No final, acabou por imperar tudo aquilo que se poderia considerar normal nesta sexta-feira Santa. Imperou a normalidade da vitória do segundo classificado do Campeonato, o Benfica, frente ao 18.º e último, o Desp. Chaves. Imperou a normalidade do triunfo dos encarnados na receção aos transmontanos na Luz, com um registo de 19 vitórias e dois empates em 21 encontros para o Campeonato (com 15 sucessos consecutivos). Imperou a normalidade até do triunfo pela margem mínima de 1-0 com um golo na segunda parte, algo que aconteceu pela terceira vez seguida depois dos triunfos na Escócia com o Rangers e em Rio Maior frente ao Casa Pia. Em tudo o resto, foi “anormal”. Anormal e como já não se via há alguns anos na Liga.

O pequeno João é grande e tem tudo. Sobretudo cabeça (a crónica do Benfica-Desp. Chaves)

Com Hugo Souza, guarda-redes brasileiro que esteve vários anos no Flamengo antes de rumar à Europa e reforçar o Desp. Chaves, em plano de destaque, o Benfica falhou três grandes penalidades na Luz, uma delas na repetição de um castigo máximo já travado. Primeiro foi Di María: pé esquerdo na bola, remate para o lado direito do guardião dos transmontanos, defesa. Depois foi Arthur Cabral: pé direito na bola, remate para o lado direito do guardião dos transmontanos, defesa. Uma primeira vez anulada por invasão da área antes do tempo, uma segunda vez na repetição dessa cobrança. Júnior Pius tornou-se o primeiro jogador da Liga a cometer duas faltas na área no mesmo encontro mas daí acabaram por não chegar “problemas”, sendo que há quase duas décadas que um guarda-redes não conseguia travar mais do que penálti no mesmo jogo frente ao Benfica e há quatro anos que os encarnados não falhavam dois penáltis no mesmo jogo.

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Valeu João Neves. O médio formado nos encarnados, que voltou a ser o MVP da partida, surgiu no momento decisivo para desviar de cabeça ao primeiro poste um livre lateral marcado por Di María e decidir a vitória do Benfica frente ao “lanterna vermelha” do Campeonato naquele que foi o quarto golo pelos seniores das águias e o terceiro na presente temporada, sempre na sequência de bolas paradas e sempre no Estádio da Luz.

“Foi uma vitória justa. Agora nesta parte final da época, depois da paragem de seleções, precisamos do apoio de toda a alma benfiquista, porque ainda temos muitas competições em jogo e queremos fazer o melhor em todas elas. Paciência? Sim, o Desp. Chaves tem uma equipa muito compacta e tínhamos de ter paciência. Criámos muitas oportunidades mas só conseguimos concretizar uma. Vamos trabalhar mais na parte da concretização mas penso que o jogo foi muito bom e muito bem conseguido pela equipa. Golo?  Tento ser um jogador muito completo. Podia ter sido eu a marcar, como podia ser outro jogador. É para isso que estamos lá”, comentou João Neves na zona de entrevistas rápidas da BTV após o encontro.

“Foi um jogo muito especial e era o dia do aniversário do presidente. Era muito importante ganhar pela posição na Liga e pelo presidente também. Podíamos ter feito tudo de forma mais fácil porque tivemos muitos momentos. Falhámos boas oportunidades mas conseguimos ganhar. Apareceram coisas negativas mas tivemos muita paciência e tivemos no final a recompensa dos três pontos. Aposta em Neres e Arthur? Tentamos sempre atacar e ir à procura de golos. Fizemos muitas coisas boas na primeira parte, faltou-nos precisão e tomar decisões certas nos últimos 20 metros. Às vezes faltou-nos estar no sítio certo no momento certo. Podemos melhorar passes na área e cruzamentos. Falámos disso para a segunda parte, mas o que importa é que no fim conseguimos os três pontos”, começou por salientar Schmidt também à BTV.

“A última fase da época está a começar hoje. Não sofremos de novo, os três últimos jogos vencemos por 1-0  e isso também é sinal de qualidade, podemos ganhar com um golo e temos de defender muito bem. É evidente que temos de ser mais eficazes nos próximos jogos mas acho que é claro que já mostrámos que podemos marcar mais golos com menos chances”, acrescentou ainda o treinador germânico.

Mais tarde, na conferência de imprensa, Roger Schmidt abordou também aquilo que se passou com Kökçü, médio turco que voltou à equipa saído do banco após castigo interno pela entrevista que deu ao De Telegraaf e foi assobiado quando entrou no relvado. “Assobios? Esqueceu-se dos que aplaudiram… Esperávamos o regresso dele, já tínhamos falado disso. Nem todos estamos satisfeitos com a entrevista, é claro, mas no final o mais importante é o Benfica. Não vale a pena criar ruído negativo. Ele também percebe o contexto. Está completamente empenhado e concentrado, é preciso avançar etapas para ele chegar a nível elevado, mostrar que está empenhado no Benfica e nos companheiros de equipa, isso torna-se claro. Kökçü é um bom jogador, é uma boa pessoa e vai continuar”, relativizou o técnico dos encarnados a esse propósito.