Dez portugueses disputam entre esta quinta-feira e domingo, na Polónia, o campeonato do mundo de stickfighting, modalidade em que recorrem às técnicas do jogo do pau, típico de Trás-os-Montes e do Minho, para terem um melhor desempenho a manusearem o bastão.

Na competição, na cidade de Breslávia, entre os cerca de 180 atletas de vários escalões, de 12 países, encontra-se o bicampeão mundial de combate com bastão acolchoado, Carlos Santos, de 44 anos, que vai defender o título, e outros que vão tentar o ouro na mesma disciplina e nas formas.

Carlos Santos, militar na GNR, tem origens em Torre de Moncorvo e desde pequeno que está familiarizado com o jogo do pau e assistia a demonstrações com o pau longo, o que usava o avô, pastor, e com o pau curto.

A rotação da anca e do corpo são movimentos que ficaram e lhe são úteis nos combates, rápidos e a elevada velocidade.

A base do combate com bastão — que tem as vertentes formas, combate com bastão acolchoado e bastão vivo — são as artes marciais e os participantes no Mundial, entre os 14 e os 53 anos, tinham esses conhecimentos prévios.

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Segundo Carlos Santos, que fazia karaté e kickboxing antes do combate com bastão, as artes marciais facilitam, “devido à postura, à posição e à capacidade de deslocação rápida”, mas o militar, como o são a maioria dos atletas, tem também conhecimentos de defesa pessoal e interesse no maneio do bastão, que é também uma ferramenta de trabalho.

Em Portugal, onde existem cerca de 50 a 70 praticantes, concentrados em Trás-os-Montes, Lisboa e Cascais, começou-se a participar em provas internacionais em 2012, de uma modalidade que surgiu nos anos 90 do último século.

A especialidade dos atletas lusos é o combate com bastão acolchoado, em que o objetivo é ver quem marca mais pontos de forma eficaz, e nas formas, prova com música, com figuras obrigatórias e em que é avaliada a originalidade e “a recriação dos movimentos com mestria e rapidez”.

A terceira vertente é o combate com bastão vivo, em que se utiliza uma armadura, um capacete com grade e ganha quem bater mais vezes com maior velocidade e potência.

Carlos Santos, também selecionador nacional, explicou, em declarações à agência Lusa, que a modalidade “requer muita rotina, muita repetição e muita velocidade”, além de treinos quatro vezes por semana com incidência “no cardio, no treino funcional, muito treino de circuito, natação, muito treino de potência muscular, de potência de carga e a parte técnica, com o bastão”.

Por vezes, da preparação resultam umas equimoses, mas o bicampeão mundial de combate com bastão acolchoado considera que “o futebol é mais violento” do que este tipo de arte marcial, que junta as técnicas do jogo do pau e da esgrima lusitana com o kali filipino, o combate com catana no país asiático.

O segredo é juntar o melhor do jogo do pau com algumas técnicas filipinas do kali“, recomenda o selecionador nacional, que espera que, com maior visibilidade e apoios, mais gente tenha contacto com o stickfighting e a modalidade possa ganhar mais praticantes.