O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou esta terça-feira que o crescimento da economia espanhola, quarta maior da Zona Euro, “poderá chegar aos 2,4 por cento este ano”, quatro décimas mais dos que os 2% previstos até agora.

“Com estas previsões, estaremos claramente em condições de criar mais de 500 mil empregos em 2015”, ou seja “mais de um milhão [de empregos] entre 2014 e 2015”, afirmou hoje Rajoy no debate sobre o Estado da Nação, que se iniciou hoje no Congresso dos Deputados, em Madrid.

A Espanha inverteu, em 2014, uma tendência de cinco anos de recessão ou estagnação, crescendo 1,4%, graças à retoma do consumo, dos investimentos das empresas e do setor da construção civil.

No entanto, Espanha ainda tem uma taxa de desemprego de 23,7%.

O presidente do Governo espanhol traçou como objetivo criar três milhões de empregos na próxima legislatura (ou 500 mil postos de trabalho por ano).

Para Rajoy, se Espanha “for capaz de manter o ritmo de crescimento, e se se cumprirem as previsões de que vai fazê-lo acima dos 2% anuais, podemos dizer que teremos um milhão de empregos líquidos ao alcance da mão, entre o ano passado e este”, sublinhou.

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“Se não deixarmos que as coisas se torçam, podemos criar meio milhão de empregos por ano”, realçou o primeiro-ministro espanhol.

Mariano Rajoy iniciou o seu discurso recordando as prioridades que elegeu no início da sua legislatura, em 2011: parar o desemprego, estimular o crescimento económico e acelerar o regresso à criação de emprego.

No entanto, também recordou que chegou ao poder com a Espanha num “panorama invernal, gélido e desolador” e que os espanhóis pagaram um preço “muito alto” para voltarem a recordar-se de “princípios elementares”.

“Nunca deveriam voltar a esquecer-se: não se gasta o que não se tem, não se deve viver com dinheiro emprestado e temos de contar, com muito tino, tudo aquilo que se pede emprestado”, disse Rajoy, afirmando que o país conseguiu inverter a situação.

Ainda na mesma linha, o presidente do Governo espanhol considerou que a grande medida social da sua legislatura foi ter evitado o resgate a Espanha.

“Espanha é uma nação que saiu do pesadelo e que se resgatou a si mesma”, disse Rajoy, acrescentando que não necessita de “trazer promessas ao Congresso nem acalentar esperanças” porque dispõe de algo melhor, “factos sólidos”.

O discurso de Mariano Rajoy iniciou o 25.º debate sobre o Estado da Nação em Espanha, o último da atual legislatura (haverá eleições gerais em Espanha no final do ano) e o primeiro de Pedro Sánchez como líder da oposição, à frente do PSOE.

À saída para o intervalo – o debate retoma após o almoço – Pedro Sánchez disse aos jornalistas que “hoje à tarde debate-se a Espanha real”, sintetizando a posição de vários representantes da oposição, que criticaram Rajoy afirmando que proferiu um “discurso de fantasia”.

O debate sobre o Estado da Nação é também o “tiro de partida” para um ano de eleições em Espanha, com votações autonómicas, municipais e gerais até final de 2015.