O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) revelou esta quarta-feira qual o destino dos cerca de 20 quadros que ainda se mantêm nas ruas da Baixa de Lisboa, ao abrigo da exposição “Coming Out – e se o museu saísse à rua?”. A partir das 10h de 6 de janeiro e até dia 10 do mesmo mês, as réplicas de pintores como Pieter Bruegel ou Vieira Portuense vão ser leiloadas online.
De acordo com o museu, as receitas do leilão, no qual toda a gente pode participar, revertem na totalidade para a aquisição da obra “A Adoração dos Magos“, do pintor Domingos António de Sequeira, que o MNAA está a tentar comprar através de uma iniciativa inédita de angariação de fundos.
A base de licitação para cada quadro é de 100 euros. As cerca de 20 obras que se mantêm nas ruas vão ser recolhidas na noite de 1 de janeiro. Entre 5 e 8 de janeiro, vão poder ser vistas pelos interessados no Palácio do Correio Velho.
O museu espera “que mais nenhuma tela desapareça até ao final da exposição” e gostaria de contar também no leilão com os quatro quadros que foram levados no início do mês para a margem sul por um Robin das Artes, que não quis ser identificado. No entanto, nas paredes do Laranjeiro já só sobrevive uma tela.
“Sobra ‘O Conde de Farrobo'”, confirmou ao Observador o jovem que decidiu tirar quatro quadros do Chiado e levá-los para um bairro menos favorecido, onde a arte não chega. “O Senhor de Noirmont” foi “rasgado por uns miúdos”, contou. O mesmo aconteceu com o “São Damião”, de Bartolomé Bermejo: vandalizado por “um grupo de miúdos de 14 ou 15 anos” e depois levado dali.
“Fiquei triste, esperava que aguentassem mais tempo”, admitiu. A tristeza deve-se ao facto de as obras terem sido estragadas. “Ainda se as levassem… Rasgar por rasgar não percebo”. Finalmente, o quadro “Conversação”, de Pieter de Hooch, descolou-se, caiu e foi levado.
O diretor do museu, António Filipe Pimentel, já tinha dito ao Observador que estava reservada para o final da “Coming Out” uma ideia que poderia fazer com que as pessoas que furtaram as obras das ruas sentissem que deveriam devolvê-las. Quem quiser entregar os quadros desaparecidos e assim ajudar à aquisição da obra “A Adoração dos Magos” pode deixá-los anonimamente na redação do Observador, no número 67 da Rua Luz Soriano, em Lisboa, ou então a partir de dia 4 de janeiro no Palácio do Correio Velho.