O ministro da Educação voltou atrás sobre os dados que avançou na semana passada relativos ao número de alunos que, desde o início do ano letivo, estiveram permanente sem aulas a pelo menos uma disciplina. Fernando Alexandre disse que eram apenas 2.338 os alunos nesta situação, afirmando que esse universo corresponderia a uma redução de 90% face aos 21 mil no mesmo período do ano passado. Já esta sexta-feira, o ministro admitiu que os dados estavam incorretos. “Lamento ter indicado aquele dado, hoje não o teria feito”, diz agora Fernando Alexandre ao Expresso, o mesmo jornal a quem tinha avançado os valores em primeiro lugar, que posteriormente foram discutidos em conferência de imprensa.
As declarações surgem depois de várias vozes terem levantado dúvidas sobre a contagem do Governo. Dúvidas que partiram do antecessor no cargo, João Costa, e do PS, que acusou o Governo de “faltar à verdade” e garantiu que o número em causa rondava os 2 mil e nunca os 21 mil.
“Confesso que já não acredito nestes números [fornecidos pela DGEstE]. Para mim deixaram de ter validade. Simplesmente não são credíveis”, reconhece agora o próprio ministro, acrescentando que tinha confiado nos elementos que lhe tinham sido apresentados e que, “ao longo de várias semanas de trabalho e reuniões”, nunca foram postos em causa pelos serviços.
“Confrontado com dados contraditórios, o MECI [Ministério da Educação, Ciência e Inovação] considerou não existir fiabilidade na informação prestada pelos serviços sobre o ano letivo de 2023/24, colocando em causa o rigor de todos os dados que têm vindo a público, incluindo o valor de referência escolhido pelo Governo para a avaliação do efeito das suas medidas, assim como os dados divulgados pelo ex-ministro João Costa”, disse o ministério numa resposta escrita ao Expresso.