De acordo com a edição de 2020 do EY Attractiveness Survey Portugal, 2019 afigurou-se como um marco histórico para o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em Portugal, confirmando-se a tendência de crescente atratividade do país com o anúncio de 158 novos projetos, a que correspondem mais de 12.000 postos de trabalho.

O inesperado choque abrupto que a Covid-19 causou, quer no lado da procura quer da oferta, em conjunto com as medidas de contenção da pandemia, levaram a que se esteja a desenrolar uma crise económica, que poderá atingir valores sem precedentes (neste momento a estimativa da Comissão Europeia aponta para uma taxa de retração do PIB de 9.8%). Estes choques levaram necessariamente a uma contração nas decisões de IDE anunciados em 2019. No entanto, Portugal apresenta alguns sinais de resiliência, estimando-se que cerca de 20% dos projetos anunciados em 2019 se encontrem em risco, face à média europeia de 35%.

As disrupções que se verificaram nas cadeias de fornecimento globais vieram expor as atuais dependências dos negócios a estes eventos de força maior. Como resultado, indicadores relacionados com a resiliência, capacidade de resposta e flexibilidade de adaptação estão a ganhar cada vez maior relevância nas escolhas dos investidores.

A crise económica originada pela crise sanitária da Covid-19 vem acelerar megatendências globais que serão pilares estruturais em decisões futuras de IDE: digitalização da economia e aceleração tecnológica; maior peso dos temas da sustentabilidade e das alterações climáticas nas decisões de investimento; a reconfiguração e maior proximidade das cadeias de fornecimento.

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Apesar das circunstâncias atuais, Portugal poderá ver a sua atratividade de longo-prazo reforçada, pois a sua localização geográfica, infraestruturas de transporte e digitais, apetência digital da economia e os recursos naturais na área das energias renováveis poderão ser importantes catalisadores do reforço do posicionamento internacional de Portugal para o IDE.

Portugal oferece infraestruturas tecnológicas e de telecomunicações de topo de gama, e um ambiente inovador muito apetecíveis a estes investidores. Um exemplo disso mesmo é a recente classificação de Portugal como um país fortemente inovador, por parte do European Innovation Scoreboard.

Garantir a resiliência do IDE será uma das chaves para a recuperação económica e crescimento futuro. Para tal, os investidores destacam como áreas de foco o investimento na inovação e na indústria tecnológica, a aposta no desenvolvimento da educação e das competências e o desenvolvimento de um enquadramento tributário mais amigo do investimento.

Assim, e de forma a reforçar a sua atratividade neste momento de incerteza, Portugal deverá investir desde já na recuperação económica, mas sem pôr em causa o futuro, abordar proatividade possíveis investidores de forma a apresentar os ativos estruturais do país e a forma como está a lidar com esta crise, investir no talento e na educação, especialmente em skills com elevada procura e reforçar o apoio à tecnologia e à inovação.

Se o conseguir fazer, conjugando isso com a perceção pré Covid-19 que os investidores tinham de que a atratividade de Portugal iria aumentar nos próximos anos, estamos certos de que será possível demonstrar que Portugal está pronto a continuar a receber IDE e a oferecer a resiliência necessária para lidar com estes tempos de incerteza.