Em Solo, que vai estar no palco do Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, entre os dias 27 e 29, Teresa Coutinho deixa de andar às voltas, agarra no microfone que guarda no seu íntimo e fala. Diz o que para ali vai, diz o que para ali foi, conta-nos sobre o silêncio que lhe invadiu o crescimento, olha-nos sem pestanejar. À nossa frente, uma mulher completa. Com recurso a duas câmaras em cena — manuseadas por Lúcia Pires e Mariana Guarda, que nunca serão só duas pessoas a filmar —, a criadora e atriz desdobra-se nas várias dimensões do seu ser, costura a sua autobiografia, traumas e olhares. Se em O Eterno Debate se servia da metáfora — através de uma inversão que subjugava o discurso dos homens e o seu tempo de ação — para expor um mundo patriarcal ainda evidente, agora não há cá figuras de estilo.
Nasceu no Porto, em 1988. Fez desporto em criança, por isso, quando via Rosa Mota a correr e a romper a meta, quis ser como ela. Uma mulher a correr podia também servir de resumo para a vida de Teresa Coutinho. A correr por gosto, claro. O teatro surgiu na adolescência, fundou uma companhia amadora com os colegas do secundário chamada A Fazer Cenas e apresentavam espectáculos na Paróquia de Leça. Num primeiro assalto à universidade tentou o jornalismo, onde foi extremamente infeliz. Dois anos depois, foi à procura do lugar que já sabia ser o seu: o teatro. Entre o Porto e Lisboa, formou-se e começou a trabalhar. O resto é o que sabemos: é uma das mais desafiantes criadoras e atrizes do panorama nacional das artes performativas. Ativista pelos direitos das minorias e do setor cultural, coordenadora do Clube dos Poetas Vivos, do Teatro Nacional D. Maria II, sempre pronta a meter o dedo na ferida, sempre pronta para uma boa conversa.
O início deste espectáculo é uma espécie de coreografia de rosto, como se fosse um “date”, em que o público assume o lugar do rosto oposto. O que passa na cabeça de uma mulher num momento como esse. O que está ali em questão?
É engraçado, isso do date… É também isso, mas acho que tem muito a ver com uma ideia de coreografia de modo de estar, que acho que se aprende, que sinto que aprendi muito por ver outras mulheres fazer, por ver no cinema acontecer.
Sim, podia ser uma entrevista, podia ser um casting…
Exatamente. Uma ideia de beleza, uma ideia de elegância que depois tento estilhaçar um bocado, mas no fundo é uma ironia sobre uma forma de estar associada à mulher que acho que vem de uma conceção da beleza e da beleza estar associada a uma certa vergonha, ao silêncio, ao dizer “sim”, a ser ligeiramente subserviente, o trabalho do olhar, todos esses pequenos lugares comuns da sedução que são aprendidos e que ao mesmo tempo nos constrangem profundamente. Uma espécie de prisão que depois queremos deixar de ter. E atenção, não digo isto no abstrato, é uma ironização sobre mim mesma, dei muitas vezes comigo a pensar “deixa lá isso”.
Em momentos semelhantes a esse, na realidade?
Sim, algo como “deixa lá se estás bonita”. De repente pensar, como digo no texto, “liberta aqui, não franzas as sobrancelhas, costas direitas”.
É uma postura que é imposta à mulher?
Imposta pela sociedade, que o cinema explorou imensamente, sobretudo aquele cinema muito glamouroso dos anos 50 e 60. E mesmo mais tarde continua a existir a ideia de que a mulher tem de ser bela de uma determinada maneira. A mulher ter de ser leve, “não sejas tão dura, não sejas pesada”.
Chega a dizer algo como: “Para quê ser leve?”
Sim. “Para que raio ser leve?” A leveza no sentido físico, mas também a leveza no sentido de ter uma opinião, se me exalto um bocado, se sou mais peremptória, alguém pergunta: “Mas estás zangada?”
“Tens mau feitio?”
Ou seja, diz isso, mas diz de maneira mais leve, isto se quiseres ser ouvida.
Isso liga muito com uma micro-cena onde partilha uma experiência com um professor profundamente machista, já em ensino artístico.
Sim e que me diz, “tu és interessante, és bonita, mas não sei, tens muita carga, és pesada, não sei… para a tua idade, sê mais leve, és muito intensa, estás zangada?” Também no ensino artístico não há o apreço por parte de quem ensina da especificidade, por ter à frente alguém que representa 80 coisas diferentes e não uma só. Porque é que a Ifigénia tem de ser leve se vai ser condenada à morte? Uma mulher que é capaz de dizer “eu vou, mas nenhum grego me toca” e há alguém que olha para aquilo e pensa “ah, mas faz-me isto em leve”.
Não é que a autobiografia seja uma novidade no seu trabalho, mas aqui parece-me que se expande, parece que é a Teresa a dizer “agora é que é”.
É muito angustiante, mas sim. Quando fiz O Eterno Debate queria falar de alguns destes assuntos que estão aqui e queria criar um mecanismo que dissesse aquilo que queria dizer sem ser moralista, que tivesse humor. À medida que vou trabalhando, também como atriz, à medida que me vou confrontando com o trabalho de outros criadores, fui pensando: ainda não disse aquilo que queria dizer. Acho que isto é uma fronteira muito difícil e ténue, até que ponto é que se pode ir? Porque não me interessa nada fazer um psicodrama em palco. Sem qualquer tipo de desmerecimento para o trabalho autobiográfico, não é isso. Mas às vezes posso sentir que estou a ir demasiado longe, que o caminho já não é por ali. É por isso que é muito angustiante, até que ponto posso ir na minha história sem expor coisas minhas que também me possam magoar? Para responder à pergunta: sim. Quando comecei, queria fazer uma coisa bastante diferente, em jeito de conferência, tinha ainda muita relação com o John Berger [em 2017 encenou Ways of Looking, a partir de Ways of Seeing, de John Berger, no Teatro Nacional D. Maria II, com o apoio de Guilherme Gomes], com o olhar do espectador, e de repente percebi que não podia estar a falar destas pessoas e destes assuntos sem pensar imediatamente em 800 exemplos que tinha na minha vida e na minha história.
Tinha de posicionar-se.
E comecei a perceber que aquele cliché “quanto mais pessoal, mais universal” muitas vezes é verdadeiro. O que tento fazer aqui é expor-me enquanto criadora, tirar uma série de capas, dizer que a mulher que tem estado a fazer este percurso também é isto.
Diria que isso se relaciona mais com o percurso artístico, com o que a fez chegar até aqui ou com um momento particular da sua vida pessoal? Embora seja sempre muito difícil separar estas duas dimensões.
É isso, é difícil separar, acho que tem a ver com as duas coisas. Nos últimos anos passei por alguns momentos complicados, pessoalmente, e percebi que me faltava revelar com maior exposição o meu trabalho. Percebi que estava a fugir, ao criar estava a fugir desse confronto tremendo com a cara, o corpo, a voz, o olhar para as pessoas. É uma grande vertigem.
Assim sendo, este é um espectáculo onde a Teresa se passou a conhecer melhor? Há essa possibilidade?
Só há essa possibilidade. Sim, passei a conhecer-me melhor. Posso chorar nesta entrevista… Não defini de todo isso à partida, mas quando defini que ia acontecer tudo na primeira pessoa e que ia falar sobre coisas minhas… Claro que é teatro, é ficção, já sabemos, há coisas que não são verdade, mas os pontos que se relacionam com a realidade são muito fortes. De repente, dei por mim a encontrar lugares interiores que estavam por resolver e que achava que tinha arrumado há imenso tempo e que estavam apaziguados. E não estão. E acho que em palco se vê. E esse é um lugar muito bonito do teatro. Aquela coisa de “o teatro é a vida, a vida é o teatro”, que entre nós às vezes dizemos em tom de brincadeira, é mesmo verdade: no palco enfrentamos aquilo que ainda não resolvemos na vida. Isso aconteceu-me, está a acontecer-me. Foi um grande processo de autoconhecimento. Como é que me vejo de fora? Impossível, eu estou dentro.
E nesse caso o título é muito certeiro, ainda que seja um solo a três.
Sim, o título tem muito mais a ver com uma sensação de estar só. Não tenho onde me agarrar. E mesmo assim traio o conceito ligeiramente, porque estou em cena com uma das minhas melhores amigas, a Lúcia [Pires], que é também uma colaboradora com quem trabalho há muito tempo e em quem confio muito, e agora a Mariana [Guarda], em quem também confio, em toda a equipa, na verdade.
Há uma questão que explora muito, a homossexualidade. Fala até de uma relação com um rapaz fictício que nunca existiu.
Falo disso a propósito de uma coisa que a Susan Sontag escreveu no Notas sobre o Camp que é aquele mecanismo que foi usado pelos homossexuais numa determinada altura, uma espécie de estratégia de sobrevivência, inventarem nomes para os seus parceiros e parceiras, nomes que correspondessem a uma relação heterossexual para poderem falar dos seus amores publicamente. No meu caso, fiz isso, sabia lá o que era a Sontag, mas aos 15 anos dizia aos meus pais que ia ter com o Diogo, que ia dormir com o Diogo, e não havia Diogo nenhum. Achei muito interessante falar sobre a homossexualidade, não é tanto uma questão de estar a assumir seja o que for, já fiz isso em tantos sítios, quem tem de saber sabe, tem mais a ver com a questão da mulher e do silêncio. Falo muito da minha avó e do silêncio da dela com a minha mãe — por silêncio também se entenda aquilo que não se pôde dizer porque não houve espaço para ser dito. No caso da minha avó, o silêncio de coisas que ela viveu mas de que não pôde falar, porque nas famílias tudo se sabe mas nunca se diz nada. A homossexualidade serviu-me para ir buscar essa herança do silêncio nas mulheres, de não falar. Felizmente, estamos num momento em que esse silêncio está a ser rompido, nomeadamente em relação aos abusos e aos assédios. O Solo tem a ver com esse silêncio, que pode estar sobre todas as coisas que se fazem.
E que não tem um botão para se desligar.
De todo. E depois, mais tarde, mesmo depois de assumirmos o que quer que seja que provoca o silêncio, ele ainda lá está, é uma luta constante. É por isso que às vezes é tão tremendo quando ouvimos aquelas conversas do “ah, mas que chatice, sempre a reclamarem o espaço e a voz”, quando as pessoas se referem a grupos minoritários. Fomos educados e instruídos no silêncio. E ainda há quem diga “está tudo bem assim, porque isso protege”. O meu silêncio protegia as outras pessoas e punha-as num lugar de conforto. Daí a importância de falar da homossexualidade e do amor no feminino e de como silenciar isso também representa uma morte interna.
Voltemos a O Eterno Debate. Dizia na altura que lhe interessava muito perceber como é que alguns homens menos resolvidos, em confronto com o próprio machismo — com uma autoperceção desse tipo de comportamentos —, lida com a inversão total do que é a sociedade, onde o homem passa a ser quem não tem espaço para falar. Depois do espectáculo, falou com alguns homens sobre isso? Aconteceu?
Sim, conversei com alguns homens da minha família, por exemplo, e tive todo o tipo de reações, desde pessoas que dizem “ai que engraçado, é muito divertido aquela coisa de eles estarem sempre a falar e não dizerem nada”. Há uma espécie de fuga do que está ali a acontecer. Depois tive outras conversas maravilhosas com homens que perceberam e se identificaram. Acho que é importante dizer que há hoje uma reflexão por parte de muitos homens em relação a essas coisas, como cuidar do outro, como não magoar outra pessoa. São questões que têm a ver com a ignorância que todos temos. As pessoas têm muito medo de perder o protagonismo.
Medo de nos sentirmos questionados?
Pois, é uma chatice, não é? Eu, em muitas coisas, reajo, não quero ser questionado. E depois penso: “lá estás tu, aceita”.
Isso é muito evidente, parece-me, na questão do racismo.
Sim, sim, as pessoas têm imenso medo da culpa, a herança da culpa, a culpa é uma coisa terrível. E infelizmente é essa herança cristã e católica que nos impede de perceber que uma coisa é a culpa outra coisa é a responsabilização e a lucidez. Não temos de sentir culpa, mas podemos sentir alguma responsabilidade por aquilo que dizemos. Vivemos na Pólis e aquilo que inscrevemos na Pólis terá sempre um efeito, vai reverberar de uma forma ou de outra. Se percebermos isto em vez de estarmos a pensar em culpa, vamos pensar: “Porque é que eu ajo assim? De onde é que isto vem?” Em relação ao racismo, é muito isso. É muito uma vontade de querer limpar do capote qualquer peso que a história possa ter sobre nós. E não quer dizer que tenhamos de responder por aquilo que pessoas há centenas de anos fizeram, mas é perceber que elas continuam ativas e se hoje existimos podemos agir sobre elas.
Mas tem de existir uma adequação ao presente.
Claro, não sou nada fã do revisionismo, mas se há coisas que ofendem as pessoas, então devem ser revistas e se calhar arquivadas, são arquivo, é importante, mas não têm de estar continuamente a ofender as pessoas que existem hoje. A perspetiva não pode ser só aquela de quem contou a história, de quem pôde contar a história.
Nasceu em 1988. Como é que na infância e na juventude chega uma ideia de teatro?
Nasci no Porto, quis sempre ser atriz, dizia que queria ser atriz, pintora ou maratonista, quando era miúda queria ser a Rosa Mota, é uma das coisas que me lembro de dizer em miúda.
Uma mulher que fez a diferença.
Sim, uma mulher que aparecia a correr e a romper a meta e, portanto, eu queria ser a Rosa Mota. Mais tarde ainda fiz algum desporto, não de alta competição nem nada que se pareça. Inicialmente, acho que ainda veio o desenho e as belas-artes, só depois o teatro, estas duas coisas estiveram sempre a par e passo. Houve uma altura em que tinha muitas dúvidas se iria para pintura ou se iria para teatro. E depois não fui para nada disso. Fui para jornalismo, onde fui muito infeliz.
Porquê?
O jornalismo serviu para uma data de coisas, aliás, hoje também entrevisto pessoas no Clube dos Poetas Vivos, é uma coisa que gosto muito de fazer, entrar no universo dos outros e acho que é uma arte, mesmo, saber ouvir e saber liderar a conversa. Mas fui muito infeliz, não era ali que eu estava bem. Só gostava da disciplina de fotografia e de cinema, onde podíamos fazer umas curtas e assim.
Chegou a terminar a licenciatura?
Não terminei. Fiz teatro amador, amador no sentido de apaixonado, amante, criei uma companhia de teatro amador com outros colegas do décimo ano — chamava-se “A Fazer Cenas” — e fazíamos espectáculos na Paróquia de Leça. O primeiro espectáculo que fizemos foi O Urso, do Tchekhov, em que fiz a viúva. Foi um momento incrível da minha vida porque foi aí que percebi que era aquilo que queria fazer. Há uma gravação disso, eu vejo e penso “meu Deus, quão dramático um espectáculo pode ser”, dramático no pior sentido. Mas, ao mesmo tempo, comovente, até porque foi o único espectáculo que a minha avó viu — a minha avó de quem falo muito no Solo —, veio entregar-me umas flores à boca de cena e disse-me: “Estiveste bem, filha”. Todos esses momentos são marcantes.
Fez um ano de jornalismo, foi isso?
Fiz dois. E depois fui fazer as provas à ESMAE [Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto], fui sozinha, sem dizer a ninguém, e entrei. Queria ter ido para Paris terminar o curso, mas não havia protocolos entre as escolas.
E acabou por concluir a licenciatura em Lisboa, na Escola Superior de Teatro e Cinema.
Exato.
E fica.
Fico a viver em Lisboa. Entro num ano muito curioso, conheci pessoas com quem hoje trabalho muito, Os Possessos, os SillySeason, a malta do Teatro do Eléctrico, no ano logo a seguir ao nosso estava o Teatro da Cidade. Foram anos quentes, com pessoas que saíram de lá com muita vontade de criar e de dizerem por si. Foi muito importante ter passado por essas duas escolas, fui muito feliz no ensino artístico, fui uma aluna um bocado difícil e achava que o ensino artístico não era nada daquilo, ainda acho. Mas tenho um olhar mais realista sobre uma série de contrariedades que existem e que aqueles professores vivem. No Porto, sobretudo, foi mesmo difícil, lembro-me que no segundo ano podíamos fazer um projeto independente e o meu projeto foi contra a escola.
Já na altura era uma pessoa muito reivindicativa. Hoje essa é também uma dimensão muito presente na sua vida?
É verdade. Faz parte de mim porque faz parte do dia-a-dia, o pessoal é realmente político, acredito nisso, portanto não tenho de abdicar dessa dimensão. Inicialmente por mim, depois encontrando lugares de identificação como chegou a ser a Comissão Informal de Artistas e agora a Ação Cooperativista. Neste último caso, acho mesmo que é uma ação que altera as coisas e por ter uma influência na forma como o alto poder vê os trabalhadores e o setor. Por uma questão de trabalho nos últimos meses, não tenho tido muito tempo, é sempre difícil conciliar tudo, a Ação Cooperativista tem essa beleza de ser um lugar muito horizontal onde as pessoas vão estando e voltando e não é tanto sobre quem é que é a Ação Cooperativista, é mais sobre como é que aquele grupo se organiza para garantir que está sempre lá alguém.
Acha que o facto de alguns artistas terem esse papel pode ser prejudicial? Isto é, um apoio estatal pode ficar comprometido por um criador ser também um ativista?
Acho que pode, seria ingénuo dizer o oposto. Os apoios, como as instituições, são nomes que se dão a coisas que são organizadas por pessoas. Seria injusto e desonesto da minha parte dizer que isso me aconteceu, a primeira vez que recebi um apoio foi com o Solo e depois recebi mais três apoios seguidos, é uma coisa muito recente. Não posso dizer que me tenha afetado até porque os apoios apareceram na altura em que estive mais visível nessa reivindicação.
É a coordenadora do Clube dos Poetas Vivos, projeto de poesia do Teatro Nacional D. Maria II. Também escreve?
Escrevo. Há muitos anos, mesmo antes de fazer o clube, algumas pessoas que me liam perguntavam se eu não queria editar. Digo sempre isto: quanto mais se lê, mais pudor se tem. Não dá para desligar, já li o Herberto Hélder, já li a Maria Velho da Costa, já li a Sophia, Louise Glück, para citar uma pessoa recente, a Margarida Vale de Gato. Depois de ler estas pessoas, fico a pensar: o que é que eu tenho para dizer? Mas sim, escrevo, recentemente ponderei enviar, mas não enviei. Acho que mais facilmente pegaria nos meus textos de teatro, para cuidar um bocadinho deles e pô-los disponíveis.
*Esta entrevista foi realizada em junho de 2021, quando a estreia de “Solo” esteve agendada. A primeira data de estreia para o espectáculo foi em maio de 2020 e, depois disso, o mesmo foi adiado várias vezes por questões relacionadas com a Covid-19