O PS disse esta terça-feira compreender o protesto dos médicos, que iniciaram uma greve de dois dias, e declarou que quem tem feito greve no setor tem sido o Governo, que tem feito cortes e potenciado um “atraso civilizacional”.

“O PS compreende a indignação dos profissionais de saúde e quer dar uma palavra àqueles que esta terça-feira não fazem greve, como sejam os administrativos, os auxiliares, os enfermeiros, todos os profissionais de saúde que se não fosse o seu esforço diário e a sua abnegação ao serviço público, o serviço público de saúde estaria em muito pior situação”, declarou Álvaro Beleza, do Secretariado Nacional socialista, numa intervenção na sede do partido, em Lisboa.

O dirigente do PS, médico de profissão, advertiu que os cortes “que Governo fez em três anos” no setor da saúde “são o dobro do exigido pela ‘troika'”, e não houve qualquer tipo de “reformas e modernização do sistema de saúde” neste período.

“Aliás, parece que quem tem estado em greve tem sido o Governo, porque é um Governo de reação e não de ação”, advogou Álvaro Beleza, que deu como exemplo a notícia do Diário Económico de hoje onde é revelado que o ministro da Saúde vai transferir para os hospitais uma dotação extra de 300 milhões de euros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os médicos, lembrou ainda o socialista, “têm uma obrigação até histórica”, já que “foram também” eles que ajudaram a fundar o Serviço Nacional de Saúde, e é importante que transmitam aos portugueses o que se passa no setor.

“Este caminho é insuportável, é um atraso civilizacional e os portugueses têm de dizer basta”, reforçou, dizendo ainda que a nível partidário “todo o PS defende o SNS fundado por [António] Arnaut e tem orgulho nele”.

Álvaro Beleza disse ainda aos jornalistas que estará esta tarde – com a sua “bata branca” – presente na manifestação frente ao ministério da Saúde.

“Sou médico, antes de ter funções políticas. Irei à manifestação, como aliás já tenho ido a outras ao longo da minha vida”, declarou.

A publicação do código de conduta ética, a que os médicos chamam “lei da rolha”, a reforma hospitalar, o encerramento e desmantelamento de serviços, a falta de profissionais e de materiais e a atribuição de competências aos médicos, para as quais não estão habilitados, são os principais motivos na base da convocação desta greve.

O protesto, que começou às 00:00 de hoje e decorre até às 24h de quarta-feira, foi convocado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e conta com o apoio da Ordem, de várias associações do setor e também de pensionistas e doentes.

Esta é a segunda greve que o ministro Paulo Macedo enfrenta em dois anos. Ao contrário da greve de 2012, a atual paralisação não tem a participação do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que, no dia em que foi anunciada esta forma de luta, explicou que não aderia.