parte e agora vamos ganhar a segunda’. Ficámos com isso na cabeça. Nada do que se fez no primeiro tempo era possível mudar, por isso era importante marcar um golo para entrarmos no jogo, para voltar a confiança e para que fosse possível esta reviravolta histórica. Tenho a certeza de que o Botafogo está triste porque perdeu, mas quem veio aqui hoje viu um grande jogo, um grande espetáculo. Vamos sair felizes por vencer, mas foi um grande jogo”.
Weverton foi um dos destaques da segunda parte. O guarda-redes brasileiro defendeu uma grande penalidade cobrada por Tiquinho Soares. Já nessa fase, o Botafogo tinha menos um jogador em campo após Adryelson ter visto cartão vermelho direto. A partir daí, o descalabro da equipa carioca foi total. Endrick e José Manuel López deixaram o jogo empatado e, aos 90+9′, Murilo deu os três pontos à equipa de Abel Ferreira.
“Só há uma equipa no Brasil capaz de fazer o que fizemos aqui, quer gostem ou não, quer a gente ganhe títulos ou não. Só uma equipa é capaz de fazer esse tipo de jogos, que é a nossa”, garantiu Abel Ferreira no final do encontro. “Mais uma vez, essa equipa mostrou a mentalidade que tem, a força que tem e foi uma vitória importante para nós. O objetivo não vai mudar. É um jogo de cada vez e cada jogo jogar para ganhar”.
A expulsão de Adryelson acabou por se revelar decisiva. O dono do Botafogo, John Textor, queixou-se da decisão tomada pelo árbitro com recurso às imagens do VAR. Inicialmente, o defesa não tinha sido castigado com qualquer cartão, sendo que, posteriormente, o juiz do encontro decidiu mostrar vermelho direto ao jogador de 25 anos. “O mundo inteiro viu, aquilo não foi vermelho, ele chega à bola primeiro. Nem tenho certeza se foi falta. E não é vermelho, o árbitro mudou o jogo. Isto é corrupção, é um roubo. Podes multar-me Ednaldo [Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol], mas precisas de renunciar amanhã de manhã. Este campeonato tornou-se uma piada. Ninguém merece isto. Os jogadores do Palmeiras não querem ganhar assim, nós não queremos perder assim”, disse visivelmente irritado o empresário norte-americano.
Neste momento, o Botafogo, que venceu apenas dois dos últimos nove jogos do campeonato continua na liderança do Brasileirão com 59 pontos e um jogo a menos em relação ao rival. A chegada de Lúcio Flávio ao comando técnico não levou a uma sequência de resultados positivos. O treinador brasileiro rendeu Bruno Lage que foi despedido no início de outubro. Luís Castro, atualmente no Al Nassr, foi o técnico que começou a temporada, saindo para a Arábia Saudita numa altura em que a equipa tinha perdido pontos apenas em duas ocasiões.
Por sua vez, o Palmeiras tem 56 pontos e avançou para a quarta vitória consecutiva no campeonato. “O Botafogo tinha tudo para ser campeão e é a única equipa que só depende se si para ser campeã. Portanto, tem essa vantagem e isso não se vai alterar. Nós vamos procurar fazer os nossos jogos. Temos jogos difíceis, quem conhece o Brasileirão, como eu agora conheço, sabe”, constatou Abel Ferreira.