“Se eu fosse o capitão, não me poria a jogar no encontro seguinte. Pelo meu nível não me elegeria mas isso não quer dizer que não tenho vontade de jogar. Pode ter sido a minha última partida em termos individuais. A decisão de jogar será dele [David Ferrer], é para isso que é capitão. Não coloquei nenhuma pressão. Se ele tomou a decisão de que deveria jogar, sabíamos que havia um risco. Não conseguia ganhar o ponto, não posso dizer que lamento porque isto é desporto mas tentei, como tentei sempre. Não se pode controlar o nível a que chegamos. Aquilo que disse era que iria descartar-me se visse que não estava preparado mas tenho estado a treinar bem. Irei treinar todos os dias para o caso de a equipa necessitar de mim em algum momento. Perdi o meu primeiro jogo na Taça Davis e agora o último, fechei o círculo…
“Sabia que podia ser o último jogo profissional e as emoções acabaram por tornar-se difíceis de gerir. Não tive capacidade para ler o jogo suficientemente rápido para sentir o controlo. Os pontos foram passando rápido, não houve tempo para pensar. Quando passas tanto tempo tudo acaba por decidir-se em pequenos detalhes. Não estou com os mesmos automatismos dos jogadores que estão no circuito. Não será hoje o dia em que vou fazer uma autocrítica, não tinha agilidade mental para tomar as decisões sem pensar.”
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???????????????? ???? ???????????????????????? ???????????????? ???????? ???????????????????????????? ???????????? ????????????????????.❤️???? Ha llegado el día: Rafa Nadal se retira del tenis profesional.
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— Eurosport.es (@Eurosport_ES) November 19, 2024
Este poderia ser o primeiro discurso de Rafa Nadal após o adeus. Este podia ser também o primeiro discurso de Rafa Nadal no jogo antes do adeus. O que traçava a linha? Em grande parte, o expoente da nova geração e um dos maiores ídolos no circuito, Carlos Alcaraz. E tudo porque, 113 dias depois, o mais velho acabou por “pagar” o regresso a um encontro competitivo depois da participação no Six Kings Slam, na Arábia Saudita. Parecia que todos queriam estar naquele braço esquerdo do maiorquino para dar uma “força extra” que pudesse reduzir a diferença de ritmo para Botic van de Zandschulp mas o neerlandês levou a melhor.
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G͟R͟A͟C͟I͟A͟S͟ ͟R͟A͟F͟A͟ ????????
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Os dois encontros realizados entre ambos em 2022 caíram para o espanhol mas o agora 80.º do ranking ATP sabia que partia em vantagem. O que tinha de controlar? A parte anímica. “Sei que o mundo inteiro vai estar a olhar para a nossa eliminatória mas, mesmo que ganhe, isso não quer dizer que tenha sido o último jogo do Rafa… Já pensei nisso mas não é algo em que me foque muito, isso iria deixar-me louco. Desde pequeno que foi o meu ídolo, via sempre os seus jogos na TV. Vai ser um prazer jogar com ele”, salientara.
Se dúvidas ainda existissem, a forma como Rafa Nadal ouviu de forma emocionada o hino mostrava que não era um encontro qualquer. Para o bom, para o mau. Para o início do fim, para o fim de um novo início. Tudo acabou por ser equilibrado no arranque, com serviços em branco ou com pontos cedidos, até dois jogos que foram às vantagens até ao 4-4 no set inicial. Aí, Botic van de Zandschulp conseguiu quebrar o serviço para fechar depois o primeiro parcial em 6-4. Foi um momento que definiu a partida, foi um momento que fez com que o estado do espanhol ficasse definido: o vencedor de Grand Slams por 22 ocasiões perdeu dois dos três jogos seguintes de serviço, esteve a perder por 4-1, ainda fez o 4-3 no encontro mais comprido entre ambos mas acabou por perder por 6-4 naqueles que poderiam ser os últimos 114 minutos de carreira.
La emoción de Rafa Nadal en su último torneo como profesional. Leyenda del tenis, leyenda del deporte. ❤️pic.twitter.com/Fj37wmufVN
— VarskySports (@VarskySports) November 19, 2024
Enquanto se esperava pelo encontro seguinte, entre Carlos Alcaraz e Tallon Griekspoor, havia um autêntico desfile de homenagens ao jogador espanhol. O mais impactante acabou por ser em Paris, cidade onde ganhou 14 vezes Roland Garros, com a Praça do Trocadéro, com a Torre Eiffel iluminada de fundo, a ter a inscrição de todas as conquistas de Rafa Nadal ao longo da carreira. Mas houve mais, de Serena Williams a Maria Sharapova, passando pela emotiva carta de Roger Federer que emocionou o mundo do desporto. E continuou a haver, tendo em conta que só noite dentro chegou a decisão nos quartos da Taça Davis.
Nike lights up the Rafa Nadal logo next to the Eiffel Tower in Paris for his retirement.
Beautiful way to honor the man who accomplished untouchable history in this city.
Iconic brand.
Iconic logo.
Iconic athlete.
It all began here. ????
— The Tennis Letter (@TheTennisLetter) November 19, 2024
Depois de um primeiro jogo com 13 pontos, Alcaraz e Griekspoor conseguiram quebrar o serviço a cada de forma consecutiva e levaram a decisão para o tie break, com o espanhol a ganhar em branco num momento que deixou Rafa Nadal a festejar de punho cerrado no banco. Ele, mais do que ninguém, percebia o que esse desempate significava, com o atual número 3 do mundo a ter um segundo set bem mais confiante para fechar o triunfo e a igualdade na eliminatória com 6-3. Tudo ficava adiado para a partida de pares.
Rafa Nadal:
One of one. pic.twitter.com/WnFTy1Sa4W
— Tennis TV (@TennisTV) November 19, 2024
Aí, equilíbrio foi a nota dominante. Espanha e Países Baixos tiveram pontos de break que não conseguiram aproveitar, podiam ter fechado também o primeiro parcial no serviço contrário mas acabaram por decidir tudo no tie break, com os neerlandeses a levarem a melhor tendo Wesley Koolhof em plano de destaque ao lado de Botic van de Zandschulp contra um Alcaraz com bolas impossíveis a não ver o mesmo rendimento do especialista Marcel Granollers (7-4 em 70 minutos). Rafa Nadal já não conseguia ficar sentado perante a possibilidade de acabar esta terça-feira a carreira mas o seu espírito como que entrava no court ao som do “Si se puede” que se ia cantando nas bancadas. Quando Alcaraz fez o primeiro break em todo o jogo no 2-1, com um winner fabuloso na resposta ao serviço, Nadal parecia um miúdo aos saltos a fazer a festa.
A Espanha tinha recuperado o ascendente anímico na partida mas os Países Baixos, também com muitos adeptos em Málaga para apoiar a seleção, nunca vacilaram. Mais: perceberam que tinham em Granollers um elo mais fraco que estava a ceder e que acabou por transformar-se num calcanhar de Aquiles dos espanhóis. Foi a aposta no veterano jogador de 38 anos que rendeu um break decisivo no 4-4 que mudou aquilo que estava a ser o rumo do segundo parcial, colocando ainda mais pressão no que se seguiria. Com Alcaraz a servir, o jogo ainda começou com 0-30 mas acabou com o 5-5; com Granollers de seguida, e apesar dessa aposta no jogador mais velho, tudo foi para o tie break. Nadal já funcionava como capitão, a dar instruções aos companheiros, mas prevaleceu o sangue frio dos neerlandeses para fecharem com 7-3.
Rafa Nadal with some heartfelt words as he retires from tennis:
“A lot of people work hard. A lot of people try their best every single day. I have been very lucky. I just want to be remembered as a good person and a kid who followed his dreams… and achieved more than I ever… pic.twitter.com/fbUuVBgXeg
— The Tennis Letter (@TheTennisLetter) November 19, 2024