O Ministério Público (MP) enviou cartas rogatórias para Inglaterra e para os Estados Unidos da América (EUA) para tentar descobrir o paradeiro de oito quadros que acabaram por ser arrestados pelo Estado. Estavam ao cuidado da mulher de João Rendeiro, Maria de Jesus, e muitos tinham sido vendidos pela leiloeira britânica Christie’s pelo ex-banqueiro.

Ao que apurou o Expresso, nem Inglaterra, nem os EUA responderam ao pedido de informações do Estado português. O paradeiro dos oito quadros, que foram vendidos por 1,3 milhões de euros, ainda continua por apurar.

Ao Expresso, a leiloeira assegurou que está a “colaborar com as autoridades” e também com a “investigação”. “Tal como em todos os negócios”, a Christie’s garantiu ter agido “de boa-fé”, afirmando que nunca colocaria à venda “qualquer objeto cuja propriedade estivessem em discussão”.

Sobre aqueles oito quadros, pintados por artistas conceituados estrangeiros, o MP disse que foram vendidos sem a documentação necessária. “No momento da apreensão das obras”, o Ministério Público indicou que apreendeu igualmente os “certificados de autenticidade e toda a documentação referente à aquisição e posse das mesmas, documentos necessários para a alienação dos quadros”.

Até ao momento, a Polícia Judiciária recuperou uma obra do artista norte-americano Frank Stella, que estava numa galeria de arte em Bruxelas e que tinha sido vendida por João Rendeiro. As restantes vendidas pelo ex-dono do Banco Privado Português (BPP) foram substituídas por cópias, que foram investigadas por peritos — estes que concluíram que não se tratavam dos originais.

Este descaminho de obras que estavam à guarda de Maria de Jesus Rendeiro originou a operação D’arte Asas, que estará à espera da luz verde das autoridades estrangeiras para a acusação ser ultimada. Entre os arguidos, está não só a ex-mulher de João Rendeiro, como um amigo do casal, Victor Pires Vieira, e o motorista de João Rendeiro, Florêncio de Almeida.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR