Não foi propriamente algo que mudasse de um dia para o outro mas sim um paradigma que foi mudando ou pelo menos ganhando outra versão ao longo do tempo. Ao longo de mais de quatro décadas, Pinto da Costa foi rei e senhor de forma praticamente unânime do universo FC Porto, com um currículo desportivo que mais não era do que um cartão de visita para que nada nem ninguém colocasse em causa a sua liderança. Durante 40 anos, o número 1 dos dragões conheceu oito presidentes do Benfica e 12 presidentes do Sporting mas nem essas viragens impediram não só que reduzisse por completo o “fosso” que existia em termos nacionais como fosse ainda conquistar sete títulos internacionais como mais nenhum clube português ostenta. No entanto, o cenário foi sofrendo alterações visíveis que ficaram agora patentes a partir de uma Assembleia Geral.

A reunião magna mais tensa desde o célebre Verão Quente quando Pinto da Costa não era ainda líder dos azuis e brancos ficou marcada pelas agressões físicas e verbais dentro de um contexto de intimidação que já tinha começado ainda antes do início do encontro. Ainda assim, e para quem esteve presente, sobrou essa certeza de que eram muitos os associados descontentes com a atual situação do FC Porto. Até podiam estar do lado do atual presidente mas, fosse pela questão das alterações estatutárias, pelas contas da SAD ou pelos prémios para a administração, já não olhavam para a realidade da mesma forma magnânima de outros tempos. Foi isso também que se sentiu no último Conselho Superior, órgão consultivo que reuniu no final da semana passada e que ficou marcado por alguns episódios como o descontentamento de Lourenço Pinto pelas fugas de informação e pela leitura do comunicado na sala quando o mesmo já era público.

A isso juntou-se ainda o aparecimento de uma figura como André Villas-Boas, que se foi preparando com o tempo para assumir uma candidatura com ou sem Pinto da Costa para algo que considera estar destinado no seu caminho: liderar o FC Porto. Aliás, o aparecimento do antigo treinador campeões pelos azuis e brancos num contexto preparado e com uma série de apoios ainda não tornados públicos levou a que tudo começasse a ser analisado de uma outra forma depois de mais uma vitória retumbante de Pinto da Costa nas eleições de 2020 com quase 70% dos votos. É fazer as contas: se José Fernando Rio e Nuno Lobo conseguiram juntos um total acima de 30% e se o contexto fez com que se levantassem dúvidas em relação ao rumo traçado sobretudo no plano financeiro (com os capitais próprios negativos do grupo FC Porto a passar de 61,4 para 191,5 milhões em cinco anos), abriam-se condições para um sufrágio sem vencedor antecipado.

Era sobre tudo isto e muito mais que Pinto da Costa iria agora pronunciar-se, numa rara entrevista à SIC e à SIC Notícias entre o turbilhão de acontecimentos que foram marcando o clube depois da paragem para os compromissos das seleções no seguimento da vitória dos portistas em Guimarães para o Campeonato que permitiu reduzir a diferença para o primeiro lugar de Benfica e Sporting para apenas três pontos. “O sucesso da atividade do FC Porto enquanto clube mede-se em títulos. 2022/23 foi uma época marcada por um grande enriquecimento do nosso Museu, onde foram depositados inúmeros troféus nacionais e internacionais das mais diversas modalidades. Podemos por isso chegar a esta altura com a convicção de que o FC Porto é hoje um clube maior do que há um ano”, defendeu no recente Relatório e Contas do grupo relativo a 2022/23.

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“Não tenho o poder de separar as pessoas quando entram em zaragatas, não sou segurança”

“O que tenho a dizer sobre a Assembleia Geral? Que foi um momento desagradável, muito mau mesmo e já tomámos todas as providências para não voltar a repetir-se. Decorrem dois inquéritos, um nosso através do Conselho Fiscal e outro do Ministério Público para apurar os responsáveis ou os mais responsáveis e temos de aguardar calmamente. Não posso dizer quem são os responsáveis porque estaria a antecipar-me aos dois inquéritos mas através das redes sociais houve incitamento a que as pessoas viessem em grupo, que se pusessem nos cantos, que filmasse tudo o que pudessem… Não compreendi a intenção. Lá dentro começou tudo tranquilamente. Havia gente a mais, tínhamos o plano A, B e C, que apareceu na altura. Foi um número anormal e fomos para o Pavilhão que era a última hipótese. Fui a primeira pessoa a falar, não falei muito, mas fui ouvido com atenção, depois Miguel Brás da Cunha, depois Hugo Nunes e quando veio o associado seguinte é que começaram os tumultos”, começou por dizer na entrevista à SIC no Dragão.

“Tudo o que podia fazer para ser tudo tranquilo, fiz. Expliquei que não tinha nada a ver com as propostas, que foi o Conselho Superior é que quis propor, que decidi abster-me aí e que ia votar contra os pontos que poderiam ser mais complicados. Eu disse que ia votar contra e não estava de acordo. O Conselho Superior é que foi encarregue disso, competia que fossem eles a fazer a proposta de alteração dos estatutos. Não fiquei nesse grupo, a única questão que coloquei é que deviam estar elementos das três listas nesse grupo. Eles apresentaram o seu trabalho, abstive-me porque não estava de acordo com algumas coisas e disse a minha posição, apelando a que todos votassem contra esses artigos. Calma? Não me competia a mim, o presidente da Assembleia Geral é que dirige os trabalhos. Não tenho o poder de separar as pessoas quando entram em zaragatas, não sou segurança. O que disse é que, para mim, devia terminar ali”, adiantou.

“Não sei se há identificados, o pedido foi feito ao Conselho Fiscal e creio que vai ter contactos com o próprio Ministério Público. A única pessoa que consegui identificar foi um Henrique que foi falar e até é meu amigo, do resto não conhecia as pessoas das que vi envolvidas. Espero que nas imagens se consigam apurar. Se foi instaurado algum inquérito? Mas a quem? Ainda não passou um mês, o FC Porto está a fazer um inquérito para apurar quem foi. Antes, não posso fazer nada… Punição? Olhe, não lhe posso dizer, podia dizer uma asneira porque não sei o que está previsto… Qualquer crítica que tenha a fazer não vinha para aqui fazer em termos públicos. A Mesa abriu a Assembleia, falei tranquilamente sem ser interrompido, disse que votarem contra três artigos, só quando veio esse associado, o Henrique, que até é meu amigo, começaram os problemas quando ia para o lugar… Foi uma noite má, sempre que o FC Porto perde também é uma noite má… Já vi muitas coisas em Assembleias Gerais, ainda sem ser dirigente porque desde os 16 anos que não perco uma Assembleia Geral”, continuou, naquela que foi uma das primeiras “farpas”.

“Houve uma coisa que me desgostou muito. Nos clubes, nas nossas casas, partidos, empresas, há problemas. Há Assembleias com grandes conflitos. O que me desgostou foi ver sócios contra sócios e ver sócios num problema interno entre sócios passaram para fora, para as televisões, fazendo daquilo uma vitória sem que se percebesse porquê. O FC Porto perdeu, foi uma noite má para toda a gente do FC Porto… Isso é para criticar e censurar, não é pôr cá fora para que os nossos inimigos façam daquilo uma bandeira nacional. Divisão? Não vejo nenhuma divisão, as alterações aos Estatutos não justificavam tanto alarido, o presidente da Direção assumiu que estava contra alguns pontos, não percebo o porquê dos desacatos… Foi uma tristeza para toda a gente do FC Porto e uma alegria para muitos, nas televisões foi um forrobodó Vi nas redes sociais apelos para virem em grupo, ao que parece de um nome que é falso afinal, não sei, não julgo intenções. Repare: se na SIC houver um problema, o mau é filmar e passar para a concorrência”, apontou.

“Já vi desacatos em muitos outros estádios de gente do mesmo clube mas o que lamento é que uma coisa que devia ficar no meio de nós, criticar, julgar e tomar medidas, que tenha sido mandado para fora. As medidas não vão ser porque televisões passam a toda a hora, se não for isso passam outras coisas a dizer mal de nós. Polícia? A polícia estava à porta… Interior? Quem adivinha? Penso que se polícia estivesse lá teria poderia ter evitado mas parece que andou tudo aos tiros… Não foi ninguém para o hospital, se calhar se a polícia entrasse poderia ser pior, sei lá. Sempre que vejo a polícia a entrar num estádio para cumprir a sua missão leva logo assobiadela, nunca viu isso? Não posso garantir que não volte a acontecer, isso ninguém pode, mas estamos a tomar medidas para que dificilmente possa voltar a acontecer, isso sim”, destacou.

“Houve três pontos de que discordei. Um era a marcação das eleições. Estava em abril nos atuais estatutos, acrescentou a Comissão que podiam ser até junho. Não era dizer que eram em junho, podia ser até junho. Votei contra e garanti, porque tinha a garantia do presidente da Mesa da Assembleia Geral, que as eleições próximas, comigo a presidente, seriam em abril nem que a Assembleia Geral aprovasse até junho. Para mim ser em abril, maio ou março era igual mas entendi, para que não houvesse quem pensasse que havia alguma intenção por trás que desconheço, tive o cuidado de dizer ao presidente da Mesa da Assembleia Geral que ia votar contra e se ele tomava o compromisso de marcar para abril. E ele marcou”, referiu.

“Também votei contra o ponto sobre os negócios com familiares. Chegou ao Conselho Superior porque foi intenção do Conselho Superior, foi aprovado no Conselho Superior. Não é a minha Direção que lá está. Estão algumas pessoas dos órgãos sociais, inclusive do anterior e os que foram eleitos em três listas. Uma das pessoas que teve mais participações, até pela sua capacidade intelectual e disponibilidade, foi Miguel Brás da Cunha, que foi eleito numa lista contrária à minha. Voto contra porque entendo que não deve haver isso. Em Portugal suspeita-se de tudo, a esta hora já devem estar a dizer que nós combinamos esta entrevista. Já ouvi na televisão um senhor com responsabilidade dizer que eu só falava para o Porto Canal porque eram entrevistas combinadas. Não há dúvidas a partir de agora, pois não?”, questionou.

“Casas do FC Porto, problemas? Não se passa nada. Uma das alterações era os sócios poderem votar nas Casas do FC Porto. Não faz sentido indivíduos do Algarve que, para votar, tenham que vir ao Porto quando temos várias casas no Algarve. Em todas as que ele referiu está correto, não têm espaço físico. Numa aldeia pequena, não há sede. A sede é em casa do presidente ou de um dos membros. Quando a Comissão propôs o voto nas Casas não era nessas. Era poder votar em Lisboa, um sítio de voto no Algarve”, esclareceu. “Uma guarda pretoriana? Não faço ideia, o que existe no FC Porto é uma claque que tem os mesmos comportamentos de quando o André Villas-Boas era treinador do FC Porto. Quando acabam os jogos, os treinadores e jogadores vão cumprimentar a claque no fim dos jogos. Então nessa altura não era guarda pretoriana? Tem-se atacado os Super Dragões… Fora dos jogos são como os outros”, adiantou.

“André Villas-Boas? Mágoa não vou dizer… Fico admirado e surpreendido”

“Fernando Madureira? Sou amigo de quem sou, sei com quem conto. Não tenho amizade especial com Fernando Madureira, não é meu amigo, não é meu parceiro de todos os dias. Tenho boa relação e admiro-o, porque se formou, fez o seu curso… O relacionamento entre a minha Direção e qualquer direção com uma claque é o normal. Em primeiro lugar, nos jogos fora do FC Porto, se não fosse a claque, estávamos sempre a jogar sozinhos contra o resto. Mas algum associado foi intimidado nos jogos do FC Porto? Não conheço nenhum que se tenha queixado… O que lhe posso garantir é que até este momento, em todas as visões dos acontecimentos, não há nenhum Super Dragão. Barulho fez o pavilhão todo, quando o Henrique até foi ao centro do pavilhão desafiar na zona onde estavam as pessoas não afetas à Direção para irem lá falar. Os únicos desacatos que vi começaram quando esse associado voltou para o lugar mas ele até se identificou como meu apoiante, mostrou a minha assinatura no corpo tatuada”, destacou Pinto da Costa.

“Ganhou tudo? Não ganhou a Liga dos Campeões… Depois da sua passagem aqui, se falei com ele umas três vezes… Uma a entregar Dragão de Ouro, sim senhor. Ele até me ofereceu um relógio, que até é bonito, com uma grande dedicatória… Infelizmente, a última vez que o vi foi numa altura má, no funeral do Fernando Gomes. Daí para cá nunca mais o vi. As declarações dele? Não reajo, ele é que sabe. Surpreende-me mas não comento, não comento. Se faz tem um intuito, presumo que o intuito seja candidatar-se à presidência do FC Porto, tem todo o direito, presumo que tenha quotas em dias. Mas não quero comentar. Mágoa? Mágoa não vou dizer… Fico admirado, agora mágoa é quando nos morre alguém querido. Fico surpreendido, mas não comento. Tem direito como qualquer sócio com quotas em dia”, salientou, prosseguindo: “Se divide os adeptos? Não faço ideia. Não quero comentar, nem as suas afirmações, nem nas redes sociais… O sócio 587 é o presidente do FC Porto e neste momento tem outras três preocupações grandes nesta altura”.

“Temos planos e projetos que vão fazer entrar algum dinheiro considerável no FC Porto”

“Primeiro é que toda essa coisa das redes sociais e do barulho não chegue à equipa de futebol, que a equipa esteja tranquila para que consiga os objetivos e passe aos oitavos da Champions agora. A preocupação seguinte é que em dezembro apresentemos lucros e passemos a ter os capitais próprios positivos. Grande salto? Sim, é. Foi essa a estratégia. Se não for positivos, perto de positivos. A terceira é que a nossa Academia da Maia prossiga, com as máquinas no terreno. Só estou preocupado com isso. Podíamos ter as contas positivas. O Benfica vendeu o Gonçalo Ramos em cima do campeonato, se retirar isso as contas são iguais às nossas. Aguardámos um mês para vender o Otávio e fazer 60 em vez de 40 milhões. Se André Villas-Boas divide? Volto a dizer, o meu foco não é esse, não quero comentar nada disso”, explicou Pinto da Costa.

“É uma situação que está dentro da nossa estratégia para chegar ao fim do ano com contas positivas, com capitais próprios positivos. Capitais próprios negativos? Não posso dizer agora o número exato, se não amanhã depois podia ser mentiroso… O que lhe digo é que capitais próprios e contas negativas que nós apresentámos foram calculadas para que em dezembro as contas e os capitais próprios possam estar positivos ou perto disso, a nível de capitais próprios. Já falámos dos 60 milhões do Otávio, que só agora é que entraram. Se vendêssemos antes, as contas estavam equilibradas. O nosso objetivo também é desportivo. Os outros venderam jogadores, ganharam dinheiro, quantos pontos têm agora na Champions? É fácil de contar, é zero. Nós estamos a uma vitória de estar nos oitavos da Champions. Por isso não vendemos jogadores que nos quiseram comprar, vários, e não vendemos”, adiantou em relação à parte financeira.

“Permite-me dizer que não vamos precisar de vender. Pode aparecer que bata a cláusula… Não me estou a comprometer, estou aqui para dizer o que é e o que foi a nossa estratégia. Podíamos ter vendido o Pepê, que está agora na seleção brasileira… Agora, se passarmos aos oitavos os jogadores são todos valorizados. Os grandes clubes não veem os jogadores quando jogam contra o Famalicão, um clube que aprecio. Foi por opção nossa que não vendemos jogadores. Estádio para a SAD? Olhe, estou a ouvir isso pela primeira vez… Não lhe posso responder, é a primeira vez que ouço. Não estamos, até hoje, a pensar nisso. Mas vou dizer que temos outros planos e outros projetos, que até vão fazer entrar algum dinheiro considerável no FC Porto. Exemplos? Olhe, uma melhoria grande no Estádio do Dragão, em que uma empresa suporta isso e ainda nos vai entregar verba considerável. Naming não entra, vai beneficiar na rentabilização de espaços. Estamos a partir de uma base de cinco a seis milhões mas para algo a médio prazo. Quando há 20 anos queriam pôr o meu nome no estádio, disse que não até porque ia complicar um futuro negócio”, revelou.

“Os encargos subiram muito desde 2015. Os jogadores hoje em dia ganham muito mais em relação a 2015, é uma diferença abismal porque cada vez há mais concorrência, agora também com o mundo árabe. Mas para nós, não é uma preocupação. Em dezembro os capitais próprios vão estar, se não positivos, muito perto disso. O que me importa é que o Sérgio Conceição desde que veio tem dez títulos no Museu. Os sócios que vão ao Museu vão ver as taças, que são 2.000 pessoas por dia, não os capitais que são negativos. Isso é uma arma de arremesso. Estivemos em fair play financeiro e já não estamos. Pudemos apresentar este prejuízo em acordo com a UEFA porque eles sabem quais são os nossos planos até ao final do ano. Nós demos preferência ao aspeto desportivo. Naturalmente que está tudo controlado, para quando tivemos de apresentar contas à UEFA, em dezembro, apresentarmos contas positivas. Falência técnica? Estamos perto de tudo…”, ironizou.

“Prémios da administração? É um falso problema porque a administração recebeu um prémio segundo estabeleceu a Comissão de Vencimentos, que pôs três condições: o FC Porto ir à Champions, ser campeão e ter resultados positivos. No ano passado o FC Porto teve 20 milhões de lucros, para o ano não vamos ter nem um euro. Não fomos nós que fomos impor isso à Comissão de Vencimentos, que é totalmente independente. Somos o sétimo clube que mais faturou este século? Mas sabe quanto o FC Porto gastou? Devia ter um saldo muito melhor, se não pagássemos os impostos que pagámos. Pagámos milhões… São muitos. Mais de um milhão por mês. Não é novidade para ninguém que os jogadores há uma coisa que sabem: é net [líquido]. Quando compramos um jogador ele custa o dobro. Se pagamos um milhão ao jogador, pagamos um milhão ao Estado. Em Itália é bem diferente, por exemplo”, voltou a apontar o líder portista.

“Entrada de investidores estrangeiros? Neste momento não. Quando assumi a presidência do FC Porto, o FC Porto tinha 40% da SAD. Hoje temos perto de 75%, portanto há uma coisa que já garanti: o FC Porto nunca perderá maioria da SAD. Houve tentativas de compra, várias, mas resistimos e não cedemos porque entendemos que o clube é dos sócios, não é dos bancos ou dos investidores. O clube é dos sócios e a SAD tem de ser maioritariamente do FC Porto”, garantiu ainda antes de fechar esse capítulo da entrevista.

“Algum treinador de algum clube renova contrato sem saber com quem vai trabalhar?”

“Renovação de Sérgio Conceição? Acha que algum treinador de algum clube vai renovar contrato sem saber com quem vai trabalhar? Há algo que não quero. Primeiro não estou em período eleitoral, nem entendo que a seis meses ou mais se possa estar. Não quero envolver nenhum profissional nesta matéria”, disse numa fase inicial da entrevista. “Em seis anos ganha dez títulos, tem de ficar na história do FC Porto. Renovação? O senhor acha que alguém que trabalhe num clube como FC Porto, alguém vai renovar sem saber quem vai ter a dirigi-lo? Eu não assinava. O doutor Nuno Lobo, único candidato até agora, devia contactar o Sérgio Conceição e perguntar se já está disponível a renovar se for presidente… Como fica o Sérgio Conceição quando os melhores jogadores saem? Todo o treinador, se ficar contente ou indiferente se lhe tirarem os melhores jogadores, é porque se está a marimbar para o clube. Ele está consciente da realidade. Se formos o City ou o United, que os donos são norte-americanos e nem sabem as cores das camisolas… Se o Sérgio ficasse indiferente por perder um bom jogador, pensaria que se está a marimbar”, advogou.

“Rui Costa? Tenho já de há algum tempo o princípio de não falar dos rivais. Frederico Varandas? Fiquei muito contente por ver que um presidente de um clube rival está muito interessado na minha saída. Fiquei muito contente, como fico quando vejo diariamente uma estação concorrente da sua, tem lá quatro sujeitos para dizer mal de mim. É sinal que querem que eu saia. E quando um presidente de um clube como o Sporting aproveita oportunidades para ser contra mim e ver se me tira daqui, eu fico contente, é uma medalha para mim. Agora a vida é deles, têm a sua maneira de falar, não há relação com eles… Respeito toda a gente que me respeita. Para falar com essas pessoas, se houver ofensas, há um sítio para conversar: os tribunais. Tenho de me preocupar com o FC Porto e em encher o Museu de troféus, não é com os extratos bancários. Nos últimos seis anos, ganhámos três Campeonatos e os outros dois ganharam os outros três”, concluiu Pinto da Costa, numa entrevista que entretanto passou para a SIC Notícias.