O Ministério Público está a investigar o contrato de contrapartidas entre o Governo e a Airbus. De acordo com o jornal Público, Artur Mendes, que era em simultâneo conselheiro de comunicação do ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, e sócio de Miguel Caetano Ramos, neto do fundador do Grupo Salvador Caetano e gestor de topo do grupo, pode ter ajudado a Salvador Caetano a reunir com o Ministério da Economia. Manuel Pinheiro, na altura adjunto do ministro da Economia, fez chegar a informação do interesse da Salvador Caetano à Airbus.

O primeiro contacto entre Governo e Salvador Caetano aconteceu no início de 2012. Estariam presentes Artur Mendes, que também tinha sido consultor de imagem de Passos Coelho, na campanha eleitoral que lhe deu a vitória e o cargo de primeiro-ministro, o ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, Miguel Caetano Ramos, neto do fundador do Grupo Salvador Caetano e Manuel Pinheiro.

Foi aí que a Salvador Caetano apresentou ao ministro um projeto de entrada na atividade da aeronáutica. O grupo pretendia ser um dos beneficiários das contrapartidas devidas pela Airbus Space and Defense, divisão da Airbus responsável pelo desenvolvimento e produção de produtos destinados à aplicação aeroespacial e de defesa. As contrapartidas vinham na sequência da compra, por parte do Estado à Airbus, de 12 aviões C-295, em 2006.

Após um aditamento ao contrato entre Governo e Airbus, o nome da Salvador Caetano não só passou a fazer parte do acordo como passou a ser o maior parceiro. Em setembro de 2012, um mês após o aditamento ao contrato entre Governo e Airbus, foi criada a Salvador Caetano Aeronautics.

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Ao Público, Artur Mendes disse que não se recorda de alguma vez ter participado na reunião. Manuel Pinheiro afirma que foi ali que conheceu o conselheiro de Álvaro Santos Pereira. Há mais contradições. A Airbus explicou ao Público que tomou conhecimento do projeto da Salvador Caetano através de “um pedido do gabinete do ministro da Economia”, onde trabalhava Manuel Pinheiro. Manuel Pinheiro afirma que nunca sugeriu a Salvador Caetano. Por seu turno, a empresa portuguesa diz que se tratou de “uma iniciativa direta da Airbus com a Salvador Caetano, sem qualquer relação com o Governo”. A Airbus insiste que os contactos em relação às contrapartidas eram feitos com o Governo.

O Ministério Público “no Tribunal Administrativo encontra-se a recolher elementos com vista a decidir o procedimento a adotar”, explicou a Procuradoria-Geral da República ao Público.

Em julho de 2011, um mês após a vitória do PSD nas legislativas, a Caetsu, empresa de publicidade do Grupo Salvador Caetano, anunciava nos jornais uma fusão com a E3C, empresa de comunicação de Artur Mendes. A sociedade durou cerca de um ano e foi nessa altura que teve lugar a reunião no Ministério da Economia. Atualmente, Artur Mendes não trabalha para o Governo nem para o grupo. Manuel Pinheiro passou diretamente do Governo para uma das empresas do Grupo Salvador Caetano, onde trabalha atualmente.