Sexo. Há quem pense em fazê-lo a toda a hora. Agora, no caso dos homens, a ciência, ao que parece, já lhes dá um motivo para o tentarem fazer com o maior número de parceiros(as) possível. Ou melhor, pelo menos com 21 ao longo da vida. Se atingir as duas dezenas, saiba então que tem menos 28% de probabilidade de contrair cancro da próstata — em Portugal, aliás, este é o tipo de cancro mais comum nos homens.

Não chega fazer sexo muitas vezes. Nem com a mesma pessoa. Isso não conta. É o que diz um estudo, publicado no Journal Cancer Epidemiology e conduzido por investigadores da Universidade de Montreal, no Canadá, que analisou a associação entre o número e o sexo dos parceiros sexuais e os efeitos que podem ter no diagnóstico de cancro da próstata. Ao que parece, com base nas respostas e experiências de 3208 homens, podem ter alguns. E diferentes.

Se um homem que tem sexo com 21 pessoas reduz a probabilidade de diagnóstico, o contrário acontece no caso de homossexuais — aí, a hipótese de contrair cancro da próstata quase duplica se o indivíduo praticar relações sexuais com mais de duas dezenas de homens. Isto comparado com um homem que nunca tenha tido sexo com outro homem. Porquê? Marie-Elise Parent tem a palavra. “Pode ser devido à maior exposição a doenças sexualmente transmissíveis, ou por a relação sexual anal poder causar um trauma na próstata”, sugeriu ao Daily Telegraph a coordenadora do estudo.

Parent ressalvou, porém, que nesta altura todas as hipóteses são “altamente especulativas”. Como a que presume que “os homens com várias parceiras sexuais tenham mais ejaculações”, sugeriu a investigadora. Ou seja, nada é garantido. Questionada se, com base nas conclusões do estudo, podia aconselhar os homens a tentarem fazer sexo com o maior número possível de mulheres, a investigador apenas respondeu: “Ainda não chegamos a esse ponto.”

Outro dos dados do trabalho apontou que os homens que nunca fizeram sexo tinham o dobro da probabilidade de virem a contrair cancro da próstata, acrescentou o Montreal Gazette. Entre os 3208 que participaram no estudo, 1590 foram diagnosticados com este tipo de cancro entre setembro de 2005 e agosto de 2009, período em que o trabalho foi realizado. “Tivemos a sorte de encontrar tantos participantes que se sentiam confortáveis para falarem da sua sexualidade, independentemente das experiências que tivessem. A abertura provavelmente não seria a mesma há 20 ou 30 anos”, argumentou Marie-Elise Parent.

O grupo de investigadores da Universidade de Montreal já tem hoje mais de quatro mil participantes reunidos para prosseguir com as investigações. O próximo passo é estudar a potencial ligação entre o cancro da próstata e fatores como o stress, o trabalho em horário noturno ou a circuncisão.

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