Investigadores criaram um novo tipo de material, um “gel vítreo”, resistente a furos e rasgões, apesar de conter mais de 50% de líquido, simples de produzir e que poderá ter uma utilização variada, foi esta quarta-feira divulgado.

Num comunicado, a Universidade do Estado da Carolina do Norte (NCSU, na sigla em inglês) adiantou que os geles e os polímeros vítreos são tipos de materiais diferentes, sendo os polímeros vítreos duros, rígidos e frequentemente quebradiços, sendo utilizados, por exemplo, em garrafas de água ou janelas de aviões, enquanto os geles, como os das lentes de contacto, contêm líquido e são macios e elásticos.

O novo “gel vítreo”, como o nome sugere “combina algumas das propriedades mais interessantes dos polímeros vítreos e dos geles”.

“Criámos um tipo de material que chamamos gel vítreo, que é tão duro quanto os polímeros vítreos, mas que, se for aplicada força suficiente, pode esticar até cinco vezes o seu comprimento original, em vez de quebrar”, diz Michael Dickey, Professor de Engenharia Química e Biomolecular na NCSU e autor correspondente do artigo publicado esta quarta-feira na revista científica Nature, citado no comunicado.

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Outras das vantagens do novo material é que “pode retornar à sua forma original depois de esticado se lhe for aplicado calor” e possuir uma superfície “altamente adesiva, o que é incomum em materiais duros”.

Meixiang Wang, investigador pós-doutorado na NCSU e coautor do artigo “Glassy Gels Toughened by Solvent”, destaca a importância de o novo material ser “mais de 50% líquido, o que o torna condutor de eletricidade mais eficiente do que os polímeros comuns, com características físicas comparáveis”.

Os testes realizados mostraram que, apesar de ser 50% a 60% líquido, o “gel vítreo” não evapora nem seca, tendo sido também descoberto que pode ser criado com diferentes polímeros e líquidos iónicos, embora nem todos os tipos de polímeros possam ser utilizados.

Michael Dickey considera que “a característica mais intrigante” do novo tipo de material é a sua adesividade. “Porque embora entendamos o que os torna duros e elásticos, só podemos especular sobre o que os torna tão pegajosos”.

Assinala ainda que o “gel vítreo” é fácil de criar, podendo ser tratado em qualquer tipo de molde ou impresso em 3D, enquanto “a maioria dos plásticos com propriedades mecânicas semelhantes exige que os fabricantes criem polímeros como matéria-prima e depois os transportem para outra instalação para serem transformados no produto final”.

Os investigadores declararam-se “entusiasmados” com a expectativa de verem como o gel vítreo pode ser utilizado e “abertos para trabalhar com colaboradores na identificação de aplicações para este material”.