O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou esta terça-feira que Tiago Mayan não teve “nenhum beneficio pessoal” com a falsificação de assinaturas e avançou que será a número dois da lista a presidir à freguesia da Foz.

Queria chamar a atenção que o Dr. Tiago Mayan não teve nenhum benefício pessoal nisto“, afirmou esta terça-feira Rui Moreira, à margem da inauguração do parque de estacionamento subterrâneo do Aviz.

Questionado sobre a demissão de Tiago Mayan, que assumiu ter falsificado assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, Moreira disse acreditar que o ato tenha surgido após “um conjunto de negligências” na gestão daquele programa de apoio.

Compreenderá que não posso julgar, apenas dizer que são coisas que não deviam acontecer“, assinalou, dizendo que Mayan “fez bem em apresentar a demissão”.

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“É sempre uma pena. O Tiago Mayan é uma pessoa que toda a gente conhecia, foi candidato à Presidência da República, candidato à liderança da Iniciativa Liberal. Por um lado, é aquela situação que nos causa a todos constrangimentos percebermos que às vezes no melhor pano cai a nódoa e esta é, de facto, uma nódoa que ele assume como sua”, acrescentou.

Aos jornalistas, Moreira avançou que será a número dois no executivo, Ana Furtado, a ocupar o lugar de Tiago Mayan na presidência da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.

Ana Furtado já tinha ocupado, entre maio e outubro de 2021, a presidência daquela junta na sequência da morte do então presidente Nuno Ortigão, em abril desse ano.

Rui Moreira disse também esperar que a junta possa entregar ainda este ano os documentos necessários para a celebração do contrato interadministrativo.

“Estou à espera que o processo seja repristinado na junta, preparem os documentos certos, que submetam à câmara urgentemente porque estamos muito preocupados com as associações”, destacou.

Questionado sobre a intenção do PS, de que o município avançasse com uma auditoria à junta, Moreira disse já ter explicado aos socialistas que, como não existiu nenhuma deliberação do executivo, “não faz sentido haver uma auditoria”.

Não há necessidade da nossa parte de fazer a auditoria. Se entendem fazer auditoria na junta de freguesia, compreenderá que esta é uma matéria de uma autarquia diferente. Acho perfeitamente compreensível que as pessoas depois desta situação estejam preocupadas, acho que é o normal funcionamento da democracia”, referiu.

O autarca independente admitiu ainda estar dececionado com o ato de Mayan, mas confessou não se sentir responsável pelos “atos irrefletidos” praticados.

“Se tivesse sido uma coisa organizada, aí, com certeza que me sentiria culpado, assim não. Confesso que não me sinto. Se pergunta se fico contente, não. Acreditava que [Mayan] ia levar o mandato até ao fim”, acrescentou.

Na quinta-feira, Tiago Mayan demitiu-se do cargo de presidente da junta, alegando falta de “condições pessoais para continuar a exercer” o cargo e assumindo que o motivo era da sua “inteira responsabilidade”.

O ex-candidato presidencial apoiado pela Iniciativa Liberal assumiu ter falsificado as assinaturas dos membros do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, numa ata datada de 16 de setembro.

Numa reunião quarta-feira entre o júri e o executivo da junta, quando confrontado com o documento, Mayan confirmou “que foi ele que elaborou o documento e colocou as assinaturas, atribuindo a si próprio tal responsabilidade, isentando de qualquer culpa todos os restantes membros do seu executivo e colaboradores”, referia a ata dessa mesma reunião.

Tiago Mayan foi eleito, em setembro de 2021, presidente da junta com 36,92% dos votos, pelo movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, apoiado pela IL, CDS, Nós Cidadãos e MAIS.

Pelo movimento independente foram eleitos para o executivo da junta Ana Júlia Furtado, José Ramos, Laura Lages Brito e Germano Castro Pinheiro. O executivo é ainda composto pelos social-democratas Tiago Lourenço e Cláudia Bravo.