Desde esta segunda-feira que os alunos do Ensino Superior podem pedir consultas de psicologia e nutrição gratuitamente. Em dois dias, foram pedidos quase 1.500 cheques para a marcação destas consultas, segundo dados que o Ministério da Juventude e Modernização avançou ao Observador.

Até às 12h30 da passada quarta-feira foram solicitados 1.497 cheques: 843 para consultas de psicologia e 654 para nutrição. Cada cheque equivale a uma consulta. De acordo com o Ministério da Juventude, este programa prevê que possam ser asseguradas, ainda neste ano letivo, 100 mil consultas de psicologia e 50 mil de nutrição.

A medida faz parte de um programa que abrange instituições públicas e privadas. Todos os alunos inscritos no Ensino Superior podem usufruir, mas para isso é necessário fazer um pedido através da nova página do Governo. Aqui é explicado como se pode pedir o cheque e são esclarecidas questões sobre “Como marcar a consulta”.

No total, cada aluno pode ter acesso a 12 consultas de psicologia gratuitas, no máximo. E a seis consultas de nutrição.

O Ministério tutelado por Margarida Balseiro Lopes argumenta que a medida foi “elaborada com a colaboração das Ordens dos Psicólogos e dos Nutricionistas”. Mas a Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior (RESAPES) critica o facto de não ter sido ouvida.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Estudantes do ensino superior já podem pedir consultas de psicologia e nutrição

Psicólogos criticam critérios de exclusão. Ministério defende “caráter técnico” do modelo

Segundo a presidente da RESAPES, Olga Cunha, “a maioria dos alunos” ficará excluída por não cumprir os requisitos definidos. “Estudantes com sintomas há mais de um ano e meio ou com ideação suicida ficarão de fora, quando os estudos sobre saúde mental no Ensino Superior mostram que a ideação suicida, por exemplo, é relativamente comum”, disse ao Expresso.

A responsável da rede está ainda preocupada com o número limitado de consultas, argumentando que “muitos estudantes trazem questões académicas que, na verdade, são pretexto para pedir ajuda com outros problemas”.

Confrontado com estas questões, o Ministério da Juventude explica que “as patologias clínicas de inclusão e exclusão na medida — que são avaliadas nas respetivas consultas de avaliação (duas no caso dos cheques-psicólogo e uma nos cheques-nutricionista) — foram elaborados pelas respetivas ordens profissionais, considerando o seu carácter eminentemente técnico”.

Após essa avaliação inicial, “são atribuídas sessões adicionais (10 no caso dos cheques-psicólogo e 5 nos cheques-nutricionista) ou o profissional reencaminha o paciente para a resposta mais adequada, seguindo os trâmites habituais”. “Além disso, uma das condições de adesão é precisamente que as instituições de Ensino Superior aderentes tenham um gabinete de apoio psicológico e, não o tendo, que se comprometam a criar um durante o ano letivo”, lê-se ainda na resposta deste Ministério ao Observador.

No final do primeiro semestre, o que corresponderá ao final deste ano civil, será feita “uma avaliação da medida e eventuais ajustes que se mostrem necessários”, destaca o Ministério da Juventude.