Não é muito comum ver Portugal entrar num qualquer Campeonato do Mundo enquanto campeão do mundo em título. Esta segunda-feira, porém, era precisamente isso que acontecia com o futsal: depois da conquista de 2021, com uma vitória frente à Argentina na final de Kaunas, na Lituânia, Jorge Braz e companhia arrancavam uma nova aventura com o objetivo claro de voltar a levantar o troféu.

Tudo começava contra o Panamá, na primeira jornada de um Grupo E onde também estão Tajiquistão e Marrocos e onde Portugal, que também é bicampeão europeu, é mais do que favorito a ficar com o primeiro lugar. Desde há três anos para cá, Jorge Braz perdeu a referência Ricardinho, manteve o núcleo duro formado por João Matos, Pany Varela ou Bruno Coelho, potenciou a geração de Zicky e Tomás Paçó e já recebeu a nova, encabeçada por Lúcio Rocha, recentemente considerado o melhor jogador jovem do mundo.

“Quando chegámos, no primeiro dia e depois do nosso primeiro treino de pavilhão, a melhor coisa foi sentir que estamos no ponto onde queríamos estar para iniciar a competição. Isso deixa-me extremamente satisfeito, feliz e com enorme vontade de que os jogos se iniciem. Não temos de forçar nada nem procurar marcar logo, temos de fazer o nosso jogo, de forma paciente. O Campeonato do Mundo começa agora e só acaba daqui a muito tempo, mas gosto muito de entradas à Portugal, com confiança, alegria e muita ambição”, explicou o selecionador nacional na antevisão, desvalorizando o facto de a maior vitória portuguesa de sempre em Mundiais ter sido precisamente contra o Panamá, no Mundial 2016, por 9-0.

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Era neste contexto que Portugal entrava na quadra esta segunda-feira, em Tashkent, no Uzbequistão. Jorge Braz escolheu Edu, João Matos, Bruno Coelho, Pany Varela (que atingia as 100 internacionalizações) e Erick para o primeiro cinco inicial no Campeonato do Mundo e do outro lado estava um Panamá cujo melhor resultado na competição aconteceu em 2012, quando conseguiu ultrapassar a fase de grupos e chegar aos oitavos de final.

A primeira parte de Portugal foi demolidora. Com um compromisso claro e sem baixar os níveis de intensidade apesar da superioridade face ao adversário, a Seleção Nacional aproveitou as fragilidades defensivas e coletivas do Panamá e foi para o intervalo a ganhar por 8-0. Pany Varela abriu o marcador com um remate de fora de área (5′), Afonso Jesus aumentou a vantagem ao finalizar uma jogada coletiva brilhante (5′), Bruno Coelho marcou também de longe (8′) e Tomás Paçó carimbou a goleada com um pontapé forte (11′).

Já na segunda metade do primeiro tempo, foi a vez de Erick marcar (12′), de Afonso Jesus bisar num lance em que pressionou o adversário de forma eficaz (16′), de André Coelho assinar o melhor golo do jogo com um remate impressionante (17′) e de o jovem Kutchy, em estreia em Campeonatos do Mundo, tirar um oponente da frente antes de atirar rasteiro para chegar ao oitavo golo português (20′).

A lógica do jogo manteve-se na segunda parte, mas sem tantos golos. Jorge Braz ia aproveitando o resultado confortável para gerir a equipa e fazer mais substituições e Portugal tinha muita bola, mas quase todas as finalizações esbarravam em defesas de José Alvaréz, guarda-redes que rendeu Jaime Peñaloza depois da exibição desastrada no primeiro tempo. O nono golo português só apareceu já a meio da segunda parte, por intermédio de André Coelho (29′), e o Panamá acabou por conseguir reduzir a desvantagem de grande penalidade, por Alfonso Maquensi (34′).

Pany Varela ainda teve tempo para bisar com direito a nota artística, desviando de calcanhar um passe de João Matos (37′), e já nada mudou até ao fim. Portugal goleou o Panamá no arranque do Campeonato do Mundo de futsal (10-1), aproximando-se da maior vitória de sempre na competição, e começou da melhor maneira a defesa do título conquistado em 2021. A Seleção Nacional volta a entrar em ação na quinta-feira, dia 19 de setembro, contra o Tajiquistão (16h).