A presidente executiva (CEO) da Altice Portugal manifestou esta quarta-feira preocupação com o momento da deliberação que retirou a Huawei da lista de fornecedores de 5G e que a redução de concorrência nesta área “diminui as opções”.

Ana Figueiredo respondia a uma questão sobre a retirada da chinesa Huawei do ‘core’ da rede 5G em Portugal, durante o debate Estado das Comunicações, no 33.º Congresso da APDC, que termina esta quarta-feira em Lisboa.

“Relativamente ao tema dos fornecedores ou ‘high risk vendors’, é óbvio que o facto de reduzirmos ou restrigirmos um conjunto de fornecedores chamado ‘high risk vendors’ diminui as opções de nós podermos tomar decisões e escolhermos fabricantes”, disse a gestora.

Até porque “não existem muitos fabricantes porque aqui, sim, tem havido consolidação”.

“Preocupa-nos também neste tipo de temas o ‘timing’ da decisão”, que é tomada “à posterior, ou seja, quando nós já estamos todos há 16 ou 18 meses depois da implementação e do ‘rollout’ [desenvolvimento] das infraestruturas baseada ‘toolbox’ [ferramenta] que cada país europeu teve a sua interpretação, não cria estabilidade, não cria previsibilidade para a promoção do investimento”, sublinhou Ana Figueiredo.

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A CEO disse esta quarta-feira  que a Altice Portugal se preocupa “muito com a segurança” das suas infraestruturas.

“Temos uma política de diversificação de fornecedores, agora obviamente acataremos e cumpriremos com as deliberações que forem tomadas”, rematou.

Sobre quem vai pagar a substituição das redes, Ana Figueiredo disse que essa é “outra componente”, em que até agora tem sido o investimento privado a suportar esse custo.

O prazo de substituição tem de ser “compaginável com exequibilidade do ponto de vista operacional e que seja razoável”, rematou.

Em maio de 2023, a Comissão de Avaliação de Segurança (CAS), no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, divulgou uma deliberação sobre o “alto risco” para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que “o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado” ou ligado “permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros”.

A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o certo é que o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus.