Um treino cancelado, uma reunião e um pacto que não terá sido cumprido. As últimas horas do Oliveira do Hospital, clube que atua na Liga 3, foram de alguma instabilidade e acabaram por incluir a inexistência do treino que estava marcado para esta segunda-feira e a realização de uma conversa mais profunda entre plantel, equipa técnica, diretor desportivo e presidente.

Esta segunda-feira, os jogadores do Oliveira do Hospital concentraram-se no Estádio Municipal de Tábua, onde treinam e jogam, mas acabaram por decidir não treinar. O grupo de capitães, assim como a equipa técnica liderada pelo treinador Rui Santos, juntou-se numa reunião de emergência com o diretor desportivo Evandro Roncatto (antigo jogador de Belenenses, P. Ferreira e Casa Pia) e com Mário Brito, presidente do clube – onde foi discutida a situação financeira do emblema, o atraso no pagamento de salários e também o momento desportivo, já que a equipa leva duas derrotas consecutivas.

Horas depois, o jornal Record dava conta da situação e indicava que não tinha existido uma “greve”. “Foi apenas uma reunião para esclarecer a situação financeira e desportiva do clube. Saímos todos mais otimistas e amanhã já estaremos a trabalhar, para preparar o jogo da Taça da Portugal contra o São João de Ver”, disse Evandro Roncatto à publicação, deixando claro que a principal preocupação dos jogadores prendia-se com o atraso de 10 dias no pagamento do último salário.

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Ora, entretanto, plantel e equipa técnica do Oliveira do Hospital emitiram um comunicado onde também afastam a ideia de greve, mas sublinham que a decisão de não treinar não esteve unicamente relacionada com a ausência do pagamento de salários. “Contrariamente às notícias publicadas em órgãos de comunicação social, todo o plantel e equipa técnica do Futebol Clube de Oliveira do Hospital vem, através do presente comunicado, negar qualquer tipo de ‘greve’ devido ao ‘atraso no pagamento de salários, de cerca de dez dias'”, começa a nota.

“A decisão do plantel e respetiva equipa técnica de não treinar na passada segunda-feira, dia 16, deveu-se a todas as promessas e garantias dadas aos jogadores e equipa técnica, ao longo da época, e que não estavam a ser cumpridas. Toda a decisão do grupo de trabalho foi tomada com base na falta de justificações, da parte da administração da SAD, para o incumprimento das mesmas. Devido à consideração e ao esforço realizado por parte da Direção do Clube, presidida pelo Presidente Mário Brito, não foi uma decisão tomada de ânimo leve”, acrescenta o comunicado, vincando desde logo a distância entre o clube, liderado por Mário Brito, e SAD apresentada em agosto de 2023, que tem João Santos como CEO.

Ao Observador, fonte do Oliveira do Hospital explicou que a decisão de não realizar o treino de segunda-feira esteve relacionada com a inexistência das refeições que estão contratualizadas e que o clube garante aos jogadores em dia de treino. “Não teve nada a ver com os dez dias de atraso, até porque não são dez, são sete. A SAD deu garantias, condições mínimas, que têm acontecido. Incluindo as refeições. E ninguém avisou, ninguém disse nada. Havia jogadores com um ovo cozido no estômago. E o plantel decidiu não treinar”, referiu, sublinhando que o treino que estava marcado para esta terça-feira decorreu sem percalços.

“Houve uma reunião com a direção do clube e não com a SAD. Foi feito um pacto de confiança entre todos, em como não iria haver nenhuma saída para a comunicação social, e depois apareceu isto [notícia do jornal Record]. O plantel sentiu-se ridicularizado porque não é verdade. É impensável algum jogador, alguma pessoa, ir trabalhar sem ter almoçado. Por isso é que não houve treino, não havia condições mínimas. O comunicado foi para explicar o porquê de não ter havido treino, não foi pelo salário. Foi pela ausência de garantias e pela falta de justificação”, acrescentou a fonte ligada ao clube, vincando que a SAD não marcou presença na tal reunião e que o diretor desportivo está “ligado” à sociedade.

Dentro do Oliveira do Hospital, reina a ideia de que ninguém quer “uma guerra aberta” com a SAD, já que o plantel só quer “limpar a própria imagem” e “marcar uma posição para a SAD perceber que não está tudo bem”. “Os jogadores receberam chamadas a dizer que eram parvos, porque não foram treinar com 10 dias de atraso e há quem não receba durante meses, mas foi pela falta de garantias e condições mínimas”, foi referido ao Observador, para além da certeza de que Mário Brito terá garantido “não saber de nada”, mas manter-se ao lado do plantel e da equipa técnica.

O Oliveira do Hospital recebe o São João de Ver no próximo sábado, nos oitavos de final da Taça de Portugal, e tem a possibilidade de fazer história ao chegar pela primeira vez aos quartos de final da competição – um encontro que “não está em questão”. O clube está atualmente no nono e penúltimo lugar da Série B da Liga 3, com 14 pontos em 14 jornadas, e somou duas derrotas nos dois últimos jogos, contra 1.º Dezembro e Caldas. Antes, o Oliveira do Hospital foi o carrasco de João Pereira na despedida do treinador da equipa B do Sporting, já que venceu os leões.