A quarta etapa da 111.ª edição da Volta a França terminou com a vitória de Tadej Pogačar no Galibier, com o ciclista esloveno a recuperar a liderança da classificação geral e a camisola amarela, e muito disso foi graças a João Almeida. O português assinou uma exibição brilhante, trabalhando para alcançar o triunfo do colega da equipa, e acabou mesmo por protagonizar um momento polémico.

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A três quilómetros da meta, João Almeida foi visto a pedir mais ao companheiro Juan Ayuso, largando mesmo o guiador para esbracejar e exigir um esforço adicional ao espanhol. O episódio depressa saltou para as redes sociais e para a imprensa espanhola, que abriram a porta a um possível desentendimento entre os dois ciclistas, e acabou por ser o próprio Tadej Pogačar a abordar o tema junto dos jornalistas.

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“Quando vamos a fundo na bicicleta, mesmo que queiramos dizer ‘amo-te’ é preciso gritar. E podemos ter um ar zangado. Não podemos ter conversas normais em cima da bicicleta. Talvez o João tenha um ar zangado, mas não acredito que o estivesse. Fizemos uma etapa soberba e estamos muito contentes”, disse o esloveno, que ficou com 45 segundos de vantagem em relação a Remco Evenepoel e 50 para Jonas Vingegaard.

Já Juan Ayuso, questionado sobre o mesmo assunto antes do arranque desta quarta-feira, defendeu que o gestão de João Almeida “foi desnecessário, mas foi o que foi”. Era neste contexto que arrancava a quinta etapa da Volta a França, feita para os sprinters: 177,4 quilómetros entre Saint Jean de Maurienne e Saint-Vulbas com uma subida de três quilómetros a 4,8% de inclinação, no Côte de Lhuis, a cerca de 34 quilómetros da meta.

Clément Russo e Mattéo Vercher foram os responsáveis pela fuga inicial, a mais de 130 quilómetros do fim, e depressa se percebeu que a chuva que começou a cair na região francesa seria uma das protagonistas da tarde. A cerca de 60 quilómetros da meta, uma queda com vários ciclistas travou o pelotão e envolveu o português Nélson Oliveira, com Tadej Pogačar a salvar-se de forma quase milagrosa.

Biniam Girmay, que há dias fez história ao tornar-se o primeiro negro a vencer uma etapa na Volta a França, aproveitou o sprint intermédio e saltou para a liderança da classificação de pontos, assumindo a camisola verde. Mais à frente, a fuga de Russo e Vercher foi aniquilada sem surpresas a 30 quilómetros do fim, com o campeão europeu Christophe Laporte a cair também e a mostrar novamente que o piso estava perigoso.

Os velocistas alinharam-se a dez quilómetros da meta e aí, no sprint, venceu o único homem que tinha vontade de fazer história: aos 39 anos, Mark Cavendish ficou à frente de Jasper Philipsen e Alexander Kristoff e conquistou a 35.ª vitória na Volta a França, ultrapassando o recorde de Eddy Merckx que durava desde 1975 e tornando-se o ciclista com mais triunfos na história da competição.

Em termos globais, Tadej Pogačar terminou em 36.º e manteve a camisola amarela e as distâncias para os principais perseguidores, enquanto que João Almeida foi 88.º e também assegurou a oitava posição da classificação geral. Rui Costa foi 129.º, com Nélson Oliveira a cruzar a meta em 146.º.