A Confederação do Desporto de Portugal apresentou esta terça-feira na Assembleia da República um documento com as suas “cinco prioridades políticas” para a atual legislatura, desejando que as habituais promessas governativas se possam transformar em ações.

“O setor está cansado de promessas que não passaram de meras palavras de circunstância e da falta de vontade política demonstrada pelos sucessivos governos para resolver os problemas do setor”, resumiu Daniel Monteiro, presidente da Confederação do Desporto de Portugal, que foi recebido na comissão parlamentar da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

As grandes propostas estruturais prendem-se com a criação de um plano estratégico para a década, um novo modelo de financiamento do desporto nacional, o pedido de mais educação física no primeiro ciclo de escolaridade, a sugestão de mais desporto no serviço público de rádio e televisão e a criação de um ministério do desporto.

Num dos temas que mais preocupa as entidades que a compõem, a Confederação do Desporto de Portugal entende que o financiamento do desporto “está totalmente desajustado da realidade federativa atual, promovendo injustiças entre federações e a desregulação dos critérios definidos por lei”.

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O dirigente referiu que essa questão “é um problema de base” do desporto nacional, entendendo que se trata de “um setor que tem sido cronicamente subfinanciado ao longo das décadas e com investimento mal distribuído”.

No documento é feita ainda uma análise da “realidade” do desporto, carente de “reformas estruturais”, o que explica que apenas cerca de 7% dos portugueses praticassem desporto em 2019, no periodo pré-pandemia de Covid-19, número baixo para os padrões europeus e parcialmente explicado pelo facto de o Estado “ter deixado o movimento associativo à sua sorte”.

Outra parte do relatório foca-se nas consequências da ausência de uma política desportiva, que vão desde fragilidades competitivas internacionais a questões de saúde, como um sobrepeso muito disseminado na população.

Apontando uma “elevada iliteracia desportiva” no país, a Confederação do Desporto de Portugal salienta “o ritmo lento de crescimento do desporto em Portugal”, em contraciclo com o resto da Europa.

“O desporto tem enorme relevância na sociedade e na vida comunitária, enquanto vetor de promoção da saúde e exercício físico, e na promoção de relações sociais e humanas alicerçadas na ética e valores do espírito desportivo”, aponta o dirigente.

A Confederação do Desporto de Portugal pediu aos deputados uma “reflexão” sobre o desporto e “as bases estruturais programáticas que deverão reger o setor ao longo da próxima legislatura”.

“Queremos e precisamos de mais e melhor desporto”, concluiu o documento apresentado pela Confederação.