Depois de um dia dedicado aos homens mais rápidos, a alta montanha chegou, finalmente, à 111.ª edição da Volta a França. Na etapa de segunda-feira, que serviu de transição e de “descanso” para o pelotão, Biniam Girmay (Intermarché-Wanty) foi o homem mais rápido, bateu Fernando Gaviria (Movistar) e Arnaud de Lie (Lotto Dstny) ao sprint e fez história na Grande Boucle. Contudo, a principal novidade prendeu-se com outra estreia: Richard Carapaz (EF Education-Easypost) tornou-se no primeiro equatoriano a envergar a amarela.

As lágrimas de Biniam são o orgulho de uma nação: Girmay faz história na Volta a França, que tem novo líder

“Sabíamos que tínhamos uma oportunidade, que era o primeiro final ao sprint, onde há muitos nervos, e que tinha de estar bem colocado, porque podia haver vários perigos, entre os quais quedas. A equipa esteve muito bem, deixaram-me aqui à falta de um quilómetro. É um sonho para mim, por todo o respeito que tenho ao Tour. Vestir-me de amarelo é entusiasmante. É a melhor corrida do mundo”, partilhou o novo líder, que estava em igualdade com Tadej Pogacar (UAE Team Emirates), Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) e Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike).

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Para esta quarta etapa estava reservado um percurso curto, com menos de 140 quilómetros, mas com muita montanha. Ao todo, as duas contagens de segunda categoria e a de categoria especial, no mítico Galibier, iriam proporcionar um total acumulado de 3.600 metros de desnível positivo. A tirada desta terça-feira ficou ainda marcada pela despedida de Itália e a entrada em França.

Como seria de esperar, o interesse pela fuga assolou praticamente todas as equipas, mas só depois do quilómetro 70 é que um grupo se conseguiu estabelecer na frente. Rui Costa, da equipa do líder, chegou a tentar a sua sorte, mas no grupo final, que foi composto por quase 20 corredores, não se vislumbrou a presença de qualquer português. A seleção dos grupos acabou por acontecer no Galibier, com a Emirates a assumir as despesas do pelotão e Oier Laskano (Movistar) a atacar na frente.

O espanhol acabou por ser alcançado por David Gaudu (Groupama-FDJ), Christopher Juul-Jensen (Team Jayco AlUla) e Tobias Halland Johannessen (Uno-X Mobility) pouco depois, mas votou a atacar já dentro dos derradeiros 30 quilómetros. A 26 quilómetros do fim, a fuga terminou, e João Almeida (Emirates) foi chamado ao trabalho, confirmando o estatuto de gregário neste Tour. Com o trabalho do português, o grupo passou a ter apenas 20 elementos, sem o líder Carapaz.

A três quilómetros do alto do Galibier, o grupo passou a apenas oito elementos, com a Emirates em maioria. João Almeida continuou a trabalhar, mas a postura de Juan Ayuso, contrariando o estatuto e as indicações da equipa, gerou algum reboliço no grupo, composto pelos quatro canibais, os dois Emirates, Carlos Rodríguez (Ineos Grenadiers) e Mikel Landa (Soudal Quick-Step). Já com o espanhol a trabalhar para o líder, Pogacar atacou e só Vingegaard foi capaz de o acompanhar… por pouco tempo. O dinamarquês não conseguiu seguir a roda do esloveno, que bonificou oito segundos no alto, contra os cinco do corredor da Visma e os dois de Evenepoel.

Na descida para Valloire, Pogacar dilatou a vantagem para Vingegaard e rumou para a vitória e o regresso à liderança. O dorsal um acabou por ser alcançado por Roglic, Ayuso, Rodríguez e Evenepoel, e os cinco seguiram juntos até ao fim. João Almeida seguia logo atrás, acompanhado de Landa, mas não conseguiu recolar. Estava, assim, escrita mais uma vitória de Pogacar no Tour. Evenepoel e Ayuso completaram o pódio, a 35 segundos.

Olhando à geral, o esloveno da Emirates é o novo líder, com 45 segundos de vantagem para o belga e 50 para o dinamarquês. O português, que terminou a 53 segundos do colega de equipa, surge na oitava posição, a 1.32 minutos.