Centenas de trabalhadores não docentes estão esta sexta-feira a manifestar-se em Lisboa para exigir melhores condições de trabalho e a valorização salarial daqueles que dizem fazer tudo nas escolas, num dia marcado pela greve que encerrou estabelecimentos por todo o país.

A concentração estava marcada para as 14h30 em frente à Basílica da Estrela e, apesar do atraso, o protesto convocado pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) já juntava várias centenas de pessoas uma hora depois, quando a marcha arrancou em direção ao edifício do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, que funciona junto à Avenida 24 de Julho.

Salário mínimo a vida toda? Não, obrigada” e “Trabalhadores não docentes exigem carreiras decentes” são algumas das mensagens nos cartazes que vão exibindo, enquanto gritam palavras de ordem como “A negociação é um direito, sem ela nada feito”.

A adesão à greve dos trabalhadores não docentes rondou os 85%, segundo um balanço da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), que relata que a maioria das escolas encerrou.

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“A greve atingiu mais de 85% de adesão dos trabalhadores. A grande maioria das escolas está fechada e há concelhos sem uma única escola aberta”, disse aos jornalistas Artur Sequeira, da federação sindical.

“Está a ser uma grandiosa greve, muito embora alguns diretores, por via da passagem destes trabalhadores para as câmaras municipais, estão a fazer uma enorme confusão e a substituí-los, como está a acontecer em algumas escolas em Viseu, por trabalhadores da própria Câmara, o que é uma grande ilegalidade”, salientou o dirigente sindical, que falava aos jornalistas antes da ida de vários trabalhadores para a manifestação convocada para o início da tarde, em Lisboa.

Esta manhã, pelo menos 37 escolas nos distritos de Aveiro, Coimbra, Viseu e Leiria estavam encerradas devido à greve dos trabalhadores não docentes. No concelho de Gondomar, distrito do Porto, todas as escolas do agrupamento estavam encerradas.

No protesto, estiveram presentes os líderes do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, e do PCP, Paulo Raimundo.

Antes mesmo do início da marcha, Mariana Mortágua foi interpelada por uma das manifestantes, Rosa Ferreira, assistente operacional numa escola em Cascais, que quis denunciar a sua situação.

Tenho o maior orgulho na minha profissão, mas o maior desgosto com o meu salário. Ganho 821 euros“, contou, lamentando o que disse ser uma situação vergonhosa e defendendo a criação de uma carreira especial e dignidade para a profissão.

Os problemas de Rosa Ferreira são partilhados por milhares de profissionais, relatou à Lusa outra trabalhadora não docente, que conta como muitas colegas com mais de 30 anos de serviço continuam a ganhar o salário mínimo.

Os trabalhadores não docentes exigem a criação de carreiras especiais, aumentos salariais e melhores condições de trabalho.

A FNSTFPS também pede uma revisão da portaria de rácios que aumente o número de trabalhadores, o fim da precariedade e um reverso no processo de municipalização.

Na sequência do processo de descentralização, os trabalhadores não docentes passaram a ser contratados pelas autarquias, mas o próprio ministro da educação já defendeu a necessidade de repensar a situação desses profissionais.