A Universidade de Coimbra vai integrar um projeto europeu de diagnóstico precoce e monitorização da esquizofrenia, que tem como ambição revolucionar o diagnóstico precoce e o tratamento da doença, revelou o estabelecimento de ensino superior.

De acordo com uma nota de imprensa da Universidade de Coimbra (UC), enviada à agência Lusa, o projeto europeu pretende desenvolver ferramentas mais avançadas e económicas para o diagnóstico de esquizofrenia, melhorando a qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares, para além de otimizar as estratégias de tratamento e monitorização desta doença mental.

“Este projeto acaba de receber um financiamento de 8 milhões de euros, no âmbito do programa Horizonte Europa”, acrescenta.

Intitulada Volabios (Validation and Comparative Multi-Omics Benchmarking of Fluid-Derived Volatilomics Biomarkers for the Prevention and Early Detection of Schizophrenia), este projeto de investigação arranca oficialmente a 1 de janeiro de 2025.

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“Tem a ambição de revolucionar o diagnóstico precoce e o tratamento da esquizofrenia, doença mental crónica que afeta aproximadamente 1% da população mundial (cerca de 80 milhões de pessoas) e está entre as 15 principais causas de incapacidade a nível global, reduzindo a esperança de vida em 10-15 anos”, sustenta.

Da Universidade de Coimbra participam no Volabios equipas de investigação coordenadas por Bruno Manadas, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB); Nuno Madeira, do Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da UC, do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) e da Unidade Local de Saúde de Coimbra; e Joel Arrais, do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC).

Ao longo dos quatro anos e meio de duração do projeto, os investigadores deste consórcio multidisciplinar vão “atuar em dois planos distintos”.

“Por um lado, estudando a mecânica molecular da esquizofrenia; e, por outro, utilizando novas tecnologias para facilitar o diagnóstico precoce da doença”, descreve.

Segundo a UC, o projeto vai envolver diferentes abordagens científicas, “integrando ferramentas da espectrometria móvel e inteligência artificial”.

Os investigadores esperam que seja possível “a identificação precisa e rápida de sinais químicos e bioquímicos que servem como biomarcadores para a esquizofrenia, melhorando a precisão do diagnóstico, reduzindo os prazos e abrindo caminho para intervenções mais precoces, uma compreensão mais profunda da doença e melhores resultados para os doentes”.

O projeto será desenvolvido em múltiplas etapas, que “vão da análise retrospetiva de 9 milhões de registos médicos ao estudo clínico de mais de 3 mil doentes (de seis centros médicos de toda a Europa), que serão monitorizados regularmente durante um período de 18 a 36 meses, para avaliar alterações e validar os resultados”.

A investigação na Universidade de Coimbra vai centrar-se particularmente “no recrutamento de doentes para o estudo, assim como na partilha de resultados de proteómica (perfis proteicos em larga escala) no contexto de primeiro episódio psicótico”, explica Bruno Manadas, investigador do CNC-UC.

Em 2029, na conclusão do projeto Volabios, “esperamos apoiar o diagnóstico precoce da esquizofrenia com base em informação molecular, utilizando um painel de biomarcadores que possa ser aplicado com recurso a diferentes tecnologias e inteligência artificial“, conclui o investigador.