Primeiro, 72 horas onde tudo abanou. A seguir, 48 horas onde se refletiu apenas sobre o que tinha abanado. O fim de semana teve muitas conversas nos bastidores e aquela publicação de Francisco Conceição nas redes sociais com a fotografia do pai Sérgio e um emoji mas, ao contrário do que se tinha passado anteriormente, não houve declarações públicas entre o autêntico terramoto sentido no Dragão perante a possibilidade de ser Vítor Bruno a suceder a Sérgio Conceição no comando técnico da equipa de futebol – porque, na verdade, era a isso que tudo se resumia nesta fase. Agora, esta segunda-feira, chegava o momento das decisões.

Reuniões abandonadas, acusações de traição, processos e comunicados: Sérgio, Vítor Bruno e as 72 horas que provocaram um terramoto no Dragão

Se inicialmente se pensava que haveria uma reunião entre André Villas-Boas e Sérgio Conceição como na passada quarta-feira, neste caso podendo contar já com a presença do novo diretor do futebol, Jorge Costa (que festejou este domingo a subida à Primeira Liga como treinador do AVS), as duas partes que entraram em rutura total depois de terem “prometido” uma saída a bem não se começaram por encontrar. E essa foi a primeira novidade do dia: sem se encontrarem, tentaram chegar a um acordo para a rescisão.

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Por um lado, o técnico dos azuis e brancos continua de férias no Algarve com a família, não tendo ido ver a Santa Maria da Feira o encontro de um dos filhos, Sérgio (que ajudou o Feirense a aguentar-se na Segunda Liga diante do Lourosa), e vendo agora partir Francisco para a concentração da Seleção Nacional que prepara a participação no próximo Campeonato da Europa, na Alemanha. Por outro, o presidente dos dragões, que na véspera assistiu em Viseu à final da Taça de Portugal de andebol, ganha pelo Sporting, esteve entre o estádio e o Dragão Arena em compromissos do clube, tendo garantido a renovação de mais um capitão das equipas das modalidades, neste caso Miguel Queiroz do basquetebol (que começa na quarta-feira a final diante do Benfica). Dessa forma, foram os advogados das duas partes que se encontraram num hotel no Porto.

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Em condições normais, e apesar de um evidente desconforto que já existia no início da semana passada, as duas partes tinham todas as condições para assinarem uma rescisão por mútuo consentimento. Ou melhor, para acordarem uma rescisão por mútuo consentimento. Porquê? Na renovação de contrato que foi assinada dois dias antes das eleições ainda com Pinto da Costa, o treinador ficava com a hipótese de poder revogar esse vínculo sem qualquer indemnização mas o mesmo não se aplicava à SAD. Ou seja, teriam de chegar a um acordo, com Sérgio Conceição a enviar uma carta registada que duraria cinco dias até ser efetiva.

“Se amanhã for o meu último jogo, o FC Porto paga-me até ao dia de amanhã e vou embora sem mais nada. Isto fez comichão a muita gente mas vou embora sem levar um tostão, pagam-me até ao dia em que trabalhar com a mesma dignidade com que entrei”, tinha referido o técnico dos dragões antes da final da Taça, que iria terminar com Sérgio Conceição a conquistar o 11.º título pelos azuis e brancos, tornando-se o treinador com mais troféus por um só clube em termos nacionais. Mais um recorde entre 379 partidas. Com o passar dos dias, alguns acontecimentos acabaram por colocar esta ideia em causa no plano “linear”.

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Numa primeira instância, Sérgio Conceição não gostou de se sentir “empurrado” para fora, considerando que todo o percurso que teve ao longo de sete anos merecia outro tipo de saída por tudo o que fez a nível de recuperação desportiva e defesa do clube. Depois, o treinador ficou agastado quando, depois de uma conversa com Vítor Bruno onde o antigo adjunto carimbou a saída da equipa técnica, ouviu do próprio André Villas-Boas que o seu ex-número 2 era o melhor colocado entre os nomes nacionais que estavam em cima da mesa (sendo que o líder portista frisou também que existiam outras possibilidades estrangeiras). Foi isso que gerou toda a tempestade que esta segunda-feira acabou por conhecer fumo branco no Dragão.

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Depois de várias horas de reunião, e perante a possibilidade aberta pela FC Porto SAD de “endurecer” a sua posição pela necessidade de fechar a questão do novo treinador o quanto antes, ficou acordado que Sérgio Conceição sai sem receber mais qualquer ordenado por parte dos dragões, tendo apenas do seu lado alguns prémios de jogo que estavam ainda por liquidar da antiga administração. Essa revogação do contrato foi feita e formalizada ao início da noite desta segunda-feira, sempre pelos advogados das duas partes, sendo que Sérgio Conceição fez uma interrupção nas férias e foi ao Porto. Desta forma, Vítor Bruno, que é nesta altura a opção mais forte para assumir o cargo de treinador, pode reunir com Villas-Boas… caso se mantenha a ideia formada nos responsáveis azuis e brancos em apostarem mesmo no ex-número 2 de Sérgio Conceição.