“Não há nada de especial em mim. Não mereço a atenção que tenho. A minha mãe é professora, tem um trabalho que realmente muda o mundo, que é muito importante. Mas é mal paga. Por alguma razão, o que sou boa a fazer é a usar roupas de outras pessoas e dizer palavras que foram escritas por outros”. Foi o mediatismo que conquistou ao longo da sua carreira enquanto atriz que levou Sarah Wayne Callies a aliar-se ao International Rescue Committe para utilizar a sua influência para colocar o “foco” noutras pessoas, nomeadamente nos refugiados.

Quando conheceu a organização não governamental, a atriz, que é reconhecida principalmente pelo seu papel na série Prison Break (era Sara Tancredi, a médica que namorava com o protagonista), percebeu que “queria fazer parte da solução, de mostrar às pessoas o que está para vir e agir [para ajudar] os que mais precisam”. Afinal, “esta é a organização que chega primeiro” e a que “fica mais tempo” nas piores crises humanitárias para ajudar as pessoas a reconstruirem as suas vidas.

Com a profissão vem a facilidade do choro. “Faz parte do pacote”, foi o que afirmou quando se emocionou, no palco principal da Web Summit, ao contar uma história que a marcou ao longo do trabalho de campo que tem desenvolvido enquanto embaixadora do International Rescue Committe. “Estava com um grupo de mulheres refugiadas na Jordânia”, numa vila pequena. “Um dia, um grupo de soldados veio e levou os [seus] filhos em duas carrinhas”. Uma semana depois, as crianças regressaram também em duas carrinhas: “uma com as cabeças e outra com os corpos”.

Nós conseguimos fazer melhor do que isto. Nós podemos apoiar-nos, conseguimos resolver isto. Acho que temos de o fazer”, afirmou Sarah Wayne Callies, acrescentando que a mensagem que queria passar é que existem “soluções” e que é preciso evitar que se ouçam “histórias como esta novamente”.

“As soluções estão aqui, estão nesta sala, no dinheiro que existe nesta sala, na vontade desta sala, na forma como falamos uns com os outros sobre refugiados. Eu quero-os aqui, quero que sejam meus vizinhos”, continuou, após ter partilhado que o seu avô era refugiado e que, em criança, vendia maçãs nas ruas de Nova Iorque. “Quando morreu, administrava o estúdio de dança do Fred Astaire em Chicago. Pagou impostos e deu mais ao sistema do que tirou”, disse, para exemplificar que os refugiados, quando têm autorização para trabalhar, ajudam a impulsionar a economia.

Ao longo de cerca de 20 minutos, Sarah Wayne Callies teve ainda tempo para falar sobre a importância de o International Rescue Committe conseguir angariar fundos. Uma ideia que foi seguida por Morena Baccarin, também atriz e também embaixadora da organização, que — no mesmo painel na Web Summit — contou que emigrou em criança (do Brasil para os EUA) após o seu pai ter sido transferido devido ao seu emprego. “Tínhamos vistos, fui logo para a escola”, mesmo assim a experiência foi “difícil”, por isso, tenta garantir que os refugiados têm algum apoio para tornar as suas vidas mais fáceis.

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