O 546.º dia de guerra ficou marcado pela notícia de que o líder do grupo Wagner, o exército privado que combateu durante vários meses na Ucrânia, morreu quando o seu avião privado se despenhou durante uma viagem entre Moscovo e São Petersburgo. Ao longo do último ano Yevgeny Prigozhin tornou-se uma figura de grande destaque — chegou mesmo a ser apontado como um possível sucessor do Presidente russo — e protagonizou há precisamente dois meses uma de rebelião contra as chefias militares russas que levou o Kremlin a afastá-lo para a Bielorrússia.

Estes são os principais acontecimentos em destaque nas últimas horas:

• Os soldados do grupo Wagner gravaram um vídeo na Bielorrússia em que prometem vingar a morte do líder grupo Wagner. “Há muita conversa agora sobre o que o grupo Wagner fará. Podemos dizer apenas uma coisa. Estamos apenas a começar, preparam-se”, avisaram num vídeo partilhado pelo Visegrad24.
• Mykhailo Podolyak, um dos principais conselheiros do Presidente ucraniano, já reagiu às notícias da morte do líder do grupo Wagner. “Vale a pena esperar que o nevoeiro da guerra desapareça. Por enquanto, é óbvio que Putin não perdoa ninguém”, escreveu numa publicação partilhada na rede social X, antigo Twitter.
• Svetlana Tikhanovskaya, a líder da oposição bielorrussa no exílio, disse hoje que “não será sentida a falta” do líder do grupo Wagner na Bielorrússia. “Ele era um assassino e deve ser lembrado como tal”, afirmou, citada pela Sky News.
• Ainda não se sabe o que provocou a queda do avião em que seguia Prigozhin. O Financial Times cita um “responsável ocidental” que diz ter sido informado de que o avião foi abatido pelo sistema de defesa anti-aéreo russo. Uma fonte ligada aos serviços que estão a investigar a queda do avião disse ao jornal RBC que para já estão a ser consideradas todas as possibilidades, incluindo erro do piloto, problemas técnicos e influência externa.
• As forças armadas ucranianas anunciaram que reconquistaram a localidade de Robotyne, localizada na província de Zaporíjia. As declarações surgem num dia em que o Presidente ucraniano reconheceu que a contraofensiva das tropas ucranianas para recuperar o território sob ocupação “é muito complicada” devido à densidade dos campos minados nas linhas de defesa russas.
• O Presidente russo participou esta quarta-feira numa cerimónia de entrega de condecorações a soldados russos na região de Kursk, mas já está de regresso a Moscovo. Vladimir Putin não se pronunciou para já sobre a morte do líder dos Wagner. No Kremlin a postura é semelhante: silêncio total.

• O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, foi questionado pelos jornalistas, em Lake Tahoe, sobre se considerava que Vladimir Putin está por detrás da queda da aeronave. “Não há muito que aconteça que Putin não esteja por trás”, atirou Joe Biden, citado pelo New York Times.

• O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, discursou à distância na cimeira da plataforma da Crimeia. “A Turquia não reconhece a anexação da Crimeia e defendeu sempre, de forma firme, a ilegalidade desta ação desde o início”, garantiu.

João Porfírio é um dos enviados especiais do Observador a Kiev. Esta noite, ao som do hino nacional, o jornalista descreve o ambiente de “pré-festa” na praça Maidan na véspera do Dia da Independêndia.

Ouça aqui o relato de João Porfírio sobre a véspera do Dia da Independência em Kiev.

Ucrânia prepara-se para assinalar o Dia da Independência. “Noite de pré-festa”

Svetlana Tikhanovskaya, a líder da oposição bielorrussa no exílio, disse hoje que “não será sentida a falta” do líder do grupo Wagner na Bielorrússia. “Ele era um assassino e deve ser lembrado como tal”, afirmou, citada pela Sky News.

“A sua morte pode conduzir ao fim da presença do grupo Wagner na Bielorrússia e reduzir a ameaça à nossa nação e países vizinhos”, acrescentou.

De recordar que parte do grupo Wagner se estabeleceu na Bielorrússia depois da rebelião levada a cabo por Prigozhin em junho.

Os soldados do grupo Wagner gravaram um vídeo na Bielorrússia, onde estão instalados neste momento — e prometem vingar-se da morte do líder grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

“Há muita conversa agora sobre o que o grupo Wagner fará. Podemos dizer apenas uma coisa. Estamos apenas a começar, preparem-se”, avisaram.

BREAKING:

Wagner soldiers in Belarus release a statement:

“There’s a lot of talk right now about what the Wagner Group will do. We can tell you one thing. We are getting started, get ready for us.”

pic.twitter.com/nB5Ux4f5xR

— Visegrád 24 (@visegrad24) August 23, 2023

Mykhailo Podolyak, um dos principais conselheiros do Presidente ucraniano, já reagiu às notícias da morte do líder do grupo Wagner. “Vale a pena esperar que o nevoeiro da guerra desapareça. Por enquanto, é óbvio que Putin não perdoa ninguém”, escreveu numa publicação partilhada na rede social X, antigo Twitter.

About Prigozhin: It is worth waiting for the fog of war to disappear… Meanwhile, it is obvious that Putin does not forgive anyone for his own bestial terror. Exactly the one that nullified him in June 2023. And he was waiting for the moment. It is also obvious that Prigozhin…

— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) August 23, 2023

A notícia da morte de Prigozhin não surpreendeu Podolyak, que considera que o Presidente russo esperava apenas o momento certo para agir após a rebelião do grupo Wagner. “É óbvio que Prigozhin assinou a sua sentença de morte no momento em que acreditou nas garantias bizarras do [Presidente bielorrusso] Lukashenko e nas igualmente absurdas ‘palavras de honra’ de Putin”, afirmou.

Para Podolyak a morte de Prigozhin é um “sinal” de Putin dirigido às elites russas antes das eleições presidenciais de 2024 , de que “a deslealdade significa morte”. Aponta que é também uma demonstração para a liderança russa de que não haverá heróis de guerra e que o seu destino será ou “um tribunal ucraniano ou uma bala do FSB”.

Após esta noite ter estado numa cerimónia de entrega de condecorações a soldados russos em Kursk, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, já está em Moscovo.

Nach dem vermeintlichen Tod von Prischogin ist Putin RASEND von Kursk nach Moskau zurückgekehrt❗️

Die Lage ist instabil: Politisch, Wirtschaftlich und Militärisch ❌

Putins Hauptunterstützer sind Hardcore-Nationalisten: Diejenigen, die Prigozhin liebten.

Die Situation kann… pic.twitter.com/9LJoXOhfvW

— DeinUpdate (@DeinUpdate) August 23, 2023

O Presidente russo ainda não reagiu à morte do líder grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

O edifício em São Petersburgo que acolhe a sede do grupo Wagner já foi iluminado — com o símbolo de uma cruz — em homenagem à morte do líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

⚡️#BREAKING Windows in the shape of a cross are now lit at the Wagner Center in St. Petersburg#Wagner #Prigozhin pic.twitter.com/Oe1FeHm761

— The_anonymous_wave (@anonymouswave1) August 23, 2023

Os restos mortais dos dez passageiros que iam a bordo do avião foram encontrados no local do acidente. Com isto, as buscas terminaram, informou a agência Interfax citada pelo jornal Meduza.

O grupo de Telegram Grey Zone, que avançou em primeira mão a morte do líder do grupo Wagner, prestou há minutos homenagem a Dmitry Valeryevich Utkin, número dois da milícia paramilitar.

“Foi e será o comandante permanente do grupo Wagner”, lê-se na publicação, que diz que Dmitry Utkin morreu “em resultado das ações dos traidores da Rússia”.

A Agência Federal de Transportes Aéreos russa publicou a lista de passageiros que iam a bordo do avião e que morreram.

São eles:

• Yevgeny Prigozhin (líder da Wagner)
• Dmitry Utkin (número 2 da Wagner)
• Valeriy Chekalov (associado de Prigozhin na empresa de catering Concorde, sancionado pelos EUA)
• Sergey Propustin
• Evgeniy Makaryan
• Alexander Totmin
• Nikolay Matuseev

Membros da tripulação:

• Aleksei Levshin, comandante
• Rustam Karimo, co-piloto
• Kristina Raspopova, hospedeira

A Agência Federal dos Transportes Aéreos da Rússia, citada pela TASS, acaba de confirmar que Yevgeny Prigozhin estava a bordo ao avião e morreu na sequência do acidente.

O Financial Times cita um “responsável ocidental” que diz ter sido informado de que o avião foi abatido pelo sistema de defesa anti-aéreo russo, embora não tenha ainda confirmação de que Prigozhin esteja a bordo.

“Putin não faz prisioneiros”, acrescentou a mesma fonte.

O grupo de Telegram Grey Zone, próximo da milícia paramilitar Wagner, anunciou a morte de Yevgeny Prigozhin há poucos minutos.

“O líder do grupo Wagner, herói da Rússia, um verdadeiro patriota da pátria morreu em consequência das ações de traidores da Rússia”, lê-se na publicação.

O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, foi questionado pelos jornalistas, em Lake Tahoe, sobre se considerava que Vladimir Putin está por detrás da queda da aeronave.

“Não há muito que aconteça que Putin não esteja por trás”, atirou Joe Biden, citado pelo New York Times.

Ainda assim, o Chefe de Estado disse que não “sabia o suficiente” para avançar com a morte do lídero do grupo Wagner.