Há uma herança partilhada que recebemos das gerações anteriores e que, ainda hoje, está enraizada na forma como muitos encaram e planeiam a sua vida. Falo da definição de sucesso, aquele conceito que os nossos pais, desde cedo, nos transmitiram e nos convenceu de que ser bem-sucedido consiste numa espécie de fórmula matemática: ir estudar, arranjar e manter um bom emprego, casar, ter uma boa casa e eventualmente ter filhos.

Este molde, ainda que distante, faz com que mantenhamos determinadas crenças e atitudes bastante desatualizadas, como considerar que os nossos colegas querem algo do seu emprego que nós queremos também, que todos valorizamos as mesmas coisas ou nos sentimos recompensados da mesma forma. Na mesma linha, assumimos, muitas vezes, que o sucesso profissional significa o mesmo para todos, como atingir objetivos comerciais, ter uma função de destaque, subir na hierarquia ou ser milionário.

Uma das consequências disto é que, enquanto empresas, acabamos por tomar a parte pelo todo, definindo planos de carreira, benefícios extrassalariais e outras políticas sem considerar a individualidade e especificidade de cada um.

A verdade é que, se alguns querem ter vários empregos ao longo da vida, outros preferem trabalhar na mesma empresa a vida toda. Se alguns preferem trabalhar a partir de casa, porque acreditam ter maior qualidade de vida, outros preferem estar sempre no escritório, pois não têm condições em casa ou sentem mais falta do contacto presencial. Cada um de nós tem uma vida, valores e prioridades distintas, e tem também definições de emprego ideal e de sucesso diferentes. E está tudo bem com isso.

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O que não está assim tão bem é o facto de acabarmos por perder muito bom talento por não nos consciencializarmos desta subjetividade e não termos disponibilidade e sensibilidade para ouvirmos e compreendermos as necessidades de cada profissional. Já alguma vez parou para perguntar a cada elemento da sua equipa, da sua empresa, o que espera do seu emprego? O que mais valoriza no seu trabalho? O que mais o motiva ou frustra?

No rescaldo de uma fase de profunda autodescoberta, quer individual, quer coletiva, estas questões são mais importantes do que nunca. Já não somos exatamente quem éramos e, certamente, não somos todos iguais.

As organizações que reconhecerem e interiorizarem estas premissas, que considerarem a experiência do colaborador com a mesma atenção e cuidado que a de um consumidor, e que conseguirem oferecer soluções mais flexíveis e personalizadas, estarão, sem sombra de dúvidas, um passo à frente. E, num cenário de profunda competição como o que vivemos atualmente, todos os passos contam.