“Vamos jogar? Polícia Federal, tem 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas.” Foi desta forma que aquele tem sido apontado como suspeito (e única vítima mortal) do ataque desta quarta-feira, Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, divulgou nas redes sociais o alegado plano que terá desenhado para atacar esta quarta-feira a Praça dos Três Poderes, em Brasília. As publicações que o Observador leu na conta do homem de 59 anos do Facebook — e que entretanto foram apagadas — mostram mensagens enviadas para si próprio no Whatsapp, nas quais detalha que o plano começa esta quarta-feira e que apenas termina no próximo sábado.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, indicou que o carro — carregado de fogo de artifício — que terá explodido durante o ataque na Praça dos Três Poderes pertencia a Francisco Wanderley Luiz. Ainda assim, três horas depois do ataque não tinha sido possível confirmar se a vítima era realmente o dono do veículo e o homem que divulgou as suas ideias de ataque nas redes sociais — ainda que, admitiram as autoridades brasileiras, seja esta “uma linha de investigação”.
O homem de 59 anos, que morreu quando tentava entrar no Supremo Tribunal Federal, publicou online os alegados planos para o ataque cerca de uma hora antes de ter entrado na Praça dos Três Poderes. Na sua descrição do Facebook, diz ser um “empreendedor, investigador e desenvolvedor”.
Segundo as mensagens nas redes sociais, teria como objetivo começar uma “revolução” esta sexta-feira, dia 15 de novembro. “Após este grande acontecimento, vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da república”, escreveu nas redes sociais, aludindo às comemorações do 15 de novembro, dia em que o Brasil celebra a proclamação da república.
Nas mesmas mensagens, Tiü França deixa sugestões aos generais Freire Gomes, que foi comandante do exército em 2022, e Tomás Paiva, o atual comandante do exército brasileiro. “Se por acaso for decretado Estado de sítio, sugiro que fiquem ao lado do povo. Ao contrário, os serviços de informações vai entrar em ação. E, nesse caso, eu só lamento.”
Francisco Wanderley Luiz defendeu ainda que o Brasil vive um “período bastante turbulento e degenerativo” e disse sentir que tinha de fazer alguma coisa, divulgando igualmente várias teorias de conspiração. Nas mesmas mensagens, publicou uma fotografia de si mesmo no Supremo Tribunal Federal em que escreveu que “deixaram a raposa entrar no galinheiro”. “Ou não sabem o tamanho das presas, ou é burrice mesmo”, insinuou.
Ao jornal Metrópoles, o filho adotivo do principal suspeito, Guilherme António, disse que já não mantinha contacto com o pai há alguns meses, tal como a restante família. “Ele tinha uns problemas pessoais com a minha mãe e estava muito abalado com a situação, e ele viajou. Ele só queria viajar. A intenção dele era ir para o Chile”, conta, acrescentando que soube que Tiü França passou por “Itapema e Minas Gerais” antes de chegar a Brasília.
Chaveiro de profissão, o homem de 59 anos ainda teve uma breve carreira política. Foi candidato a vereador nas eleições municipais de 2020 no Rio do Sul pelo Partido Liberal (PL), o mesmo do ex-Presidente Jair Bolsonaro. Sob o nome de Tiü França, não conseguiu ser eleito, reunindo apenas 98 votos.
Homem era de “família do bem”, mas “aparentava severos problemas mentais”, relata deputado republicano
O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) diz que conhecia o Francisco Wanderley Luiz, que se acredita ser o homem encontrado morto em frente ao Supremo Tribunal Federal após a detonação de explosivos na praça dos Três Poderes, em Brasília.
De acordo com a Folha de São Paulo, o deputado enviou mensagem num grupo de WhatsApp com deputados dizendo que conhecia Luiz e sua família e que ele “realmente aparentava severos problemas mentais“.
Ao jornal brasileiro, Goetten afirmou que o homem esteve no seu gabinete algumas vezes no ano passado e uma última vez em agosto deste ano. “Um cara que eu conhecia há mais de 30 anos, um empreendedor de sucesso, de família do bem. Fiquei contente com a visita dele, fico sempre feliz com visitas, ainda mais quando é um conterrâneo. Estamos muito abalados”, reconheceu o deputado.
“No ano passado, comentei no gabinete que tinha achado ele meio estranho, emocionalmente abalado. Ele falava muito da separação dele. Pareceu-me meio abalado”, acrescentou, referindo que pediu a amigos em comum qie visitassem a família do homem para perceber o que podia ser feito para o ajudar.