Tudo está mal quando começa mal. Benfica e Casa Pia entraram este sábado em ação na segunda jornada do Campeonato Nacional, depois de terem perdido na ronda inaugural. Inevitavelmente, o objetivo dos dois conjuntos lisboetas passava por alcançar a vitória e não deixar fugir os rivais, apesar de estarmos a falar de equipas que lutam por objetivos distintos. No caso das águias, as vitórias de FC Porto e Sporting podia significar um atraso de cinco ou seis pontos na luta pelo título. Nos casapianos, duas derrotas nas duas primeiras jornadas mantinha a equipa na cauda da classificação.

Nos encarnados, o regresso ao Estádio da Luz não podia ser encarado de outra forma: só a vitória interessava. Depois da derrota em Famalicão (2-0), a juntar à venda de João Neves e à eventual saída de Neres, o clima continua pesado nas hostes encarnadas e a continuidade de Roger Schmidt tem sido contestada. No Minho, a equipa sentiu muitas dificuldades com bola e pouco conseguiu criar. Em sentido inverso, a defesa cometeu vários erros, perspetivando-se a entrada de António Silva.

Ficha de jogo

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Benfica-Casa Pia, 3-0

2.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Iancu Vasilica (AF Vila Real)

Benfica: Anatoliy Trubin; Alexander Bah, Tomás Araújo (Nico Otamendi, 85′), António Silva, Jan-Niklas Beste (Álvaro Carreras, 20′); Leandro Barreiro (Orkun Kökcü, 65′), Florentino Luís; João Mário (Tiago Gouveia, 65′), Gianluca Prestianni (Marcos Leonardo, 65′), Fredrik Aursnes; Vangelis Pavlidis

Suplentes não utilizados: Samuel Soares; Morato, Arthur Cabral e Renato Sanches

Treinador: Roger Schmidt

Casa Pia: Patrick Sequeira; João Goulart, José Fonte, Nermin Zolotic; Gaizka Larrazabal (André Geraldes, 86′), Miguel Sousa (Telasco Segovia, 58′), Beni Mukendi, Pablo Roberto (Raúl Blanco, 58′), Leonardo Lelo; Nuno Moreira (Tiago Dias, 77′) e Samuel Obeng (Max Svensson, 77′)

Suplentes não utilizados: Daniel Azevedo; Duplexe Tchamba, Fahem Benaïssa e Andrian Kraev

Treinador: João Pereira

Golos: Pavlidis (70′), Tiago Gouveia (80′) e Aursnes (90′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Telasco (67′)

“Eu sou um adepto do Benfica. Sou treinador, mas também um adepto. Como já foi mencionado queremos ser campeões todos os nós, mas estamos em Portugal, uma Liga extremamente competitiva e temos de aceitar que o Sporting teve uma época superior e mereceram ser campeões. Mas quando analisamos os últimos dois anos no Benfica conseguimos ver que aconteceram coisas importantes. Vencemos títulos, fizemos crescer jogadores que é também uma das nossas tarefas”, partilhou o alemão na antevisão.

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Do outro lado estava o Casa Pia, uma das equipas sensação do Campeonato nos últimos anos. Agora treinados por João Pereira, os gansos privilegiam uma formação compacta, em 3x5x2, e apresentam um futebol rápido e vertical, ainda que isso não tenha saltado à vista diante do Boavista (0-1). Sem Clau Mendes, Kiki Silva e Henrique Pereira, era certo que o Casa Pia ia apresentar alterações no relvado da Luz.

Assim, Roger Schmidt não contou com Di María, que se lesionou num treino, mas manteve praticamente intacto o onze inicial que jogou com o Famalicão. Só Morato saiu para o banco, confirmando-se a titularidade de António Silva. Também João Pereira teve uma contrariedade de última hora, com o guarda-redes Ricardo Batista a sentir um desconforto físico a poucas horas da partida. Patrick Sequeira rendeu-o na baliza e foi posto à prova logo no arranque do desafio, mas o remate de Prestianni em zona frontal saiu fraco e ao lado (3′). Na resposta, Nuno Moreira rematou à entrada da área para defesa difícil de Trubin (6′).

Depois de os encarnados entrarem melhor na partida, os gansos começaram a reagir e não precisaram de muitos passes para criar perigo junto da baliza adversária. Ainda assim, o Benfica continuou por cima, embora tenha começado a sentir as dificuldades sentidas em Vila Nova de Famalicão, com o jogo interior a ser facilmente anulado pelo Casa Pia. A aposta passava, por isso, pelos corredores laterais e pelas incursões de Bah e Beste, que sofreu uma lesão muscular ainda antes dos 20 minutos, e foi substituído por Carreras (20′).

E foi dos pés do espanhol que saiu a oportunidade seguinte, que terminou com João Mário a atirar para defesa apertada de Patrick Sequeira (25′). Pouco depois, o internacional português serviu Pavlidis à entrada da área, mas a bola parou nas mãos do guarda-redes (27′), e Prestianni voltou a aparecer a finalizar em zona central, embora tenha voltado a falhar a baliza (33′). Na resposta dos gansos, Larrazabal cruzou para a cabeça de Samuel Obeng que, com tudo para fazer melhor, cabeceou por cima (37′). Até ao intervalo, as águias continuaram a carregar, mas o nulo persistiu e o tribunal da Luz voltou a assobiar a equipa (0-0).

Foi precisamente ao intervalo que se registou o momento mais cinzento desta partida. No topo sul, bancada afeta aos No Name Boys, houve confrontos entre adeptos do Benfica e spotters. A PSP avançou, então, para tentar acalmar os ânimos. De acordo com a Antena 1, pelo menos um adepto foi detido, outro ficou a sangrar e várias famílias, incluindo crianças, tiveram de ser retiradas da bancada. Os acontecimentos terão sido motivados pela pirotecnia que os adeptos detonaram aos 30 minutos, embora esta não tenha afetado o jogo, à semelhança do que aconteceu em Alvalade na passada semana.

Quanto ao futebol propriamente dito, o Benfica entrou melhor na partida, procurando explorar da melhor forma a largura. Na primeira ocasião, Bah serviu Aursnes, este deixou para Prestianni e o argentino obrigou Patrick a defender (52′). Pouco depois, o norueguês cobrou um canto na esquerda, Pavlidis ganhou ao primeiro poste e cabeceou ligeiramente ao lado (60′). Já depois de Schmidt ter colocado Marcos Leonardo, Tiago Gouveia e Kökcü, a equipa reagiu bem e chegou ao primeiro golo no Campeonato, com o extremo português a cruzar para Pavlidis faturar de cabeça (70′).

O golo teve o condão de soltar o Casa Pia das amarras defensivas e, na primeira vez que subiu à área adversária, Nuno Moreira ficou a centímetros do empate (73′). Na resposta, Kökcü teve o segundo golo nos pés na cobrança de um livre, mas a bola saiu a rasar a trave (77′). Adivinhava-se o golo da tranquilidade e ele lá apareceu, com Tiago Gouveia a rematar cruzado dentro da área (80′). No lance seguinte, Marcos Leonardo isolou-se, mas Patrick Sequeira fechou bem a baliza (82′). A fechar, Kökcü descobriu Aursnes na direita, o norueguês entrou na área e rematou forte para o 3-0 (90′). Com três golos em 20 minutos, o Benfica somou o primeiro triunfo no Campeonato.