O projeto é ambicioso. O país liderado por Vladmir Putin pode estar a ponderar a construção de uma “super-autoestrada” de 12.400 milhas (qualquer coisa como 19.995 quilómetros). O objetivo? Ligar o Alaska a Londres.
A ideia do Trans-Eurasian belt Development (TEPR), nome do projeto desenvolvido pelos cientistas russos, é clara: ligar o continente europeu em toda a sua extensão ao continente americano através de uma rede ferroviária futurista de alta velocidade, aproveitando algumas das várias redes de transportes já existentes na Europa e desbravando o solo para construir novas estradas e novas condutas de gás e petróleo.
Os planos de Moscovo, descreve o jornal Siberian Times, passariam por construir novas infraestruturas na região de Chukotka (Rússia) e criar uma ligação que atravessasse o Estreito de Bering (localizado entre ponto extremo oriental do continente asiático e o ponto mais ocidental da América) ao Alasca – o que permitiria fazer viagens por terra da Grã-Bretanha para os EUA através do Túnel da Mancha.
Para já, o projeto, apresentado na reunião da Academia de Ciências da Rússia, ainda não saiu do papel. Nem se sabe se sairá tendo em conta a crise económica que atravessa o país. No entanto, Vladimir Yakunin, presidente da Russian Railways e um dos responsáveis por desenhar a futurista rede de transportes russa, defendeu, durante a apresentação do novo traçado ferroviário, que o projeto era vital para a Rússia: transformaria Moscovo no novo centro do mundo para a criação e desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia, conta o Siberian Times.
“Este projeto é interestadual e intercivilizacional”, começou por dizer Yakunin para depois acrescentar que o objetivo da nova rede de transportes não era apenas o desenvolvimento económico e científico, mas também a evolução moral e espiritual da sociedade.
“[O TEPR] deve ser um alternativa para o modelo atual [neo-liberal], que causou uma crise sistémica. O projeto deve ser orientado para criar uma ‘área futurística’ mundial”, onde os contributos tecnológicos dos vários países se complementem, explicou Yakunin. Os autores do projeto acreditam que pode estar em jogo a criação de 10 a 15 novas indústrias, incontáveis postos de trabalho e, até, novas cidades.
Apesar dos elogios que colheu no meio científico russo a ideia não deixou de levantar interrogações aos investigadores. Desde logo, os custos envolvidos num projeto destas dimensões. Os próprios autores da investigação garantem que para unir o Alaska à cidade londrina seria precisos vários milhões de milhões de dólares.
Uma inevitabilidade reconhecida, de resto, pelo presidente da Academia de Ciências da Rússia, Vladmir Fortov. O russo considerou os planos “muito ambiciosos”, mas certamente “muito dispendiosos”. Ainda assim, Fortov sublinhou as mais-valias que um projeto com estas dimensões traria para a Rússia.
“O projeto vai resolver muitos problemas de desenvolvimento desta vasta região. Está [também] conectado com programas sociais, novas áreas de estudo, novas fontes de energia, entre outras coisas”, afirmou.