O jogo do Sporting no Estoril, que terminou com mais uma vitória dos leões por claros 3-0, deixou aquela sensação que Rúben Amorim admitira na véspera que não gostara. Expliquemos: depois de uma primeira parte fiel aos seus princípios, com muita intensidade e capacidades de aceleração que faziam a diferença na defesa contrária, os leões baixaram o ritmo, deixaram de quando em vez que o encontro se partisse, ficaram a pensar em demasia no próximo encontro para a Champions. Ainda assim, apesar de tudo isso, a equipa fez mais um golo e saiu da Amoreira com liderança reforçada quase como se a história de qualquer jogo pudesse ser diferente nos seus capítulos mas tivesse sempre o mesmo final. Ao todo, são já sete vitórias consecutivas e aquela impressão que deixa o técnico desconfortável de que a equipa parece ter argumentos para tudo.

Da perceção para os números, essa é a atual realidade do Sporting. Com os sete triunfos seguidos, tendo pelo meio a vitória no clássico com o FC Porto em Alvalade, os leões conseguiram ganhar as sete primeiras rondas do Campeonato, algo que aconteceu apenas quatro vezes na história do clube – a última tinha sido ainda em 1990/91, quando Marinho Peres era treinador de uma equipa que teve como ponto alto a chegada às meias-finais da Taça UEFA (0-0 e 0-2 em Milão com o Inter), há 25 anos. Em paralelo, juntando ainda o triunfo com o Lille, a formação de Alvalade leva oito vitórias seguidas, igualando o melhor registo de 2023/24.

No entanto, os registos da equipa verde e branca não ficam por aqui e podem dividir-se em mais dois pontos de análise. Em termos ofensivos, com mais três golos naquela que foi a primeira jornada do Campeonato em que Gyökeres não festejou (tendo até saído aos 74′, ficando a fazer gelo no joelho direito sentado no banco), o Sporting chegou aos 25 golos, uma marca que ninguém alcançava há quase meio século desde o Benfica de 1975/76. Por outro lado, a formação leonina realizou o sexto encontro sem consentir golos, algo que não acontecia desde 2014/15, e chegou à sétima ronda da Liga com apenas dois golos sofridos, o que não acontecia desde 2011/12 com o Beira-Mar (em termos internos, é o melhor registo desde 1997/98).

“A primeira parte foi muito melhor, com velocidade diferente, não deixámos o Estoril sair. Na segunda perdemos alguns duelos e essa parte, quando fazemos pressão alta, se perdemos a bola, torna tudo mais difícil. Tivemos oportunidades, o Estoril chegou mais perto também. Olhando para o jogo, fizemos um bom jogo. Na segunda parte dominámos sem controlar tão bem”, começou por comentar Rúben Amorim na zona de entrevistas rápidas da SportTV, já depois de o MVP Geny Catamo ter admitido a “quebra” dos leões. “Parecia que existia uma gestão de esforço de toda a gente. A bola rolou mais devagar, não utilizámos a posse como na primeira parte. Porque aí os jogadores do Estoril teriam de pressionar, teriam mais dificuldades. Os jogadores podiam ter feito as coisas com mais qualidade”, acrescentou ainda o técnico verde e branco.

“Substituições? O Inácio precisava de jogar, o Quaresma também. O Dani viu-se, deu mais velocidade. Fazemos sempre uma mudança no médio centro, geralmente. O Quenda tem vindo a jogar, tentámos dar mais velocidade. Tirámos o Viktor [Gyökeres] para o Conrad [Harder]. Foi tudo junto, a pensar no próximo jogo e a pensar na gestão, pois todos precisam de minutos para se sentirem bem quando forem chamados. Melhor arranque desde 1990/91? É bom, com bons resultados. Não podíamos ter mais pontos. Foi um excelente início mas agora é continuar. Os rivais estão aí. Os jogadores estão de parabéns até hoje, mas amanhã começa uma nova história”, completou Rúben Amorim na flash interview do canal desportivo.

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