Num instante, tudo muda. Neste caso, em três semanas, tudo muda. Há 22 dias, Rui Borges comandou um V. Guimarães que deixou uma excelente imagem na Luz mas acabou por perder pela vantagem mínima frente ao Benfica. Agora, Rui Borges orientou em estreia um Sporting que regressou aos triunfos em Alvalade e ganhou pela primeira vez aos encarnados. Com isso, obteve vários outros “feitos”: recuperou a liderança da Liga, conseguiu o terceiro triunfo consecutivo em casa frente ao rival como não acontecia desde os anos 90 e voltou a bater um adversário direto pelo título como tinha acontecido no início da Liga com o FC Porto.

O dia que mudou uma era e pode ter mudado o trajeto da Liga – outra vez (a crónica do Sporting-Benfica)

No primeiro encontro no comando do Sporting, apenas 72 horas depois da apresentação oficial como novo técnico dos verde e brancos, Rui Borges conseguiu sobretudo “estabilizar” a equipa. Aliás, olhando para aquilo que os leões fizeram na última temporada, as contas são quase as mesmas com o primeiro lugar à 16.ª jornada com o mesmo número de pontos (40), mais golos marcados (44-37) e menos golos consentidos (10-17). No entanto, e apesar de estar apenas no início, o antigo técnico do V. Guimarães já deixou “marca”.

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A frase “Quando faltar a inspiração, que não falte atitude” serviu de mote para uma das várias tarjas que foram levantadas por adeptos leoninos no dérbi. Rui Borges, que ao contrário do que acontecia com Ruben Amorim e João Pereira, foi um dos últimos a chegar ao banco antes do início da partida, cumprimentou o homólogo Bruno Lage e recebeu uma salva de palmas da bancada central nos minutos que antecederam o arranque do dérbi. Nem sempre a postura tranquila que tinha na zona técnica dos minhotos foi mantida, sobretudo na segunda parte, mas o triunfo foi mesmo confirmado, o que motivou uma enorme festa com os adjuntos após o apito final antes de juntar-se aos jogadores na volta olímpica de agradecimento.

“Inspiração e atitude? É um pouco isso. Na primeira parte houve inspiração e atitude, na segunda prendemo-nos um pouco mais a atitude. Na primeira tivemos coesos, não demos chances ao Benfica. As únicas situações que tiveram foram perdas de bola. Podíamos ter feito mais do que um golo por situações claras. Na segunda não entrámos bem, deixámos o Benfica crescer, ganhar confiança, mas depois fomos diluindo essa confiança. A segunda foi mais competitiva e de atitude, menos de inspiração, o que também é normal pelo cansaço. Mesmo assim, nos últimos minutos, com duas ou três transições, podíamos ter matado o jogo. Os jogadores agarraram-se ao resultado, à equipa e saímos com uma vitória justa”, começou por referir Rui Borges na zona de entrevistas rápidas da SportTV, antes de atribuir mérito aos jogadores.

“É mérito deles, não do treinador. Eles é que fazem de nós treinadores. Tiveram capacidade de ouvir para aprender. Disse-lhes que íamos falhar imenso. Lá está, desde que a equipa esteja compacta, junta… Vamos ganhar. Todos eles têm muita qualidade e em cada momento vão aparecer. É mérito dos jogadores. Agarraram-se à ideia. A equipa na primeira parte consegue criar coisas que treinámos em três dias, o que é fabuloso. Sinal que queriam ouvir e ganhar. Deixar uma palavra de apreço aos adeptos, foram fantásticos. É esse o espírito que temos que manter para chegarmos ao fim e sermos campeões”, salientou o técnico.

“Mudança tática? Procurei ser o que somos como equipa técnica. Não fugi muito, já estavam a treinar isso com o mister Amorim. A atacar é um pouco diferente do habitual mas o sistema é apenas um começo. Cada vez vamos ser melhores. Vão acreditar que são bons, porque são, são campeões nacionais. São três pontos importantes. A consequência de ganhar é ser primeiro. Temos que focar no que queremos. Foram só 3 pontos. Na sexta-feira vamos ter um jogo difícil [contra o V. Guimarães], mais difícil do que hoje. Justos vencedores? Claramente, pela capacidade que tivemos na primeira parte e por termos mantido a atitude correta na segunda. O Benfica na primeira parte não fez uma coisa nem outra”, concluiu.