O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse este domingo que o país “tem mais oficiais” nas forças de defesa e segurança “do que soldados”, uma situação que considerou ser inaceitável nos esforços de desenvolvimento.
O chefe de Estado guineense falava aos jornalistas à margem de uma visita e almoço com os oficiais do Ministério do Interior, em Bissau.
“Hoje temos mais oficiais que soldados. Como é que isso é possível”, questionou Umaro Sissoco Embaló, que disse estar a combater aquela realidade no sentido de a mudar.
O chefe de Estado afirmou que o país conheceu vários Presidentes da República desde o fim do conflito político-militar de 1998/99, mas que nenhum “teve a coragem de atacar o problema”, que diz agora enfrentar por ter sido oriundo das Forças Armadas. Embaló cumpriu o Serviço Militar Obrigatório nos anos de 1990.
O Presidente guineense disse ser necessário um diálogo para mudar aquele paradigma, ao mesmo tempo que é preciso encorajar os cidadãos a retomarem a confiança no país. Sissoco Embaló afirmou que a diáspora guineense “é a mais perdida”, onde, disse, existem cidadãos que “falam mal do país”.
O Presidente observou ainda que guineenses, sobretudo os que vivem na diáspora, “insultam as autoridades”, mas avisou que vai se manter no poder “até dois mil e trinta e tal”, enquanto o poder for conquistado através do voto do povo, notou.
“Enquanto eu for Presidente, nem o chefe do Estado-Maior (das Forças Armadas) será assassinado, nem chefes dos ramos (das Forças Armadas) serão assassinados. Quem duvidar que tente, haverá consequência”, sublinhou, referindo-se a eventuais golpes de Estado.
O chefe de Estado defendeu que “as pessoas sabem hoje qual é a correlação de forças” que existe no país, onde, frisou, deve existir ordem e disciplina. “Existe só um chefe neste país”, afirmou, referindo-se a si próprio.
O chefe de Estado guineense disse ter ficado “agradavelmente surpreendido” ao constatar que existem no Ministério do Interior cinco jovens acabados de chegar ao país após se formarem na Escola Superior da Polícia de Segurança Pública (PSP) em Portugal.
“Devem ser aproveitados como professores até nas nossas universidades, têm condições para lá lecionarem. Quando fizermos um recrutamento de novos polícias essa gente poderá capacitar os novos polícias”, observou Sissoco Embaló.