Os deputados do PS eleitos pelo círculo de Leiria anunciaram esta sexta-feira que enviaram uma recomendação ao Governo no sentido de se “encontrar as condições necessárias para efetuar a requalificação e a modernização da totalidade da linha ferroviária do Oeste”.

Segundo os deputados José Miguel Medeiros, António Sales e Odete João (e João Paulo Correia e Luís Moreira Testa – coordenadores dos parlamentares do PS nas comissões de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa e de Economia, Inovação e Obras Públicas), se a linha for “melhorada” e for “garantida a qualidade da oferta de serviços da CP”, a Linha do Oeste poderá ser “uma alternativa eficaz à utilização de veículo automóvel para a acessibilidade ao litoral Oeste, permitindo-lhe cumprir a sua vocação estruturante e estratégica para o país e a região”.

No documento, os socialistas lembram que “a linha ferroviária do Oeste foi projetada com o objetivo de servir as populações do litoral entre Lisboa e a Figueira da Foz, bem como poder constituir-se como uma alternativa à linha do Norte”, mas “não foi objeto dos investimentos significativos de adequação às necessidades e exigência dos tempos”.

Além disso, “nunca foi realizada a ligação à linha do Norte, conforme previsto inicialmente, nem tão pouco se procedeu à sua eletrificação”.

Os deputados salientam que “a própria administração da CP defende que a Linha do Oeste foi das que teve mais procura nos últimos anos”.

“Aliás, este aumento de procura e de movimento de passageiros resultou de uma simples alteração que conduziu ao reforço do eixo Caldas da Rainha – Coimbra, levando a que a procura tenha tido um acréscimo superior a 150% quando comparado com o ano de 2011. Em termos de receita para a empresa, este aumento foi mais do que proporcional porque anteriormente os comboios dirigiam-se para a estação da Figueira da Foz e agora vão para Coimbra, o que melhora a relação passageiros x quilómetros percorridos”, refere ainda a recomendação.

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Segundo os socialistas, verificou-se uma “redução de custos na linha de 7,3 para 5,7 milhões de euros” e, “ao contrário do que o anterior Governo tentou implementar, [linha] tem procura, tem oferta, precisando contudo da modernização que lhe é devida”, nomeadamente a “eletrificação” e a “instalação de modernos sistemas de telecomunicações e sinalização”.

Além das questões ambientais, uma vez que o comboio é um “meio de transporte menos poluente”, os deputados entendem que as intervenções garantem “uma inequívoca melhoria da segurança, pela eliminação das passagens de nível e a melhoria dos sistemas de sinalização e do próprio material circulante e a existência de uma verdadeira alternativa à Linha do Norte, descongestionando-a e permitindo soluções simples e eficazes nos momentos em que, por razões climatéricas, de acidentes ou de outra natureza, esta se encontre interditada, como acontece várias vezes ao longo do ano, entre Lisboa e o Entroncamento ou mesmo Pombal ou Coimbra”.

Apesar de o Governo prever um investimento na Linha do Oeste de cerca de 107 milhões de euros, os deputados consideram o valor “insuficiente”, “uma vez que deixará sem intervenção o troço Caldas da Rainha-Linha do Norte e, mais grave, sem calendarização e sem projeto de execução”.

“Compreendendo que o investimento previsto nesta fase se concentre no troço Lisboa-Caldas da Rainha, atenta a programação financeira já definida e as limitações orçamentais existentes, considera-se no entanto fundamental que, desde já, se estude e projete todo o percurso da linha até ao entroncamento com a Linha do Norte por forma a garantir a sua inclusão numa próxima fase de programação financeira e calendarização dos investimentos na via-férrea”.