A agitação marítima destruiu uma mercearia e um café na freguesia de Ribeira Quente, na ilha de São Miguel, nos Açores. Vinte casas ficaram inundadas nessa região, a mais afetada pelo mau tempo que se fez sentir esta madrugada, e duas pessoas tiveram de ser realojadas.
Ruben Melo, presidente da Junta de Freguesia da Ribeira Quente, disse à SIC que a “agitação marítima era muito forte” e que tanto ele como dois trabalhadores da autarquia foram “surpreendidos por uma onda” quando estavam a apoiar a população. Um dos funcionários ficou com “ferimentos leves num joelho”.
De acordo com o autarca, os trabalhadores da Junta de Freguesia, o presidente da Câmara e a população têm “unido esforços” nos trabalhos de limpeza da mercearia, nomeadamente dos produtos que estavam no interior. “Mais uma vez, a união do povo foi fantástica”, destacou Ruben Melo, mencionando que o valor dos estragos ainda não foi calculado.
Face às previsões do IPMA, que apontam para um possível agravamento do estado do tempo nos Açores, a proteção de portas e janelas das casas que ficam “mais perto da orla marítima” foi “reforçada”.
Grupos Ocidental e Central com aviso amarelo de chuva, vento e agitação marítima
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou as ilhas dos grupos Ocidental e Central dos Açores sob aviso amarelo para terça-feira, devido às previsões de vento, precipitação por vezes forte e agitação marítima.
Em comunicado, o IPMA aponta que o agravamento do estado do tempo deverá começar por afetar o grupo Ocidental (Flores e Corvo), que vai estar sob aviso amarelo a partir das 5h locais (6h em Lisboa) e até às 23h locais de terça-feira, por causa das previsões de vento (direção de sul, rodando para noroeste). Flores e Corvo vão estar também sob aviso amarelo, referente à agitação marítima (ondas de oeste, passando a noroeste), entre as 11h locais (12h em Lisboa) e as 23h locais de terça-feira.
O IPMA emitiu ainda aviso amarelo para as duas ilhas do grupo Ocidental, devido às previsões de precipitação por vezes forte, entre as 20h locais (21h em Lisboa) de terça-feira e as 5h locais de quarta-feira. Para as ilhas do grupo Central (Terceira, Faial, Graciosa, São Jorge e Pico) o aviso amarelo, por causa da agitação marítima (ondas de oeste, passando a noroeste) é válido entre as 17h locais (18h em Lisboa) de terça-feira e as 5h locais de quarta-feira. O grupo Central vai estar igualmente sob aviso amarelo por causa do vento (direção de sudoeste, rodando para noroeste, entre as 20h locais (21h em Lisboa) de terça-feira e as 6h locais de quarta-feira.
A Autoridade Marítima Nacional e a Marinha emitiram também um comunicado onde alertam para “um agravamento considerável das condições meteorológicas e de agitação marítima” nos grupos Ocidental e Central do arquipélago dos Açores, a partir de terça-feira e até ao final do dia de quarta-feira. A agitação marítima “será caracterizada por uma ondulação proveniente do quadrante Noroeste, com uma altura significativa que poderá atingir os sete metros e uma altura máxima de 13 metros, com um período médio a variar entre os 8 e os 12 segundos”.
São esperados ventos provenientes do quadrante Noroeste, com uma intensidade média de até 84km/h e rajadas até 152km/h”, alertam ainda.
Assim, a Autoridade Marítima Nacional e a Marinha aconselham o reforço da amarração e “vigilância apertada das embarcações atracadas e fundeadas” e desaconselham a pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba “frequentemente atingidas pela rebentação das ondas”, já que “o mar pode facilmente alcançar zonas aparentemente seguras”.
Evitar passeios junto ao mar ou em zonas expostas à agitação marítima, nomeadamente os molhes de proteção dos portos, arribas ou praias, são outras das recomendações à comunidade marítima e à população. Também o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores recomenda que sejam tomadas medidas de autoproteção, face ao agravamento do estado do tempo nos grupos Ocidental e Central, devido à “aproximação de uma depressão com um sistema frontal associado”.
O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.
*Notícia atualizada às 22h51 com os estragos provocados pelo mau tempo na ilha de São Miguel