O restauro do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, o monumento mais visitado do país, foi dado como concluído após um projeto de 20 anos que custou cerca de 1,85 milhões de euros, anunciou esta terça-feira a World Monuments Fund.

A conclusão dos trabalhos de restauro do Mosteiro e Igreja dos Jerónimos, monumento do século XVI, foi celebrada na segunda-feira, numa cerimónia em que participaram representantes da World Monuments Fund (WMF) e do instituto público Património Cultural (PC), segundo um comunicado da organização norte-americana privada sem fins lucrativos, vocacionada para a proteção de património cultural em risco.

Em dez fases, a WMF e o PC, em parceria, procederam a uma intervenção no claustro do mosteiro e restauraram integralmente as paredes, fachadas, exteriores e vitrais danificados da igreja, num projeto que “representa um feito significativo na preservação do rico património cultural de Portugal“, sublinha a entidade que intervém há 30 anos em restauros no país.

O trabalho de restauro visou tratar “a degradação natural causada pela infiltração de água e o desgaste contínuo do turismo” no Mosteiro e Igreja dos Jerónimos, monumento que começou a ser construído no século XVI, no reinado de Manuel I, em dedicação à Ordem de São Jerónimo, que tinha uma forte ligação aos poderes reais da Península Ibérica.

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“Um dos maiores projetos da WMF, é com grande orgulho que assinalamos a conclusão dos trabalhos de preservação do Mosteiro e Igreja dos Jerónimos”, afirmou Bénédicte de Montlaur, presidente daWorldMonumentsFund, citada no comunicado.

A degradação das cúpulas e das paredes da igreja, “evidenciada pela queda de argamassas de juntas e de pequenos fragmentos de pedra, chamou a atenção para a deterioração geral do mosteiro e da igreja”, lembrou.

O monumento, cuja construção foi da responsabilidade de João de Castilho (1470-1552), que dirigiu a empreitada entre 1517 e 1522, tem sido alvo de investigação para criar estratégias e metodologias de intervenção na degradação da pedra, um problema recorrente desde o século XIX, sobretudo devido à humidade e à poluição.

A última grande intervenção na Igreja dos Jerónimos data dos anos de 1960.

Quinhentos anos após o lançamento da primeira pedra dos Jerónimos, a WMF Portugal iniciou a sua primeira campanha entre 2000 e 2002, restaurando o claustro, através da impermeabilização dos terraços contra a infiltração de água, o reposicionamento da alvenaria desestabilizada, a limpeza e a consolidação do frágil e deteriorado baixo-relevo.

A WMF Portugal também encomendou à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa uma investigação académica e científica sobre o impacto do turismo de massas no microclima interior da igreja.

Além da presidente e diretora executiva da WMF, Bénédicte de Montlaur, estiveram ainda presentes na cerimónia de segunda-feira a diretora executiva da WMF Portugal, Teresa Veiga de Macedo.

A WMF é a principal organização independente dedicada à salvaguarda dos locais mais preciosos do mundo, com projetos de restauro que envolvem as comunidades locais e está sediada na cidade de Nova Iorque, com escritórios e filiais no Camboja, França, Índia, Peru, Portugal, Espanha e Reino Unido.

A filial portuguesa já participou noutras ações de relevo, tais como a conservação e restauro da Torre de Belém, dos Jardins do Palácio de Queluz, da Estátua Equestre de José I e da Sé Catedral do Funchal.

O apoio mecenático para o projeto de restauro veio da Cimpor, EDP, Fundação Millennium bcp, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Galp Energia, Automóvel Clube de Portugal, Team Quatro, Grupo Brisa, SGC, The Navigator Company, The Robert W. Wilson Charitable Trust, e Samuel H. Kress Foundation.