Dois casais de abutre-preto do Alentejo começaram a nidificar, após várias décadas sem se reproduzir naquela região. Os abutres foram colocados em ninhos artificiais instalados pelo projeto LIFE “Habitat Lince Abutre” e este poderá ser o “primeiro passo no restabelecimento de um núcleo reprodutor” para a espécie em vias de extinção.
“A ocupação destes dois ninhos artificiais representa um sucesso das medidas implementadas no âmbito do projeto LIFE “Habitat Lince Abutre” e um importante marco na conservação do abutre-preto em território nacional”, declarou a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) que confirmou o sucesso de nidificação, após “mais de quarenta anos sem reprodução confirmada a sul do Rio Tejo”.
A nidificação do abutre-preto foi registada numa recente visita aos ninhos artificiais do Concelho de Moura. Foram observados dois casais e um exemplar desta espécie em incubação num dos ninhos e com deposição de “material de revestimento noutro”, o que corresponde ao objetivo de restabelecer uma colónia reprodutora na zona.
“Estes dois casais reprodutores de abutre-preto foram detetados em resultado da monitorização das plataformas artificiais de nidificação efetuadas pela LPN e na sequência do esforço de conservação levado a cabo pelo projeto LIFE, concluída em setembro de 2014”, acrescentou a LPN no comunicado, afirmando que o sucesso da nidificação só foi possível por causa do resultado das medidas implementadas por este projeto. A LPN refere no comunicado que irá continuar a monitorizar os ninhos ocupados pelo abutre-preto nos próximos meses, “tendo permanentemente em atenção a necessária compatibilização com as restantes atividades em curso na propriedade, como sejam a caça, a silvicultura, o ecoturismo ou o usufruto pelas comunidades locais.”
O abutre-preto voltou como reprodutor em 2010, no Tejo Internacional, e estão apenas 13 casais a nidificar em Portugal. Esta nidificação pode tornar-se o”terceiro núcleo reprodutor da espécie no país”.