As Ciências da Computação poderão integrar no próximo ano letivo o ensino obrigatório em Portugal, cumpridos cinco anos de testes em 24 escolas nacionais, revelou esta quinta-feira à Lusa o presidente da Associação para o Ensino da Computação (ENSICO).
Segundo Luís Neves, desde 2020 que a associação desenvolve conteúdos, pilotos, avaliadores de impacto, ações de formação, parcerias académicas e empresariais para, num horizonte de cinco anos, até 2025, o seu programa de ensino da computação integre o ensino obrigatório, abrindo aos alunos das escolas públicas ou privadas, a possibilidade de aprender Ciências da Computação.
A ideia é que “a computação seja ensinada nas escolas ao longo dos 12 anos de escolaridade“, precisou o também fundador da associação, enfatizando que desde 2020 estão “a trabalhar para testar esse programa nas escolas”.
Sobre a metodologia, disse, passa por introduzir “conteúdos, as matérias que são dadas em cada aula e que vai progredindo de acordo com o programa que estão a desenvolver para os vários anos de escolaridade”.
“Nos dois primeiros anos nem sequer usámos computador”, disse sobre o projeto que abrange atualmente sete mil alunos de 24 escolas dos concelhos de Arcos de Valdevez, Bragança, Gondomar, Vila do Conde, Mirandela, Monção, São João da Pesqueira e Cascais, lê-se no comunicado enviado à Lusa.
“Estamos a fazer isto envolvendo os professores das escolas, quer sejam do I Ciclo quer sejam os que depois dão os II e III ciclos e secundário, a maioria deles de matemática”, informou Luís Neves.
Paralelamente à implementação do programa no terreno, a associação, revelou o responsável, tem debatido a sua aplicação com o Ministério da Educação.
“As reuniões com a tutela têm evoluído bem, temos informado todos os governos, desde 2020, e já estamos em discussões com o atual Ministério da Educação e estamos muito esperançados, achamos mesmo que vamos atingir o objetivo de a partir de 2025 começar a trabalhar à escala nacional“, acrescentou o presidente da associação sediada no Porto.
E prosseguiu: “já estamos a preparar o arranque à escala nacional no próximo ano letivo, queremos que seja o maior possível, incluindo os arquipélagos da Madeira e dos Açores”.
Ressalvando que o sucesso da implementação do programa “vai depender da autonomia das escolas”, a associação aponta para, no “espaço de 10 anos, chegar a todos os alunos até ao 9.º ano e, depois, aos dos secundário”.
Segundo Luís Neves, 2.500 dos sete mil alunos envolvidos no projeto recebem apoio direto da NOS, uma parceria denominada Projeto Zer01, frisou, que permitiu à ENSICO “chegar a zonas mais desfavorecidas do país (…) e a agrupamentos e regiões com escolas com poucos alunos e com casos em que, uma parte deles, têm de fazer deslocações grandes para ir às aulas”.