Dois portugueses foram premiados com o primeiro lugar, na 26ª edição do prémio jovens cientistas da União Europeia, a decorrer entre 19 e 24 de setembro em Varsóvia, na Polónia.

Os três primeiros prémios, cada um no valor de sete mil euros, foram atribuídos a João Araújo, 16 anos, pelo projeto matemático “uma caracterização natural de semicamadas de bandas retangulares e grupos de expoente dois”, Mariana Garcia, 16 anos, e Matilde Silva, 16 anos, pelo projeto “Caracóis Inteligentes” e Luboš Vozdecký da República Checa por “Fricção Rolante”.

“Com o prémio vou ajudar os meus pais, porque tenho cinco irmãos. E talvez compre um computador novo para mim, para continuar a trabalhar”, afirmou João Araújo, em declarações ao Observador. Atualmente, o jovem vencedor frequenta o 12º ano de escolaridade e ambiciona ingressar, no próximo ano letivo, no curso de engenharia mecânica, no Instituto Superior Técnico de Lisboa. “Conjuga as áreas que eu mais gosto”, explicou, lembrando que já tinha certezas sobre o seu futuro académico desde o segundo ano.

O projeto matemático vencedor surgiu devido à sugestão de “um amigo do pai” para um trabalho da escola, contou. Este foi depois apresentado a alunos de mestrado e doutoramento em matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. E conseguiu o terceiro lugar na mostra nacional de ciência.

Este ano, os segundos prémios foram para a Irlanda, Bulgária e Eslovénia, com projetos no campo da matemática e química. Já os terceiros foram para a Lituânia, Reino Unido e Alemanha.

“A qualidade dos projetos submetidos para esta competição continua a surpreender-me, por isso quero dar os parabéns a todos os participantes. Investigação e inovação nascem de uma diversidade de ideias, então devemos dar a todos os jovens a liberdade de desenvolver as suas ideias e criar. Também temos de trabalhar mais para aumentar a participação feminina na ciência e tecnologia”, afirmou Máire Geoghegan-Quinn, comissária da União Europeia para a investigação, inovação e ciência, na cerimónia de entrega de prémios.

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Ao todo, estiveram a concurso 77 projetos de 36 países, incluindo os estados membro da União Europeia e países parceiros do evento, como os Estados Unidos da América ou a Suíça. O júri do concurso, presidido por Henrik Aronsson, investigador da Universidade de Gotemburgo, era constituído por 18 cientistas internacionais dos mais diversos campos. “Um ambiente verdadeiramente fantástico, com pessoas dos mais diversos backgrounds”, descreveu João Araújo, ao falar do ambiente do evento.

Foram submetidos projetos nos campos da biologia, física, química, computação, ciências sociais, ambiente, matemática, materiais, engenharia e medicina.

Anteriores vencedores deste prémio fizeram carreiras prestigiosas na área da investigação, como por exemplo na agência espacial europeia e no CERN. Um dos vencedores da medalha Fields este ano, Martin Hairer, venceu esta competição em 1991.

O concurso contou com a participação de 110 jovens cientistas, com idades entre os 14 e os 20 anos. O Observador tentou contactar os segundos vencedores portugueses, mas sem sucesso.