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O reitor da Universidade do Porto (UP) comprometeu-se esta quarta-feira a verificar os projetos em curso com potencial uso militar por Israel e, caso existam, à sua suspensão imediata, revelou fonte da instituição.

O compromisso de António Sousa Pereira foi assumido perante os emissários do coletivo de estudantes em defesa da Palestina que lhe entregaram uma carta aberta a exigir o fim das parcerias com universidades israelitas no âmbito do protesto que organizaram esta quarta-feira em frente à reitoria da UP

Cerca de 50 estudantes em protesto diante da reitoria da Universidade do Porto

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Segundo a fonte da UP, o reitor “comprometeu-se a ver os projetos em curso com potencial de uso militar para serem suspensos imediatamente, mas acredita que não existam”.

Na reunião que durou cerca de 90 minutos, Sousa Pereira “esclareceu que a UP não tem relações com o Estado israelita” e que as unidades de investigação que foram identificadas na carta aberta entregue pelos estudantes “fazem parte de consórcios internacionais em que participam instituições de ensino e científicas israelitas, mas sem ligação direta ao Estado”, acrescentou a fonte.

À Lusa, Vasco da Silva, estudante da Faculdade de Economia do Porto, identificou o INESC TEC [Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência] (…) e o Instituto de Biologia Molecular e Celular, que agora foi centralizado no Instituto I3S, “que tem parcerias com empresas farmacêuticas israelitas (…) e que tem projetos para a agricultura israelita, que depende da destruição da agricultura palestiniana”.

O estudante acusou ainda aquele instituto de colaborar em projetos relacionados “com drones que estão a ser usados no genocídio em curso em Gaza”.

Ainda segundo a fonte da universidade, o reitor “comprometeu-se a distribuir a carta por todos os órgãos de gestão da UP, tendo deixado claro que discorda de cortes com instituições de ciência que não representam a posição de um governo, lembrando que naquele país há largos setores da sociedade contrários ao governo atual de Israel”.

Sousa Pereira, acrescentou a fonte, lembrou aos emissários do coletivo “que a UP recebe estudantes da Palestina, Israel, Irão, e tem relações com os países, sempre ao nível académico” bem como que a “educação, o ensino e a cooperação internacional são armas mais eficazes na luta pela paz do que o corte de relações com instituições que não estão diretamente relacionadas com o governo”.

Vasco da Silva, por seu lado, disse que, nos próximos dias, “poderão ser conjugadas várias formas de luta”, explicando que isso “envolverá protestos, envolverá reuniões, envolverá o que tiver que acontecer para que essas relações sejam cortadas”.

“A Universidade do Porto deu um exemplo ao país e ao mundo de que é possível cortar com a ciência israelita que está a ser conivente com o genocídio”, disse ainda o estudante.