“A Comunicação Social portuguesa precisa de mais projetos como o Observador.” As palavras são do Presidente da República na mensagem de vídeo com que abriu a Conferência Clube dos 52, esta terça-feira na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos.
Saudando o décimo aniversário do Observador, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou os momentos importantes da história nacional e internacional que já acompanhámos e disse estar certo que, “aconteça o que acontecer, na próxima década, o jornal também estará para nos contar tudo o que vai suceder”.
O futuro e o (breve) passado do Observador e do próprio setor da Comunicação Social em Portugal dominaram a conversa do subdiretor Ricardo Conceição com o presidente do Conselho de Administração executivo da empresa, António Carrapatoso, e o seu publisher, José Manuel Fernandes. Ambos recordaram como delinearam o projeto de um novo jornal “por volta de 2011”, no contexto difícil da intervenção da troika em Portugal, sempre com o objetivo, segundo Carrapatoso, de “fazer um título de referência para todos os públicos”.
Mas o mundo estava a mudar e, com ele, os modelos de acesso à informação. José Manuel Fernandes lembrou como os seus alunos da Universidade Católica lhe passaram essa mensagem: “Apercebi-me que aqueles que liam jornais só os tinham em casa comprados pelos pais. Os outros nem isso. Perante isso, senti que tínhamos de chegar às pessoas de outra maneira.”
O Observador nasceu, em 2014, desta conclusão, percebendo-se também, como frisou António Carrapatoso, que a opção pelo digital não inibia o aparecimento do papel, quando fosse caso disso, ou da rádio, como, de facto, aconteceu cinco anos depois. Festejar o décimo aniversário do jornal não impede o reconhecimento da existência de problemas muito concretos que afetam de forma particular a viabilidade dos órgãos de comunicação social – problemas que são globais, mas que se colocam com particular acuidade num mercado pequeno como o português. “Estamos conscientes de que temos dos piores índices de venda de jornais em banca, na Europa – 15 vezes menos que a Noruega e dez menos do que Inglaterra”, disse ainda Carrapotoso. Uma realidade que não é inteiramente nova: “Olhando retrospetivamente, são muito curtos os períodos em que a imprensa foi um bom negócio em Portugal”, acrescentou.
Em tempo de balanços, José Manuel Fernandes considerou que o Observador se mantém fiel à carta de princípios com que nasceu, que são os “pilares de pensamento da sociedade ocidental, nomeadamente os de uma sociedade aberta e inclusiva.” E porque se falava de princípios, António Carrapotoso recordou que, desde o princípio, se procurou “conotar o jornal com a Direita e com esta ou aquela candidatura presidencial, que, na verdade, nunca se concretizaram. O que temos é um ponto de vista centrado na liberdade e no Estado ao serviço dos cidadãos.”
E no futuro, o que podem esperar os leitores? António Carrapatoso promete “mais e melhores podcasts (área em que fomos inovadores), uma aposta na inteligência artificial e reforço da Academia Observador, com programas de formação muito acessíveis e destinados ao grande público”.
Numa conferência virada para o futuro e para os desafios que lançámos aos membros do Clube dos 52, a quem propusemos refletir sobre a próxima década ao longo de um ano, o ângulo passou da vida do Observador para a do país, com a emissão ao vivo do programa O Bom, o Mau e o Vilão, conduzido por Miguel Pinheiro. Com o diretor do Observador estiveram em palco Luís Araújo (ex-presidente do Turismo de Portugal), Rita Castel’ Branco (especialista em mobilidade urbana) e Luísa Loura (diretora da PORDATA). Chamados, conforme o espírito do programa, a identificar os bons, maus e vilões das suas áreas de especialidade, Luís Araújo sublinhou a bonomia com que os portugueses, em geral, sabem receber quem nos procura para fazer férias. Mas logo identificou o mau desta narrativa: “O preconceito contra empresários e turistas. O apontar de armas contra o Turismo impede-nos de ver o que está realmente na origem dos problemas da sociedade portuguesa.” Muito diferentes foram as perspetiva de Rita Castel’ Branco, especialista em mobilidade urbana, e Luísa Loura, diretora da PORDATA, que falaram de alguns comportamentos que os portugueses precisam de mudar a curto prazo para obtermos melhores índices de sustentabilidade ambiental e educação.
No alinhamento desta Conferência Clube dos 52 seguiu-se a edição especial, ao vivo, do programa Boa Moeda, Má Moeda, conduzida por Paulo Ferreira, que teve como convidados Patrícia Barão (Head of Residential da JLL), Vítor Ribeirinho (Managing Partner da KPMG), Nuno Pinto (professor da Universidade de Manchester) e Maria Antónia Saldanha (diretora geral da Mastercard).
Antes do final da manhã os deram-se notas no programa E o Vencedor é…, Os avaliadores de serviço com a subdiretora Sara Antunes de Oliveira foram o psiquiatra Gustavo Jesus, a maestrina Joana Carneiro, o arquiteto Miguel Saraiva e o consultor de comunicação Pedro Bidarra.
O período da tarde arrancou com a diretora adjunta Filomena Martins a pedir a Alda Botelho Azevedo, investigadora do ICS na área da demografia, Sofia Ramalho, vice-presidente Ordem dos Psicólogos Portugueses, Carlos Neto, especialista em motricidade humana, e José Cardoso Botelho, fundador da Vanguard Properties para darem os habituais sinais vermelho, amarelo e verde às escolhas que fizeram para o Semáforo Político.
Seguiu-se o Ainda Bem que Faz essa Pergunta, conduzido por Carla Jorge de Carvalho e com a participação de Pedro Pina, vice-presidente do YouTube, Fátima Baptista, professora da Universidade de Évora, e Nuno Sá, fotógrafo subaquático. O futuro, a sustentabilidade e as alterações climáticas foram temas em análise, tal como aconteceu no Direto ao Assunto, com a participação de Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP, Anabela Carvalho, investigadora da Universidade do Minho, Bruno Ferreira, Managing Partner da PLMJ e Pedro Oliveira (dean da Nova SBE).
O último painel do dia ficou nas mãos de Pedro Jorge Castro no Explicador, no qual falou com João Roquette (CEO Esporão), Luís Mendes (Geógrafo), Pedro Pita Barros (Professor) e Adriana Cardoso (Co-Fundadora da Próxima Geração).
Quase a terminar o dia, Rudolf Gruner, Director-geral do Observador, falou um pouco sobre o caminho do Observador nestes 10 anos. Seguido por Nuno Piteira Lopes, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, a quem foram dadas as palavras de encerramento, mesmo antes do Hugo Lopes tocar as notas das despedidas ao piano – instrumento que aprendeu a tocar em locais públicos.