A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala foi, esta sexta-feira, reconduzida para um segundo mandato à frente da Organização Mundial do Comércio (OMC), a dois meses do regresso ao poder de Donald Trump, que mostra recusar as regras do comércio internacional.

“Os membros da OMC decidiram confiar a Ngozi Okonjo-Iweala um segundo mandato como diretora-geral”, indicou a organização em comunicado, após uma reunião de dois dias na sua sede em Genebra.

Primeira mulher e primeira africana a dirigir a OMC, Okonjo-Iweala era a única candidata ao cargo. Aos 70 anos foi reeleita por consenso, com aplausos, pelos 166 membros da organização, para cumprir um segundo mandato que tem como prioridade evitar que o mundo se afunde no protecionismo.

O primeiro mandato só termina no final de agosto, mas o processo de recondução foi antecipado a pedido dos países africanos, oficialmente para facilitar os preparativos da próxima conferência ministerial da OMC nos Camarões, em 2026.

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O objetivo não declarado é “acelerar o processo porque não queriam que a equipa de Donald Trump o vetasse como há quatro anos”, considerou o antigo porta-voz da OMC, Keith Rockwell, investigador da fundação Hinrich, citado pela AFP.

O diretor-geral é tradicionalmente designado por consenso, o que permitiu a Donald Trump em 2020 bloquear a primeira candidatura de Okonjo-Iweala, impedindo a organização de ter um líder durante meses, até à presidência de Joe Biden.

O regresso à Casa Branca de Trump, que venceu as presidenciais norte-americanas de 5 de novembro, relança a preocupação com as guerras comerciais, tendo já ameaçado com a imposição de novas tarifas à China, Canadá e México, depois de um primeiro mandato (2017-2021) marcado por conflitos comerciais com a China e a Europa.

Okonjo-Iweala assumiu a liderança da OMC em março de 2021, quando a organização estava praticamente paralisada por múltiplas crises, num mundo mergulhado no marasmo económico causado pela pandemia de Covid-19.

Venceu sete outros candidatos e sucedeu ao brasileiro Roberto Azevedo, que se demitiu em agosto de 2020, antes do fim do mandato.

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