“É perfeitamente possível que Bruxelas esteja a tentar tramar o governo português”, escreveu no Facebook, Porfírio Silva, um dos principais conselheiros de António Costa, responsável pelas Relações Internacionais do PS e marido da secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques. “Não vale a pena evitar as palavras”, afirmou.
As declarações surgem no dia em que a Comissão Europeia questionou António Costa sobre por que motivo a previsão de redução do défice estrutural, no esboço do Orçamento do Estado para 2016, é tão baixa face ao que ficou acordado. Numa carta enviada ao Governo – e para a qual quer uma resposta até sexta-feira – avisa que pode exigir uma revisão do Orçamento se este não cumprir com as regras orçamentais.
Na sequência das notícias vindas de Bruxelas, António Costa mostrou-se confiante nas negociações desta “fase técnica” e que não há motivos para antecipar um chumbo do orçamento. “O processo técnico estará concluído até sexta-feira para que a Comissão Europeia possa pronunciar-se com maior celeridade possível. A CE tinha prometido uma reação muito rápida e é um sinal positivo que tivesse pedido tão rapidamente reuniões técnicas de forma a que não se atrase este processo orçamental para recuperarmos o tempo perdido”, explicou.
As declarações de Porfírio Silva não vão pois no mesmo sentido das de Costa. “Vamos ver como prossegue o jogo, mas não é de agora que o barrosismo sobrevivente na Comissão Europeia é um derivado do PPE, o partido da direita europeia que luta pela hegemonia absoluta na UE. Estejamos atentos”, escreveu o dirigente socialista.
Entretanto, várias fontes dos partidos à esquerda que sustentam o Governo, acreditam que António Costa vai enfrentar a pressão da Comissão Europeia, tal como fizeram Espanha, França e Itália – países que viram Bruxelas a ter o mesmo tipo de reação aos rascunhos do orçamento, mas que mantiveram as propostas iniciais.