O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, é o novo vice-presidente honorário do Conselho da Diáspora, entidade fundada em 2012 para estreitar as relações entre Portugal e a rede de portugueses espalhados pelo mundo.

Julgo que esta parceria tem pernas para andar tanto mais quanto mais formos claros nas nossas prioridades”, afirmou na declaração inicial que abriu o terceiro encontro anual dos conselheiros, esta terça-feira, em Cascais.

Para o próximo ano, o ministro referiu as quatro prioridades de política externa que podem ser desenvolvidas com a ajuda dos conselheiros. A promoção da língua e cultura portuguesa é a primeira, com o país a precisar de “escalar outra vez a montanha”, que muitas vezes “é a porta de entrada mais fácil para a nossa economia”.

A segunda é o empreendedorismo, a iniciativa, o investimento e o comércio, seguido da utilização plena dos recursos portugueses, com destaque para o mar, ciência e tecnologia e a economia do conhecimento. Por último, Augusto Santos Silva identificou como prioritário o contributo de Portugal como nação global.

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Precisamos cada vez mais de nações globais e de um sentimento patriótico que se construa e desenvolva em conjunto com os outros. Num momento em que a Europa e o mundo são assolados por vagas de nacionalismo e ultranacionalismo, e por hostilidade ao outro, Portugal representa um exemplo positivo, porque se construiu como nação de encontro a outras civilizações”, afirmou.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, há mudanças a fazer na governação da política externa de Portugal, que passam por um maior estreitar da ligação entre o Estado de um lado e as instituições e redes como o Conselho da Diáspora.

“Julgo que há avenidas que podem ser percorridas no reforço da cooperação entre instituições como o Conselho da Diáspora e o Estado, as universidades, terceiro setor, entre outros. A rede que os conselheiros representam é absolutamente instrumental e essencial para esse trabalho de formiguinha, que é preciso ir fazendo para capitalizar o que Portugal tem e a sua influência”, afirmou.

Augusto Santos Silva referiu ainda que é preciso ligar as imagens mais tradicionais da emigração portuguesa com as mais novas, que representam a mobilidade portuguesa. “As nossas comunidades já não são apenas a emigração, aqueles que partiram num certo momento das suas vidas. São também aqueles que estão temporariamente fora, em mobilidade profissional, como estudantes ou voluntários”, disse.

Os 84 conselheiros da diáspora ocupam posições relevantes em organizações empresariais, na cultura, ciência e participação política. Filipe Botton, presidente do conselho, disse no início do terceiro encontro anual que a missão do Conselho é defender e promover a imagem de Portugal no mundo, mas não só. “É preciso trazer novas ideias que contribuam para o desenvolvimento e que tenham um impacto real no progresso de Portugal”, afirmou.

Esta terça-feira, os conselheiros da diáspora debatem dois temas no decorrer do terceiro encontro anual. O primeiro centra-se na empregabilidade das novas gerações e no facto de as instituições do ensino superior estarem (ou não) a responder adequadamente às necessidades do mercado. O segundo passa pela inovação na indústria do audiovisual.