A campanha do FC Porto vai decorrendo cada vez mais com mais ações dos três candidatos mas entretanto foram começando a surgir outras figuras que não os cabeças de lista que ganham protagonismo não só nas intervenções feitas nas Casas do FC Porto mas também em entrevistas que vão saindo. Exemplo disso foram as duras acusações no jornal A Bola de João Rafael Koehler a André Villas-Boas, comparando até o antigo treinador campeão pelos dragões a… Vale e Azevedo. “Só me recordo de uma pessoa a dizer que ia rasgar contratos. Querem destruir tudo para levarem a sua avante, partem o clube ao meio”, acusou. Agora, numa entrevista à Rádio Renascença e ao Público, Villas-Boas recusou uma resposta direta ao vice das listas de Pinto da Costa mas mostrou a sua preocupação com o que considera estar a ser montado no clube.
“No outro dia disse que é muito fácil desmentir Jorge Nuno Pinto da Costa. O presidente já disse que não avançaria, que jamais apontaria uma linha de sucessão direta, que jamais consideraria o FC Porto uma monarquia e que jamais passaria o testemunho. Tenho muito respeito pelo senhor presidente mas penso que não está em condições neste momento de presidir a mais quatro anos. O que se avizinha no FC Porto pós-2024 é uma linha de sucessão direta para um dos seus vice-presidentes, pessoas essas que vão ser apresentadas a dez dias das eleições e ficaremos a conhecer essa linha de sucessão direta que parece estar presente”, começou por apontar o técnico que se sagrou campeão e vencedor da Liga Europa em 2010/11.
“O que me parece evidente é que, dentro das pessoas que já o rodeiam, das quais João Rafael Koehler, está ligado a um fundo chamado Quadrantis que, neste momento, está intimamente relacionado com a antecipação de receitas do FC Porto e com o factoring, com condições e juros que ninguém sabe quais é que são. É muito provável que nas colaterais dadas a esse fundo estejam direitos comerciais e passes de jogadores. Não é impossível que, se incumprir em determinadas coisas, a Quadrantis se torne dona do FC Porto. O FC Porto está numa situação limite. Não queria estar a fugir às minhas responsabilidades mas, em 2028, já não é para mim. Apresento-me agora com esta visão de futuro, rodeei-me das pessoas certas e que podem já não estar disponíveis em 2028. O FC Porto, como o conhecemos, não será o mesmo”, frisou.
Em paralelo, Villas-Boas comentou também a frase de Pinto da Costa em 2020 quando apontou o antigo treinador como um possível sucessor. “Dificilmente pensaria que o presidente se pudesse recandidatar em 2024. Naturalmente é livre de o fazer e eleva este desafio e o sentido de responsabilidade e exigência. A verdade é que os últimos anos têm levado o FC Porto à ruína financeira e a uma perda de competitividade desportiva. Sempre pensei que não se recandidatasse. Decidi avançar com esta candidatura mesmo que ele fosse meu adversário – acho que o FC Porto precisa de encontrar um novo rumo. O legado que me deixa e tudo isso contará como peso premente e de pressão para fazer mais e melhor. Se isso é o nível de ser o mais titulado de sempre é difícil, mas penso estar à altura do desafio”, argumentou, antes de especificar alguns dos principais problemas a nível financeiro e falar do “desconforto” com o seu avanço.
“Compreendo que esta candidatura se tornou de tal forma forte que traz algum desconforto. Tenho registado, nos últimos dois anos, uma série de ataques pessoais e profissionais contra mim por parte do presidente Pinto da Costa. Acho que ele nunca teve noção que esta candidatura se pudesse tornar tão forte, não só pelo portismo que represento, pelas pessoas de que me quero rodear mas por vir para o FC Porto desprendido de qualquer interesse. Nos últimos 24 anos, o clube ganhou por duas vezes a Liga Europa, uma Liga dos Campeões, uma Taça Intercontinental e fez mais de 2,9 mil milhões de euros em receitas. Desde 2015, foram 1,3 mil milhões. Tem, neste momento, 500 milhões de euros de passivo e 310 milhões de dívida financeira. Parece surreal que nos acabámos por nos enterrar em dívidas fruto de más decisões desportivas e financeiras que nos levam a esta situação de descalabro”, salientou André Villas-Boas.