Num cenário empresarial que evolui com rapidez e complexidade, a liderança no topo das organizações desempenha um papel crucial na definição da trajetória rumo à inovação e ao crescimento sustentável. Porém, uma variável desafiadora neste contexto é a aversão ao risco intrínseca a líderes mais conservadores, muitas vezes descritos, quanto ao intento estratégico, como gestores “old school”. Como podem as organizações superar essa inércia e abraçar um futuro incerto, mas repleto de oportunidades para explorar?
A aprendizagem organizacional é um imperativo moderno que reclama uma abordagem aberta e experimental. Contudo, líderes com uma mentalidade mais tradicional podem ver esta abordagem como arriscada, preferindo aderir a métodos comprovados e evitar falhas. Esta resistência pode estagnar a evolução da organização. A chave está em equilibrar a sabedoria tradicional com a necessidade de inovação contínua. Mas como podemos incentivar líderes conservadores a valorizar a aprendizagem como uma ferramenta estratégica para o sucesso a longo prazo?
A estratégia de adaptação e coevolução exige uma visão dinâmica e flexível, muitas vezes em contraste com a rigidez de líderes “old school” que valorizam planos estratégicos mais estáticos e previsíveis. A história da Blockbuster, que falhou em se adaptar à emergente era digital, contrasta com a adaptabilidade demonstrada pela Netflix, que transformou o seu modelo de negócios para liderar o mercado de streaming. Como podemos, então, construir pontes entre estes dois mundos, unindo a prudência estratégica com a audácia da inovação?
A liderança adaptativa é o motor que pode impulsionar a transformação organizacional, mas frequentemente encontra obstáculos na aversão ao risco dos líderes tradicionais. Satya Nadella transformou a Microsoft ao abraçar uma cultura de “learn it all” em vez de “know it all”, um contraste marcante com a abordagem mais cautelosa típica da gestão “old school”. Como podemos, então, inspirar os líderes conservadores a abraçar a mudança, reconhecendo que o risco calculado é um componente inevitável e essencial do crescimento e da inovação?
Sob a liderança de Shantanu Narayen, a Adobe é um caso emblemático de liderança adaptativa em ação. Tradicionalmente conhecida pelos seus softwares vendidos em caixa, a Adobe enfrentou o desafio da pirataria e uma mudança nas preferências dos consumidores em direção a soluções mais flexíveis e acessíveis. Narayen liderou a transformação da empresa para um modelo de subscrição baseado na nuvem, iniciando com o Adobe Creative Cloud. Esta mudança não foi apenas uma adaptação ao mercado digital em evolução, mas também uma reimaginação completa do modelo de negócios da empresa. A liderança adaptativa de Narayen não só salvou a Adobe de uma potencial obsolescência mas catapultou a empresa para novos patamares de sucesso e inovação.
A Lego oferece também um exemplo inspirador de nova aprendizagem organizacional. Após enfrentar quase falência no início dos anos 2000, a Lego adotou uma abordagem de aprendizado e inovação que a levou a tornar-se a maior empresa de brinquedos do mundo. A transformação incluiu a colaboração com os fãs para ideias de novos produtos e a diversificação em videojogos, filmes e parques temáticos. A empresa aprendeu a capitalizar a sua base de adeptos dedicada e a explorar novas plataformas e redes sociais para contar histórias e envolver consumidores. Esta abordagem não só revitalizou a marca, mas também ampliou significativamente o seu mercado, mostrando como a aprendizagem organizacional pode levar a inovações disruptivas e a uma nova vida para uma marca tradicional.
Estes dois casos demonstram a importância de lideranças adaptativas que estão dispostas a desafiar o status quo e a reconhecer a necessidade de aprendizagem contínua e inovação. Ambos destacam que, mesmo em indústrias estabelecidas, há espaço para reinvenção e crescimento significativo. Ao abraçar a mudança, as organizações podem superar as limitações impostas por uma mentalidade conservadora e abrir caminho para um futuro de sucesso e inovação. Uma coisa é certa, sem mudança e sem evolução contínua, não temos inovação da gestão nem dos negócios.
A transição para uma estratégia empresarial que abrace a aprendizagem, a adaptação e a liderança adaptativa, num mundo VUCA (o ambiente de negócios contemporâneo caracterizado por quatro componentes principais – Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade), é um desafio significativo, especialmente quando confrontada com a aversão ao risco de líderes mais conservadores.
Contudo, a verdadeira liderança no topo envolve a coragem de olhar além do horizonte conhecido e equilibrar a sabedoria da experiência com a necessidade imperativa de inovação. As organizações que conseguem superar a resistência interna, incentivando todos, independentemente do estilo de liderança, a abraçar a incerteza como uma oportunidade, estarão mais bem posicionadas para definir os contornos do futuro empresarial. Estão as nossas lideranças preparadas para deixar de lado a inércia da gestão “old school” e desbravar corajosamente o novo mundo dos negócios? A capacidade de fazer essa transição não só define o sucesso num ambiente empresarial em constante mudança, mas também determina quem liderará e quem ficará para trás na corrida pelo futuro.