O presidente do Conselho Nacional de Educação alertou esta terça-feira para as dificuldades dos alunos portugueses na resolução de problemas, uma questão que pode ser colmatada com formação contínua de professores para ajudarem os estudantes a serem mais autónomos.
Para Domingos Fernandes os alunos “têm dificuldades na resolução de problemas, têm dificuldades no pensamento crítico, com a criatividade, com o pensamento criativo e isso de facto é um problema”.
No dia em que este órgão de consulta do Governo tornou público o relatório sobre o Estado da Educação 2022, Domingos Fernandes afirmou aos jornalistas que os alunos portugueses “são muito bons a reproduzir” e esta é uma situação que “veio de uma tradição de ensino em que o currículo é algo que se diz, não é algo que se vive com os alunos”.
“Numa imagem mais simples, o professor é o emissor e o aluno é o recetor e tem que reproduzir aquilo que o professor diz, [este modelo] começa a esgotar-se (…) temos que ter alunos participantes, ativos nas aprendizagens e alunos mais autónomos desde a mais tenra idade. A aposta tem que ser na formação contínua dos professores para que consigamos dar essa volta”, sustentou.
Para isso, Domingos Fernandes defendeu ainda que a carreira de professor deve ser mais atrativa dado que, como é assinalado no relatório, é uma situação particularmente preocupante devido ao envelhecimento da classe.
“O envelhecimento é um facto indesmentível, 30 mil vão aposentar-se dentro de poucos anos”, recordou.
Relativamente à recomendação de Adélia Lopes, uma especialista que participou no relatório, de abolir o segundo ciclo do ensino básico (atuais 5.º e 6.º anos), o presidente do conselho lembrou que não existe em mais nenhum país europeu.
Sem referir em concreto como se abolirá este ciclo, que foi criado no século passado ainda durante o Estado Novo (1964), considerou que a “transição entre o quarto e o quinto ano de escolaridade é bastante marcante negativamente para os alunos porque os alunos estão quatro anos de escolaridade com um ou dois professores, no máximo, e passam para o quinto ano com 10/12 professores e isto é uma transição que tem um custo pesado ao nível das aprendizagens dos alunos”.
O presidente do Conselho Nacional de Educação disse apenas que “há um conjunto de medidas que é necessário tomar” para que não haja “uma transição tão brusca ao nível de professores. Pode haver uma concentração numa articulação mais suave em vez de ser uma transição brusca de dois professores para 12 professores”.