Lisboa, 13 mai (Lusa) – O Ministério Público (MP) abriu um inquérito tutelar educativo aos agressores menores de 16 anos no caso ocorrido na Figueira da Foz e, quanto aos maiores de 16 anos, está a investigar as agressões e divulgação das imagens, revelou hoje o MP.

A Procuradoria-geral da República adiantou à Agência Lusa que “existe um inquérito tutelar educativo no Ministério Público da Figueira da Foz”, quanto aos agressores menores de 16 anos e que “foi também apresentada no Ministério Público, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Comarca de Coimbra, uma participação, relativamente aos maiores de 16 anos, pelas agressões e pela divulgação das imagens, encontrando-se a mesma “em investigação”.

O esclarecimento da PGR surge após a divulgação de com um vídeo que mostra duas adolescentes a agredir um rapaz, na Figueira da Foz, durante cerca de 13 minutos, perante a passividade de outros jovens.

O vídeo já foi visualizado por quase um milhão de pessoas, cerca de 12 horas após a sua divulgação, e suscitou centenas de insultos e comentários de repúdio.

O vídeo, divulgado ao final da tarde de terça-feira na rede social Facebook, tornou-se viral na internet e muitas outras pessoas reclamaram a intervenção das autoridades judiciais, PSP e Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

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Entretanto, a presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Figueira da Foz disse hoje que esta entidade vai averiguar os acontecimentos.

“A CPCJ não tinha conhecimento desta situação e só a conheceu depois de divulgado o vídeo. Vamos averiguar o que aconteceu. Recebemos depois da divulgação do vídeo várias participações, mas faríamos uma averiguação mesmo que isso não tivesse acontecido”, disse à agência Lusa a presidente da CPCJ da Figueira da Foz, Sandra Lopes.

Apesar de ter sido agora divulgado com a informação de que as agressões aconteceram num estabelecimento de ensino da Figueira da Foz, o vídeo terá sido filmado há cerca de um ano, não numa escola, mas na via pública, junto a um complexo residencial do chamado Bairro Novo, zona turística da cidade. Envolve pelo menos cinco raparigas e um rapaz, para além da vítima, outro rapaz, hoje com 17 anos.

No filme, o agredido começa por levar dois estalos dados por uma rapariga, hoje com 15 anos e a principal agressora. Outra rapariga aproxima-se e, incentivada pelas amigas, dá três estalos ao jovem, mas depois recusa continuar e afasta-se, a rir.

O jovem, que ao longo do vídeo quase nunca esboça reação, aparece junto a uma parede, com os braços caídos, mãos atrás das costas. É depois novamente agredido pela primeira rapariga com mais um estalo. A agressora diz: “Isto é força, isto é força? Queres ver com mais força?” e dá um murro e mais seis estalos ao rapaz enquanto as amigas riem.

Até aos oito minutos do filme, a vítima volta a ser alvo da principal agressora.

Já no final do vídeo, o jovem recebe um copo de água da agressora, que, a certa altura, parece preocupar-se com o rapaz: fala com ele, numa conversa inaudível mas, chamada pelas amigas, despede-se com um forte murro.

Os envolvidos nas agressões, alunos de vários estabelecimentos de ensino da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, foram, na sequência da divulgação do vídeo, quase de imediato identificados no Facebook e alvo de insultos. Parte deles apagou as suas páginas nesta rede social.